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ARGENTINA | Massiva e inédita interfaculdades protagoniza um salto no movimento estudantil em Rosário

Mais de mil estudantes encheram a rua em uma assembleia interfaculdades que encabeçou uma imensa manifestação. Hoje, nova assembleia.

sexta-feira 7 de setembro de 2018 | Edição do dia

Pela primeira vez em Rosário, estudantes de todas as casas de estudo se reuniram em uma massiva assembleia interfaculdades na Faculdade de Humanidades e Artes da Universidade Nacional de Rosário. Desde as 17h, em pequenos grupos, foram chegando centenas de estudantes de todas as carreiras, que foram enchendo a rua Entre Ríos, entre Santa Fé e a Córdoba. No momento do início da assembleia, mais de mil estudantes ocupavam a rua.

A assembléia não caiu do céu, foi parte de um inédito movimento estudantil que emergiu do calor do da paralisação de COAD e dos docentes da universidade. Com assembleias, ocupações e mobilizações de milhares de estudantes, um movimento estudantil desde baixo surgiu, dando volume ao conflito universitário e expressando a raiva da juventude frente aos planos de Macri e do FMI.

A convocação a uma assembleia interfaculdades, impulsionada por várias agrupações, entre elas En clave Roja- PTS na Frente de Esquerda, junto ao Partido Operário, MST, Tupac e Novo MAS, foi tomada em suas mãos por centenas de estudantes em cada faculdade. Em efeito, foi votada nada menos que em nove assembleias de base, demonstrando que era uma necessidade e um horizonte para a maioria dos estudantes mobilizados. A busca dessa coordenação desde baixo, claro, foi boicotada pela Franja Morada, agrupação estudantil que transita entre um velho discurso de defesa da universidade pública e apoio ao governo ajustador de Macri. Por isso boicotaram e criminalizaram a paralisação dos docentes.

No entanto, nas assembleias de cada faculdade também se opuseram à interfaculdades agrupações como o Alde e Patria Grande, na Secretaria Geral da FUR, a Mate Cocido, a Evita e as agrupações kirchneristas. Porém, apesar deles, foi votada em uma ou outra assembleia, junto à convocação a uma mobilização posterior com antorchas até o recital de Charly García. Expressava, evidentemente, uma necessidade do movimento estudantil, como se via em Córdoba, Jujuy, Comahue, Mendoza e outras cidades. A auto organização se abre cancha.

De todo modo, quando a interfaculdades já era feita e era assembleia por assembleia, começou uma manobra. A secretaria geral da FUR convocou que cada faculdade saísse da marcha de antorchas, violando no caso o ando das assembleias de base. Eles queriam esvaziar e ignorar a interfaculdades. Mas não puderam.

Dezenas de ativistas, muitos deles muito jovens, começaram a defender o mandato da base, frente ao ALDE e Patria Grande que desprezaram a decisão democrática dos estudantes, apostando para não sair. Em cada toma, em casa grupo de whatsapp, nas redes sociais, ativistas, estudantes e militantes do En Clave Roja, denunciaram isso e ratificaram a convocação, que finalmente foi um sucesso.

A vontade dos estudantes

O conteúdo das intervenções demonstraram não somente a vontade fortalecer a decisão democrática, mas também a importância de se unir aos trabalhadores contra os planos de Macri que não são apenas para o financiamento da educação: são para degradar as condições de vida do povo trabalhador, aumentar as sujeições ao imperialismo, fazer com que cresça o desemprego, o custo de vida, a repressão. Irene Gamboa, a referência do En Clave Roja e Pan y Rosas-PTS na FIT, frente a essa verdadeira espada de Dâmocles, denunciou o rol dos governadores e da burocracia sindical, que contém a luta e dá trégua a um governo que não só afia a espada, mas que dá golpes certeiros nos trabalhadores. E junto a Jazmín Levi, referência na Faculdade de Ciências Políticas, chamaram a derrotar a Macri e seu plano nas ruas.

A interfaculdades votou, nesse sentido, a convocatória a um corte de caminho em apoio aos trabalhadores do Astillero Río Santiago e em repúdio ao crime de Ismael Ramírez, o jovem assassinado em Chaco para 12 de setembro. Além disso, se definiu o apoio à paralisação dos docentes da CTERA para o dia 13. Por último, se convocou uma nova assembléia interfaculdades para essa sexta-feira.

A jornada deixa entre os estudantes alegria e satisfação. A força que estão mostrando os estudantes e que já mostraram as mulheres, expõe a necessidade e a possibilidade de que os trabalhadores quebrem a resistência e a passividade das conduções, para derrotar unidos Macri e seu plano. A força está em cada marcha, em cada assembleia.




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