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DEMISSÕES CSN CONGONHAS/MG | Mais 700 trabalhadores correm o risco de perder seus empregos

Flavia ValleProfessora, Minas Gerais

quinta-feira 11 de fevereiro de 2016 | 00:05

Já são ao menos 250 demitidos da CSN/Namisa na cidade de Congonhas, Minas Gerais. Nessa cidade mineradora, conhecida também pelas imagens dos profetas, hoje corroídos pela poluição causada pelas empresas, trabalhadores e moradores ficam reféns das decisões de uma das maiores empresas nacional, privatizada em 1993. As demissões podem chegar em até 950 trabalhadores, segundo dirigentes do Sindicato Metabase Inconfidentes, filiado à CSP-Conlutas.

O anúncio das demissões foi feito pela empresa em reunião com o sindicato dia 11 de janeiro, sendo que dessas cerca de 250 trabalhadores já foram demitidos apenas na Casa de Pedra e na Nacional Minérios S/A (Namisa), empresa controlada pela CSN. O anúncio das demissões é sobre os trabalhadores efetivos da empresa, sendo que entre terceirizados tendem a haver ainda mais demissões. A empresa na região conta com cerca de 4500 trabalhadores efetivos e mais 3000 terceirizados.

Congonhas é praticamente cercada por barragens de rejeitos da mineração sendo as principais da CSN. A Mina Casa de Pedra é composta por um complexo que abriga dez barragens e a CSN diz querer aumentar a altura de uma delas, gerando ainda mais insegurança na população. Assim, a mesma empresa que demite centenas de mineiros é a que caminha pra manter ou aumentar a produção enquanto corta postos de trabalho, mostrando que o que move seus interesses são os lucros dos empresários e capitalistas e não os interesses dos trabalhadores e do povo.

A empresa alega que a desvalorização do minério de ferro junto à baixa na demanda dos setores automotivos e de linha branca teriam afetado o caixa da empresa que acumula hoje uma dívida de R$22 bilhões, seis vezes sua geração de caixa, o que seria o dobro que investidores consideram saudável para manter os lucros capitalistas de uma empresa. Segundo diretor do Sindicato Metabase Inconfidentes, Ivan Targino, a CSN acumulou 25 bilhões de lucro líquido desde sua privatização, em 1993, até os dias atuais.

Um ato na cidade aconteceu no dia 18 de janeiro e no início desse mês de fevereiro duas audiências públicas estavam marcadas, na Justiça do Trabalho da cidade de Congonhas e no Ministério Público do Trabalho na capital mineira, Belo Horizonte, ao redor de representações jurídicas movidas pelo sindicato contra as demissões e pela reintegração dos trabalhadores que já foram demitidos.

A CSN gerou lucros enormes para os empresários desde a época de sua privatização e que hoje a perda de caixa está sendo respondida com uma grande reestruturação que recai sobre as costas dos trabalhadores e dos moradores da região com as demissões. A perda de caixa é apenas mais uma forma dos empresários garantirem seus próprios lucros, nem que para isso retirem postos de trabalho e direitos dos trabalhadores.

Apenas a mobilização independente dos trabalhadores pode reverter tamanho ataque dos empresários contra os trabalhadores e a população das cidades mineradoras para impedir as demissões e o domínio das empresas mineradoras sobre a região, causa de tragédias históricas como a de Mariana.

Uma ampla campanha de partidos de esquerda, sindicatos e associações de moradores contra as demissões e os planos de reestruturação produtiva nos setores siderúrgicos e de mineração e pela reestatização das empresas privatizadas como a Vale e a CSN, sob controle dos trabalhadores, pode fortalecer uma saída operário e popular, lutando pela redução da jornada sem redução dos salários para que todos os trabalhadores mantenham seus postos de trabalho sem arcar com a sede de lucro dos capitalistas.




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