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LEGALIZAÇÃO DAS DROGAS | Marcha da Maconha cresce e luta pelo fim da guerra às drogas

domingo 24 de maio de 2015 | 08:26

Cerca de 10 mil pessoas foram às ruas de São Paulo neste sábado (23) para participar da Marcha da Maconha em seu oitavo ano, realizada a partir do vão do MASP e que seguiu até o Largo São Francisco, onde foi encerrada com apresentações musicais.

A grande maioria dos manifestantes eram jovens que, usuários da erva ou não, concordavam que sua proibição tem gerado resultados muito mais nefastos que seu uso. Entre os cartazes e reivindicações observadas pelo Esquerda Diário, podíamos perceber que muitos ali não se restringiam à legalização da erva que dá nome ao ato, mas também à outras drogas hoje largamente difundidas, como o LSD e a Cocaína, além daqueles que manifestavam a legalização de todas as drogas.

Organizada para 33 cidades este ano, com um grande número de participantes, a Marcha da Maconha já é uma manifestação consolidada na agenda do país, ocorrendo em oito cidades este fim de semana (São Paulo, Contagem, Vitória, Pelotas, Ilhéus, Santos, Salvador e Fortaleza), e sendo em São Paulo a marcha de maior expressão nacional.

Focada na legalização da produção, circulação e uso de cannabis no Brasil, a Marcha relaciona a luta anti-proibicionista com a campanha contra o genocídio praticado pelas polícias brasileiras ao povo pobre e negro das periferias, onde o tráfico de drogas e a repressão policial deixam um largo rastro de mortos decorrentes da proibição. Com uma faixa abre-alas escrita “Legalize. Em memória aos nossos mortos”, a marcha cumpriu o importante papel de demonstrar que a proibição mata, pois é usada de justificativa para as ocupações policiais das periferias, para os extermínios de negros e pobres, sempre “justificados” pela “relação com o tráfico”, e também para o encarceramento em massa desse povo, enquanto no Brasil a população carcerária de cerca de 716 mil pessoas já é a terceira maior do mundo e que, mesmo assim, ainda circulam propostas de leis reacionárias como a redução da maioridade penal, que busca um fim mais breve ao futuro da juventude.

Cantando palavras de ordem como “Legaliza já, sob o controle de quem planta e vai fumar”, Jéssica Antunes, militante da Juventude às Ruas, declarou ao Esquerda Diário: “Não podemos mais permitir que a hipocrisia da chamada guerra às drogas seja utilizada para oprimir povos ao redor do mundo. É necessário legalizar as drogas para que possamos acabar com os grandes cartéis internacionais que lucram com este mercado, assim como para barrar a repressão e o genocídio.” Por outro lado Virginia Guitzel, do grupo de mulheres Pão e Rosas, complementou: “A proibição incide sobre o direito de autonomia que temos sobre o que fazer com nossos corpos, assim como limita o desenvolvimento de pesquisas sobre os fins recreativos e medicinais das substâncias proibidas.” E concluiu: “A luta pela legalização é urgente e começa a ser forte no Brasil. Temos que quebrar os tabus e discutir isso abertamente. Acredito que seja necessária a legalização imediata de todas as drogas, porém temos que impedir que se formem grandes monopólios empresariais sobre este setor. A produção tem que estar na responsabilidade do Estado, e seu controle nas mãos dos trabalhadores, para que possamos visar o bem-estar das pessoas com o uso saudável das drogas por aqueles que quiserem usar, e não o lucro de alguns poucos donos de empresas privadas que surgirem”.

Leia também a entrevista do Esquerda Diário com Henrique Carneiro, professor da Universidade de São Paulo.




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