sexta-feira 17 de abril de 2015 | 00:00
Na noite de quarta-feira (15), os pais do menino Eduardo de Jesus, José Maria e Therezinha de Jesus, acompanhados de suas duas filhas, retornaram da cidade de Corrente, Sul do Piauí, onde Eduardo foi enterrado, para novos depoimentos. Vestidos com camisetas que tinham a foto de Eduardo estampada, foram direto para a Delegacia de Homicídios na Barra da Tijuca.
Therezinha de Jesus afirmou ser capaz de reconhecer o policial que matou seu filho. Disse que discutiu com ele no momento após os disparos que mataram Eduardo e ouviu do policial: “já que matei o menino posso matar a mãe também”.
Therezinha, assim como vizinhos, afirma que no momento não ocorria trocas de tiros entre traficantes e policias.
O defensor público Fábio Amado, que assiste à família de Eduardo de Jesus, disse ter constatado contradições entre os fatos ocorridos e as declarações dos PMs.
Apesar do cansaço e sofrimento, Therezinha de Jesus, assim como centenas de mulheres mães de crianças e jovens assassinados pela polícia e em conflitos entre polícia e tráfico nas favelas, demonstra tamanha força e exige justiça para seu filho Eduardo.
“Sou a principal testemunha do crime e faço questão de participar para poder ajudar a fazer justiça pela morte do meu filho. Não me calei e não vou me calar. Teve muita gente que perdeu a sua vida no Alemão e não teve justiça, mas não vou deixar isso acontecer com o meu filho. Esse crime não vai ficar impune porque não vou deixar”, disse Terezinha Ferreira.
A mãe do menino Eduardo entre outros familiares participarão da reconstituição do crime que está prevista para hoje (17) no período da tarde.
Depoimento de líder do Afroreggae causa revolta
Diante do depoimento publicado nas redes sociais de José Júnior, fundador da ONG Afroreggae, em que dizia que Eduardo “segundo informações era bandido”, Therezinha disse que vai processá-lo.
"Quero mandar um recado para o José Junior, que disse que meu filho é bandido. Bandido é ele. Meu filho estudava e participava de projetos da escola. Nunca se envolveu com o tráfico. Ele era muito bom. Bandido não estuda e não tira nota dez. Ele disse também que meu marido mexia com coisa errada, só que meu marido trabalhava com carteira assinada. Vou processá-lo por isso", disse Terezinha.
Morte de Eduardo motivou várias manifestações e reabriu debate sobre violência policial
A morte do menino Eduardo em uma semana que a Polícia do Rio de Janeiro assassinou quatro moradores somente no Complexo do Alemão motivou diversas manifestações que exigiam justiça, o portal Esquerda Diário esteve presente nestas manifestações, tanto no Complexo do Alemão como naZona Sul.
A impunidade dos policiais assassinos neste caso e outros, bem como a desculpa da guerra às drogas na repressão e assassinato de pobres e negros também se refletiu em umartigo de opinião neste mesmo portal.
