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HOUSE OF CARDS BRASIL | Manobras no Conselho de Ética adiam a votação da cassação de Cunha, que no mesmo dia tem sua prisão pedida por Janot

Esta terça-feira, 7 de junho, amanheceu com a possível cassação de Cunha nas capas dos jornais e sites de notícia. Além das matérias que especulavam sobre as possibilidades do Conselho de Ética levar adiante o pedido de cassação de seu mandato, haviam também muitas descrevendo a baixa popularidade de Cunha perante a um amplo setor da sociedade, uma das matérias concluía que a baixa popularidade de Cunha chega a superar a de Collor durante o congelamento das poupanças.

quarta-feira 8 de junho de 2016 | Edição do dia

Cunha conhece muito bem, não apenas sua baixa popularidade, mas também o ódio que despertou nas mulheres, jovens e LGBTs, sendo sempre alvo de manifestações. Mas Cunha também conhece sua própria rede de influências que o levou a ser um dos principais articuladores do golpe institucional, mandando e demandando do alto do posto de presidente da câmera dos deputados. Cunha não está disposto a cumprir o papel de “boi de piranha”, nas palavras de Jucá, tão fácil, e demonstrou hoje que muitos pauzinhos ainda podem ser mexidos para se safar.

A reunião do Conselho de Ética foi interrompida e teve sua votação adiada para quarta-feira devido a ausência de Tira Eron (PRB-BA), única que ainda não havia declarado abertamente seu voto e por isto era decisiva para a votação da cassação. Em sua ausência a contagem de votos seria certamente favorável à Cunha. Se Tira Eron votasse pela cassação, levando o placar para 10 a 10, o presidente do conselho José Carlos Araújo (PR-BA) teria o voto de desempate.

O adiamento aconteceu devido ao pedido de Marcos Rogério (DEM-RO) para colocar uma segunda proposta na mesa, onde, ao invés da cassação, a punição de Cunha seria uma suspensão temporária de três meses. Esta proposta estará também em votação na próxima reunião do conselho na quarta-feira.

Ou seja, trata-se de manobras de todos os lados. Tira Eron se ausenta, permitindo a decisão favorável para Cunha sem se comprometer, do outro lado adia-se a votação para uma segunda chance de punir Cunha, mas agora com uma punição muito mais branda e conciliadora na mesa.

Enquanto isso pelas mãos de Janot, procurador geral da República, foi anunciado o pedido de prisão de Jucá, Sarney, Renan e Cunha. A prisão de Jucá, Sarney e Renan, seriam por obstrução a investigação da Operação Lava-Jato, flagrado nas conversas gravadas pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado. Já Cunha teria sua prisão por atrapalhar as investigações da Operação da Lava-Jato na medida em que mantinha sua influência na câmera mesmo após seu afastamento.

Ainda não é possível saber como o pedido de prisão irá interferir na votação do Conselho de Ética, pois já no final do dia Janot declarava para grande mídia que não há nada confirmado, e se recusou a dar mais informações sobre a decisão anunciada anteriormente. Desta forma ainda não esta certo se tal medida será realmente levada a diante.

Embora siga em aberto a cassação e o pedido de prisão dos políticos do PMDB, a tendência apontada até agora é favorável para Cunha, que poderia já ter se safado na votação do Conselho de Ética caso este não tivesse sido e adiado, e ainda ganhando agora a possibilidade de uma “punição simbólica” muito mais “light” de afastamento temporário. O desinteresse em punir de fato os corruptos, inclusive Cunha que já tem provada factualmente sua culpa no cartório, está cada dia mais evidente. O que realmente está sendo considerado no Conselho de Ética, e pelos demais políticos, é como fazer aparecer para a opinião pública que estão dispostos a punir os corruptos, como Cunha, mesmo que na realidade não estejam. Ou seja, como salvar a todos mantendo a impunidade para assim seguir legitimando o golpe e enaltecendo a Operação Lava-Jato.




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