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RACISMO EUA | Manifestações persistem após acusações contra políciais

Em entrevista coletiva, a procuradora estadual por Baltimore, Marilyn Mosby, afirmou que considera a morte de Gray como um homicídio, provocado por erros durante uma prisão "ilegal".

domingo 3 de maio de 2015 | 00:01

A cidade de Baltimore teve manifestações e comemoração após o anúncio de que os seis policiais serão acusados pela morte do jovem negro Freddie Gray.

Em entrevista coletiva, a procuradora estadual por Baltimore, Marilyn Mosby, afirmou que considera a morte de Gray como um homicídio, provocado por erros durante uma prisão "ilegal".

Um dos agentes envolvidos será acusado de assassinato em segundo grau (a acusação mais grave), enquanto os demais deverão responder por crimes que vão desde homicídio involuntário a ataque, prisão ilegal e descumprimento do dever.

Mosby, que comandou uma investigação independente e examinou as conclusões do próprio Departamento de Polícia de Baltimore, disse que a prisão de Gray, de 25 anos, no dia 12 de abril, não era justificada. Basicamente, o jovem olhou para o grupo de agentes e saiu correndo na sequência.

Apesar de não existirem motivos que permitissem a detenção, Gray foi algemado nos punhos e tornozelos. Depois, colocado em uma viatura para ser levado à delegacia, onde chegou com uma parada cardiorrespiratória.

O agente Caesar Goodson, condutor da viatura, é o acusado por assassinato em segundo grau. Caso condenado, pode receber uma pena de 30 anos de prisão pelo crime.

A suspeita é que os policiais submeteram Gray à prática conhecida como o "passeio do cowboy". Depois de colocarem os presos sem cinto de segurança na parte de trás do veículo, os agentes fazem uma condução perigosa, alternam viradas bruscas e freadas fortes para machucá-los. Por esse motivo, Goodson é o principal acusado da procuradoria.

Gray sofreu uma lesão grave na coluna e foi internado no hospital. Após passar uma semana em coma, não resistiu aos ferimentos e acabou morrendo, apesar de as causas da lesão ainda não terem sido detalhadas.

Além disso, o jovem solicitou atendimento médico várias vezes aos policiais, que negaram os pedidos de primeiros socorros.

Os seis policiais acusados foram colocados em liberdade após o pagamento de fiança, informou o jornal local "The Baltimore Sun".

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama,vem tendo uma posição no mínimo ambígua (seria melhor dizer hipócrita) sobre o caso; Obama disse hoje que é "vital" o esclarecimento da verdade sobre a morte de Gray. No entanto, o presidente dos EUA vem se colocando contra as manifestações e fez declarações de que protestos violentos são injustificáveis”, como se a violência fosse causada pelos manifestantes e não pela polícia estadunidense.

Também contra os protestos Stephanie Rawlings-Blake, prefeita de Baltimore, disse "Ninguém está acima da lei. Ela deve ser aplicada a todos". E foi muito criticada pelos manifestantes ao longo da semana.

O sindicato de policiais, numa manobra para tentar limitar as investigações, quer que a procuradora de Baltimore fique de fora do caso e nomeie "um promotor especial" para garantir a independência do processo. A expectativa é que os advogados de defesa também peçam que o julgamento seja realizado fora da cidade, para garantir um tratamento imparcial do júri; essa pretensa busca por imparcialidade é na verdade a tentativa de evitar que a forte mobilização negra e popular em Baltimore e em todo o país possa se impor e que justiça seja efetivamente feita .

Nesta sexta-feira (1), a população de Baltimore saiu às ruas. Houve carreata e buzinaço, enquanto os veículos blindados da Guarda Nacional se posicionavam para evitar novos tumultos em caso de manifestações espontâneas.

Assim como na quarta-feira e ontem, as marchas de hoje transcorreram de forma pacífica.

O único incidente destacável foi a prisão de um grupo de manifestantes, após não se submeterem ao toque de recolher instaurado na cidade, com início às 22h locais (23h de sexta-feira em Brasília), e ainda em vigor. Cerca de dez pessoas que estavam em frente à prefeitura de Baltimore se negaram a ir para suas casas e acabaram presas.

Durante toda a semana, milhares de manifestantes, tanto em Baltimore como em outras cidades do país, exigiram justiça pela morte de Gray. Além disso, eles pedem mudanças nas leis e políticas que protegem os policiais envolvidos em práticas abusivas. (EFE/Esquerda Diário)




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