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NO COMPLEXO DO LINS | “Mataram uma trabalhadora, uma menina doce”: grávida morre após operação da PM no Rio

“Mataram uma trabalhadora, uma menina doce e que estava realizada por ser mãe”, diz a amiga de Kathlen de Oliveira Romeu, assassinada hoje no Rio de Janeiro, no complexo do Lins durante operação ilegal da Polícia Militar. Kathlen, jovem trabalhadora negra, estava grávida de 14 semanas de seu primeiro filho e é mais uma vítima da violência policial que vem aterrorizando comunidades.

terça-feira 8 de junho de 2021 | Edição do dia

A operação ilegal da polícia militar carioca se deu no Complexo do Lins, na Zona Norte da capital fluminense. Após troca de tiros entre a PM e crime organizado, Kathlen foi alvejada e levada ao hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, mas não resistiu e faleceu.

Ao UOL, uma amiga de Kathlen disse: "Uma amiga de infância, que sempre batalhou desde nova, que era orgulho dos pais e estava esperando uma criança. Ninguém aguenta mais essa matança, temos que acabar com essa palhaçada. Mataram uma trabalhadora, uma menina doce e que estava realizada por ser mãe”.

Segundo a secretaria municipal de saúde, “a gestante faleceu logo após chegar ao Hospital Salgado Filho”. A morte de Kathlen se soma às milhares de pessoas que tiveram suas vidas ceifadas pela polícia carioca nesse ano, como foi o caso da chacina do Jacarezinho onde dezenas de pessoas foram mortas em mais uma operação ilegal (as operações em comunidades foram proibidas durante a pandemia pelo STF).

  •  Leia mais: “O Estado e o governo são responsáveis", diz Cacau sobre massacre em Jacarezinho

    Kethlen era vendedora de uma loja de roupas e era também design de interiores. Estava realizada com a gestação de seu primeiro filho, como mostra publicação recente nas redes sociais: “Hoje estou escrevendo esse texto me sentindo muito feliz e preenchida. Obrigada, senhor, por abençoar meu ventre e me permitir gerar o amor da minha vida. Neném, já me sinto pronta pra te receber, te amar e cuidar! Deus nos abençoe”.

    Notícias como essas geram ódio e revolta diante de tamanha barbaridade. Uma jovem com uma vida inteira pela frente, realizada com sua gestação, tem sua vida retirada pela bala de uma operação ilegal da PM, a mesma PM que sucessivamente sai impune de situações como essas. Via de regra, as vítimas possuem cor e classe social muito definidas pela polícia racista.

    A população logo saiu às ruas protestar contra a operação e a violência policial. Durante a tarde e início da noite, manifestantes bloquearam a Estrada Grajaú-Jacarepaguá, que liga a Zona Oeste com a Zona Norte da capital.




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