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13 de março | Mais uma vez, direção do Metrô de SP colabora com ato da direita pelo Impeachment

Felipe GuarnieriDiretor do Sindicato dos Metroviarios de SP

sexta-feira 11 de março de 2016 | 00:00

Em carta endereçada à metroviários pedindo "compreensão" dos mesmo para enfrentar a crise pela qual diz passar as contas públicas do Estado de São Paulo, além de ataques que atingem diretamente o bolso dos metroviários, como o parcelamento da Participação de Resultados (PR) e suspensão de férias neste primeiro semestre de 2016, o Metrô também cortou a possibilidade de pagamento de hora extra dos metroviários desde o mês de janeiro... Com exceção do próximo domingo (dia 13), do qual será realizado uma manifestação organizada pela direita pró-impeachment chamada pelo grupo "Vem pra Rua", às 15h30, na Avenida Paulista. Neste dia, numa ação desesperada do governador Alckmin, estará liberada oficialmente pelo Metrô a realização da hora extra para os funcionários da operação do Metrô, para "melhor atender" os manifestantes da direita, majoritariamente eleitores do PSDB.

Estes ataques implementados aos metroviários desde janeiro, em nome da crise, vem sendo o não pagamento dos 100% na hora extra, substituindo isso, na prática, por uma espécie de banco de horas, para dar conta do quadro extremamente defasado do cotidiano do Metrô. Entretanto, para colaborar com a manifestação que interessa o Governo Alckmin e o PSDB nacionalmente, o Metrô abriu uma exceção a esse ataque no próximo domingo, e está convocando a categoria a realizar hora extra em todas as estações, para fantasiar um Metrô que só é real nos dias de palanque para o governador. Para o trabalhador de segunda a sexta, deixar uma bilheteria aberta e uma pessoa somente na catraca "é suficiente", diferente do teatro que será armado nesse final de semana.

A manifestação agendada para o domingo que vem, está sendo chamada pelas redes sociais e até mesmo o conhecido Newton Ishii, o "Japonês" da Polícia Federal, que está sempre posicionado quando as câmeras registram os presos da Lava Jato entrando nos carros, está fazendo um chamado à tal manifestação no facebook. Nada mais oportuno para o governador Geraldo Alckmin o fato de beneficiar àqueles que querem a queda da presidente e o afundamento do PT a partir das denúncias da Lava Jato com um Metrô pra "inglês ver", muito diferente da realidade cotidiana dos trabalhadores que utilizam o transporte nos horários de pico durante a semana no Metrô.

Este mesmo governador que pede "compreensão" dos trabalhadores perante à situação de crise, e que joga os custos do ajuste fiscal nas costas dos trabalhadores, agora usa os metroviários para se beneficiar politicamente, e esta não é a primeira vez. Em meio às manifestações de junho de 2013, quando a juventude foi às ruas por melhores condições de vida, a direita que saiu às ruas pelo "Fora Dilma", organizada pela oposição, e também realizou algumas manifestações, e em certas ocasiões os metroviários foram obrigados pela chefia a simplesmente liberar as catracas para estes manifestantes da direita.

Acontecimento este muito diferente do que foi visto em janeiro deste ano, quando após uma manifestação contra o exorbitante aumento das passagens dos transportes ordenado por Alckmin, o Metrô fechou as estações da Avenida Paulista e, ao invés de liberar as catracas para evitar o tumulto e enfrentamento entre usuários e trabalhadores, a empresa forçou os metroviários a confrontar-se com os manifestantes.

Aqueles que hoje fazem um chamado ao ato pró-impeachment contra a presidente Dilma, pedem a prisão do Lula e aplaudem a Lava Jato de Moro, são os mesmos que roubam merendas de crianças nas escolas públicas estaduais geridas pelo PSDB, roubam o dinheiro da população desviando dinheiro de trens superfaturados comprados para o Metrô de SP e posam de "honestos" para a população; ou os mesmos da dita "justiça imparcial", que faz chamado para manifestações da direita. Os metroviários não podem aceitar essa situação!

A política de ajustes fiscais que vem sendo feita, e que hoje ataca a categoria metroviária, passa desde a esfera estadual com os ajustes de Alckmin, até a federal, com os de Dilma. Os ajustes e a corrupção escancarada do petismo no último período, mais abertamente denunciada a partir das denúncias de desvio de dinheiro da Petrobras a partir da Lava Jato, mostra pra população a real faceta destes partidos que em nada estão preocupados em garantir melhores condições pra os trabalhadores, a juventude e o povo pobre.

Acreditar que manifestações como a de domingo, o impeachment, Sergio Moro, a Globo ou PSDB podem apresentar uma transformação no país é uma ilusão a qual não compartilhamos. A única resposta para combater Dilma e o PT, que durante anos fomentou a criação dessa direita conservadora no parlamento, e enriqueceu junto com a corrupção, será através de uma mobilização nacional contra os ajustes, as demissões e a corrupção, lutando para colocar de pé, em base uma luta independente, a construção de uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana para debater os principais problemas do país, os quais só podem ser resolvidos com os trabalhadores a frente lutando pelas suas demandas. Os sindicatos devem lutar por uma Constituinte baseada no sufrágio popular, onde se elejam deputados para discutir essa nova constituição, distinta da constituição de 1988 tutelada pelos militares da ditadura, e que se imponha a revogabilidade de todos os mandatos para evitar a traição do mandato popular. Os metroviários e todos os trabalhadores do país não podem esperar passivamente que os patrões e a justiça resolvam esta crise política em prol de seus interesses.

Os metroviários devem dizer NÃO à hora extra no próximo domingo, dando uma resposta política ao governo do Estado, para mostrar à Alckmin que não serão apoiadores desta manobra de hora extra pra dar melhores condições de transporte aos manifestantes da direita, e que não aceitarão os ataques que estão sendo feitos à categoria, que o governo quer impor nas costas dos trabalhadores para que estes paguem pela crise, seja estes dos tucanos a nível estadual, ou dos petistas a nível federal.




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