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quinta-feira 14 de maio de 2015 | 00:59

Por intermédio do coletivo feminista “Não é Não”, veio a público a denúncia da aluna I.M. da UNESP Araraquara, que relatou agressão sofrida no início do ano pelo seu ex-companheiro L. S. Esse caso entra nas estatísticas de 5 mil por ano, segundo o IPEA, que sofrem violação da sua integridade física e/ou emocional no Brasil. Demonstra que a Lei Maria da Penha não gerou impactos relevantes na redução dos números de agressões e assassinatos de mulheres decorrentes da violência de gênero, o que demonstra as falhas da lei que deveria amparar essas mulheres.

No Brasil, casos de agressões, abortos clandestinos e a terceirização são as principais ações que humilham, matam e escravizam as mulheres. A proibição do aborto e as péssimas condições da saúde fazem com que um exército de mulheres se sujeitem a abortos clandestinos, que é a quinta maior causa de mortalidade materna, fazendo com que mulheres da classe trabalhadora se submetam a enormes filas para ter acesso a procedimentos e exames básicos para a saúde da mulher. Em concomitância, o ensino nas escolas que não aborda a história das lutas e questões de gênero e nem da sexualidade da mulher.

O discurso de regulamentação da terceirização posto por Dilma, numa tentativa de apaziguar os ânimos em relação ao projeto de lei da terceirização – o PL 4330 – procura justificar as políticas trabalhistas do PT dos últimos 12 anos, por trás das quais a despeito dos alardeados dados referentes à redução contínua da taxa de desemprego, residem péssimas condições de trabalho e ataques aos direitos conquistados. De 2005 a 2013 a terceirização triplicou no Brasil: em 2005, eram 4 milhões de terceirizados; em 2013, 12,5 milhões. O aumento da precarização das condições de trabalho e a abertura da crise econômica de 2008 levaram a ataques intensos aos direitos das mulheres.

Essa forma de trabalho semi-escravo retira diretos trabalhistas antes conquistados e é instrumentalizada de maneira abrangente, abarcando um exército de mulheres (principalmente mulheres negras), negros, travestis, transexuais e transgêneros, que são utilizados por sua condição de marginalidade imposta pela opressão e submetidos às piores condições de trabalho, atacando a classe de conjunto, na perspectiva de se aumentarem dos lucros das grandes corporações.

Os casos dessa aluna, de Jandira, Cláudia e tantas outras demonstram que não basta uma mulher presidente para fazer avançarem as pautas dos setores historicamente oprimidos.

Na universidade pública a realidade não difere. Nela, mesmo antes do PL, os serviços de limpeza já estavam terceirizados, dividindo entre trabalhadores efetivos e terceirizados. Para os estudantes, a ausência de políticas de permanência efetivas impõe à diversas mulheres, todos os anos, a submissão à processos seletivos trotistas/opressores em repúblicas. Em 2010, em Araraquara, durante o torneio INTERUNESP, ocorreu o “Rodeio das Gordas” aonde alunos subiam em mulheres gordas, tentando permanecer o máximo de tempo possível para assim serem premiados. Esses alunos foram suspensos por três dias, nos três primeiros dias de aula. Recentemente, a USP suspendeu por três meses um aluno que estuprou três estudantes. Em Jaboticabal, a direção local tentou abafar o linchamento homofóbico que sofreu um ingressante em 2014, nem chegando a averiguar o caso. Enquanto isso, os alunos que se colocaram em luta por permanência estudantil e questionaram a suposta “crise orçamentária” das reitorias, para que essas mulheres que estão na universidade possam ter suporte econômico, ou seja, permanência, foram sumariamente suspensos por 180 dias. A direção e a reitoria trabalham em conjunto, respaldados numa estrutura de poder antidemocrática, onde os estudantes e funcionários tem apenas 30% de voz nas decisões da Universidade!

Segundo Beatriz Gonçalves, militante da Juventude às Ruas, "em contexto de crise do capitalismo, os direitos das mulheres são os primeiros a serem rifados e na universidade temos os exemplos do fechamento das creches da USP. Casos recentes como os estupros dentro da faculdade de medicina demonstram o papel da burocracia universitária da USP e como ela não está longe do papel que a burocracia da UNESP cumpre. Na tentativa de silenciar as denúncias, as universidades cumprem o papel de co-autor dessas violências e, por isso mesmo, somente com a construção de espaços de organização independente estudantil poderemos dar saída. Por isso a construção, via assembleias, de comissões independentes de mulheres estudantes, trabalhadoras e professoras para averiguar e julgar casos com o voto universal e pressionar a universidade para tomar medidas cabíveis. Essa luta deve se vincular a uma luta mais ampla pelo sufrágio universal dentro da universidade, somente com a construção desse governo de 3 setores poderemos de fato dar voz aos oprimidos. Atrelar isso a construção de atividades no dia a dia para construirmos desde já a auto-organização, por isso convido a todos às atividades do Coletivo Não é Não na Faculdade de Ciências e Letras da UNESP de Araraquara: Cine debate com o filme “A Fonte das Mulheres”, no dia 13 de maio às 14h; oficina de autodefesa de mulheres (atividade somente para mulheres), no dia 14 de maio às 14h; e roda de conversa sobre ’violência contra a mulher’ com integrantes do Pão e Rosas, dia 19 de maio às 14h”.

Qualquer dúvida acessem a página no facebook: https://www.facebook.com/coletivonaoenao?fref=ts




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