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CORONAVÍRUS | Médicos registram mais de 3 mil denúncias por falta de EPIs em um mês

Conforme os dados disponibilizados pela Associação Médica Brasileira, foram registradas 3.181 denúncias por falta de equipamento de proteção individual para médicos. Se somados os dados com os que foram divulgados pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), que são 4.806, o número de denúncias chega a 7.897.

terça-feira 21 de abril de 2020 | Edição do dia

Imagem: médicos são obrigados a usar sacos de lixo por falta de equipamentos de proteção.

Tais informações, ao mesmo tempo que escancaram o nível de sucateamento do sistema de saúde, promovido principalmente pela extrema-direita, apontam o descaso com aqueles que estão na linha de frente contra o novo coronavírus e também a necessidade de reconversão da produção para que as demandas sociais sejam atendidas.

Os dados apresentados pela Associação Médica Brasileira, que abarcam informações recebidas do período de 19 de março a 20 de abril, trazem à tona mais de 3.181 denúncias de falta de equipamento de proteção individual (EPI’s), essenciais frente ao nível de crise sanitária, na qual há possibilidade do número de contaminados ser 15 vezes maior do que o divulgado. Os mais de 3 mil casos, se somados aos que foram divulgados pelo Cofen, obtidos estes do período entre 13 de março e 16 de abril, exibem um número ainda mais escandaloso, de 7.897 denúncias.

De acordo com as informações do relatório divulgado, 86% das denúncias apontam que não estão sendo disponibilizadas máscaras N95 ou PFF2. Além desse equipamento, faltam também óculos face shield e capotes impermeáveis, que correspondem a 69% e 65% das denúncias, respectivamente, entre outros.

Pensando no papel que os trabalhadores da saúde tem desempenhado para enfrentar o novo covid-19 e o contexto de alta carga viral no qual estão inseridos, é um absurdo que nem o mínimo esteja sendo oferecido para garantir a segurança daqueles que de fato são a linha de frente contra a pandemia. A falta desse tipo de equipamento, escancara o nível de sucateamento em que o sistema de saúde foi submetido , sobretudo, pelos ataques promovidos desde o golpe institucional de 2016 e pela ascensão de Bolsonaro ao cargo da presidência.

Foram anos de desmonte do sistema público de saúde, tendo como o objetivo o favorecimento de grandes empresários, concomitante ao sucateamento da área da pesquisa e ciência, que poderiam conformar, juntos, um combate ainda sólido ao vírus na atual situação que vivemos. No entanto, ao invés de vermos medidas básicas, como a disponibilização de testes massivos para um melhor rastreamento da doença e a ampliação de leitos, Bolsonaro aposta no negacionismo dos impactos da doença, ao mesmo que os governadores, como Doria, têm se limitado às medidas de isolamento social.

No que diz respeito aos estados, o próprio relatório da associação, aponta que São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, registram 375, 181 e 132, respectivamente. Essas informações, reforçam novamente a insuficiência das medidas de isolamento, uma vez que não se oferece sequer o básico para o enfrentamento da crise atual.

Diante do atual contexto, é preciso levantar um programa de esteja de fato à altura das necessidades da população. No caso da falta de equipamentos, primeiramente, é necessária reconversão imediata da produção econômica para a produção dos equipamentos necessários ao campo da saúde, tais como os EPI’s, o que poderia ser feito, por exemplo, pela indústria têxtil. Contudo, essa reconversão, poderia e deveria abarcar a produção de respiradores, essenciais, em alguns casos, para o tratamento da doença.

Além dessas medidas, o colapso do sistema de saúde em alguns pontos do país, mostram a necessidade de ampliação dos leitos hospitalares e a de contratação de mais trabalhadores da área da saúde. Contudo, essa reestruturação do sistema de saúde deve ser feita sob controle daqueles que, de fato, tem enfrentado a crise, que, no caso, são os trabalhadores da saúde, posto que estes têm lidado, exclusivamente, com o descaso do governadores e da presidência.

Outros aspectos devem ser defendidos, como a não demissão em massa, prevista em função da crise econômica atual, concomitante, a disponibilização de testes massivos para toda a população.




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