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I CONFERÊNCIA NACIONAL DO MRT | MRT propõe um plano de luta contra o impeachment e os ataques do governo do PT

Em sua I Conferência Nacional nos dias 26 e 27 de março, o MRT votou aprofundar a campanha por uma resposta independente que seja uma saída pela esquerda para a crise, para derrotar a direita em seus diversos golpes institucionais em curso, mas também os ataques do governo do PT e todos os que querem fazer os trabalhadores e a juventude pagarem pela crise

terça-feira 29 de março de 2016 | Edição do dia

Na mesa estão: Claudionor Brandão, diretor do SINTUSP e demitido político, Danilo Magrão, diretor de oposição pelo Professores pela Base na APEOESP, Carolina (Cacau), professora em greve do Rio de Janeiro e estudante de Serviço Social em greve na UERJ, Diana Assunção, dirigente do MRT e diretora do SINTUSP, Felipe Guarnieri, delegado sindical e membro da CIPA na linha 1 azul do metrô e Jéssica, diretora do CAELL (Centro Acadêmico de Letras da USP).

Uma Conferência que expressou o novo momento do MRT

Com 62 delegados e cerca de 200 militantes presentes, representando a militância de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Distrito Federal, o MRT realizou sua I Conferência Nacional no último fim de semana.

As delegações representaram trabalhadores da USP, incluindo diretores do Sintusp, metroviários, professores, bancários, petroleiros, ecetistas, aeroviários, metalúrgicos, gráficos, alimentação e outras categorias. Por parte da juventude, se expressou os importantes avanços com fortes representações de várias universidades do país, incluindo das entidades que compomos junto a independentes como o CA de Letras e do CA de Pedagogia da USP, do CACH da Unicamp, do CASS da UERJ e outras, além de um setor novo de secundaristas. Todo este acúmulo está a serviço da construção de uma nova juventude anticapitalista e revolucionária, que será lançada neste 2 de abril.

A Conferência se realizou num contexto em que o MRT vem de um ano onde teve um avanço qualitativo com o Esquerda Diário e com a campanha pela entrada do MRT no PSOL que localizou num patamar distinto nossa organização nacionalmente e com intervenções exemplares na luta de classes como na luta dos secundaristas de 2015 e na MABE.

Esteve presente na Conferência Fredy Lizarrague, da direção nacional do PTS, partido irmão do MRT na Argentina, que esteve presente devido a importância do Brasil para a dinâmica latino-americana. Trouxe a posição dos dois principais partidos da esquerda argentina que compõe a Frente de Esquerda e dos Trabalhadores (FIT na sigla em espanhol) contrário aos golpes institucionais em curso. Além disso, trouxe lições que podem ser tiradas deste país onde o PTS se transformou numa experiência de esquerda revolucionária com inserção orgânica na classe trabalhadora e na juventude e através disso também no terreno eleitoral, sendo hoje a principal referência da esquerda no país.

Uma batalha para que sejam os capitalistas que paguem pela crise, derrotando todos os golpes institucionais em curso

A Conferência avaliou que estamos em meio a um momento histórico no país, marcados por uma crise econômica e política profunda, que vai além de uma crise no governo e atinge o regime político, que vai marcar a situação nacional por anos e a própria esquerda.

Debatemos como aprofundar nossa batalha para que a crise, que tem uma grande responsabilidade do PT por ter aberto o caminho para o fortalecimento da direita que hoje sai às ruas e polariza o país, seja resolvida pela esquerda, partindo de barrar as saídas capitalistas que são apresentadas para que sejam os trabalhadores e a juventude que paguem pela crise.

A primeira saída reacionária é a do impeachment, que quer impor um governo ainda mais duro contra os trabalhadores e a juventude, através de um punhado de parlamentares corruptos e reacionários que querem tirar Dilma.

A segunda saída é a que encabeça Sérgio Moro, que com a Lava Jato tenta fortalecer as instituições do poder judiciário (como a PF e o Ministério Público) para tentar revigorar o regime em crise com o objetivo de legitimar maiores ataques contra a classe trabalhadora e a juventude e uma maior entrega dos recursos naturais do país ao capital estrangeiro. Através do judiciário, querem alimentar a saída do impeachment ou fortalecer outros golpes institucionais como a cassação da chapa Dilma-Temer pelo TSE ou outras manobras judiciais reacionárias. A Rede, partido de Marina Silva, além de apoiar a cassação da chapa Dilma-Temer pelo TSE, propõe uma emenda constitucional para implementar um plebiscito popular especificamente destinado à revogação de mandatos, um outro tipo de golpe como explicamos nesse artigo.

A terceira saída para a crise é a busca de um governo Dilma-Lula, que longe de dar a tão esperada por uma base histórica petista “guinada à esquerda”, já deu mostras claras de que responde à pressão girando à direita, aprofundando a “democracia dos subornos e cargos” e prometendo mais ataques aos trabalhadores e a juventude, se apoiando como sempre em seu controle sobre os sindicatos. São 3 saídas capitalistas que querem fazer a situação do Brasil girar a direita, acompanhando os últimos triunfos recentes da direita na América do Sul, fruto também da pressão imperialista.

PSOL e PSTU se alinham atrás da superstição da Lava Jato e de que Moro pode revolver o solo da corrupção burguesa, ou revestidos da política de "Fora Todos" e "Eleições Gerais", uma verborragia que termina representando a política de impeachment da direita, quando é necessário unir forças para exigir das direções burocráticas que rompam sua colaboração com o governo e encabecem uma luta séria contra os ajustes, sem a qual é impossível lutar seriamente contra o impeachment.

Não podemos deixar que o rechaço ao golpismo institucional seja utilizado para fortalecer o governo Lula-Dilma

Avaliamos que apesar do fenômeno novo de marchas de direita reacionárias, a ofensiva do golpe institucional gerou uma reação no conjunto da sociedade, que se manifestou em parte nas ruas no dia 18 convocado pelo governismo, mas que não foram ali meramente para apoiar Dilma e Lula, mas criticamente ao seu governo, mas vendo a ameaça clara da direita avançar ainda mais no país. O PT está utilizando esse sentimento progressista contra a ofensiva da direita para legitimar o governo de Dilma e Lula, impedido que os sindicatos e entidades populares lutem de forma independente contra os ataques que estão em curso.

Debatemos que os setores que se colocam contra o golpismo institucional da direita e são críticos ao PT, apoiados na força da luta da juventude como os secundaristas de São Paulo, assim como na força dos trabalhadores que veem protagonizando importantes lutas de resistência, está a base de milhões que pode impedir que essa crise seja capitalizada pela direita e possa abrir espaço para a construção de uma forte organização revolucionária nacional.

Chamamos um plano de luta contra o impeachment, as manobras reacionárias do judiciário e os ataques do governo do PT

Votamos aprofundar a batalha que já viemos dando em locais de trabalho e estudo para colocar de pé um grande plano de luta contra o impeachment, as manobras reacionárias do judiciário como a da cassação pelo TSE da chapa Dilma e Temer, e contra os ataques do governo do PT e todos os governos.

Para isso, vamos batalhar em todas as assembleias de base, criando comitês de base onde for possível, na CSP-Conlutas e todas as entidades, para trabalhar sobre as bases das grandes centrais sindicais governistas como a CUT e a CTB, além das entidades estudantis, para obrigar que rompam sua subordinação ao governo e convoquem assembleias de base e um plano de lutas que combine paralisações, manifestações e que culmine numa greve geral para barrar os golpes institucionais reacionários, os ataques às condições de vida dos trabalhadores e da juventude por parte dos governos, em particular do PT, e abra caminho para uma resposta efetiva para a crise que vivemos no país.

Neste sentido, votamos todo apoio às greves no Rio de Janeiro, que hoje são o elemento mais avançado da luta de classes no país, com ocupações de escolas pelos secundaristas e a greve dos professores estaduais.

Não podemos ter nenhuma confiança em que Dilma, Lula e a burocracia são alternativa na luta contra a direita, somente a força dos trabalhadores e da juventude, obrigando a que os grandes sindicatos se mobilizem, pode dar uma resposta à crise que seja independente da direita e do governo federal.

Com uma mobilização desse tipo poderemos combater os cortes que vem sendo realizados nos gastos com saúde, educação, transportes, enquanto mantém os privilégios dos políticos e os altíssimos gastos com as Olimpíadas. Podemos combater as demissões, que já afetam fortemente a indústria e em especial a juventude, batalhando pela divisão das horas de trabalho pela força de trabalho disponível para trabalhar para acabar com o desemprego. Reajuste automático de salário de acordo com a inflação para impedir a desvalorização. Medidas como essa podem ser garantidas a partir de colocar fim imediatamente ao pagamento da dívida pública, uma fraude que desvia quase metade do orçamento federal aos banqueiros.

Por uma Assembleia Constituinte imposta pela força da mobilização

Uma resposta de fundo para a crise que vivemos no Brasil passar por responder a problemas estruturais. Para nós do MRT, estes problemas só podem ser resolvidos por um governo dos trabalhadores baseado em organismos democráticos de massa e que exproprie a burguesia, rompa todos os laços de subordinação com o imperialismo e termine com esta sociedade capitalista de exploração e opressão.

Mas sabemos que a maioria ainda não concorda com essa perspectiva e isso não impede que estejamos lado a lado na luta em defesa de cada direito democrático, mas batalhando para ir além da defesa dessa democracia dos ricos que querem atacar retirando ainda mais direitos democráticos e atacando as condições de vida.
Para nós esse plano de luta contra os golpes institucionais e os ajustes tem que ser forte o suficiente para impor uma Assembléia Constituinte Livre e Soberana que ataque a corrupção pela raiz, que faça os capitalistas pagarem pela crise e enfrente os problemas estruturais do país.

Novas orientações a serviço dessa perspectiva

Para fortalecer essa perspectiva, como expressamos em outros artigos do Esquerda Diário, votamos na Conferência fazer uma nova revolução no Esquerda Diário, lançar uma grande juventude nacional de centenas e fortalecer o trabalho no movimento operário, tarefas para as quais chamamos todos a fazer parte.




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