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ELEIÇÕES 2018 | MRT lançará candidaturas em São Paulo dia 18 de agosto

Conversamos com os pré-candidatos Marcello Pablito, Maíra Machado e Diana Assunção. Os lançamentos serão nos dias 18 e 25 de agosto, em São Paulo e Santo André.

quinta-feira 16 de agosto de 2018 | Edição do dia

Em Plenária Eleitoral realizada em São Paulo no dia 4 de agosto, o Movimento Revolucionário de Trabalhadores aprovou o lançamento das candidaturas de Marcello Pablito e Maíra Machado para deputados estaduais e Diana Assunção para deputada federal para os dias 18 e 25 de agosto.

Frente ao caráter antidemocrático do regime eleitoral, que impõe restrições para que novas organizações de trabalhadores e jovens como o MRT possam ter candidatos, o PSOL concedeu sua legenda para que o MRT possa lançar candidatos defendendo suas próprias ideias, sem que isso implique em qualquer compromisso do MRT com o programa defendido pelo PSOL. O Esquerda Diário conversou com os três pré-candidatos sobre os objetivos e perspectivas das candidaturas.

Marcello Pablito, que é trabalhador do restaurante universitário da USP e militante da agrupação de negras e negros Quilombo Vermelho, pré-candidato a deputado estadual, comentou sobre as candidaturas: "Não podemos falar sobre nossas candidaturas sem apontar que a prisão arbitrária de Lula e o impedimento de sua candidatura faz com que essa não seja uma eleição normal, mas sim com um claro veto antidemocrático. Trata-se de uma nova etapa dentro do golpe institucional dado em 2016 contra Dilma Rousseff. Aqui estão uma vez mais todos juntos: os partidos, empresários, meios de comunicação, e multinacionais imperialistas que se beneficiaram com a Lava Jato, com o governo golpista de Temer e agora com o impedimento da candidatura de Lula. O impedimento da candidatura do político mais bem posicionado nas pesquisas de opinião está a serviço de escolher a dedo um presidente que continue o golpismo. O PSDB de Alckmin, Bolsonaro, Marina Silva, a Rede Globo, os patos da FIESP, as grandes multinacionais americanas e européias que dominam o petróleo e a construção civil em todo o mundo, todas as aves de rapina que babam de sede pelo Pré-Sal, entre muitos outros. Todos os interesses capitalistas que usaram e seguem usando como ferramenta o chamado ’Poder Judiciário’, que de justo não tem nada porque deixa toda a corja de ladrões que apoiou o golpe livre para seguir assaltando o país. Desde a Lava Jato com Sérgio Moro ligado ao Departamento de Estado dos Estados Unidos, passando pelo Supremo Tribunal Federal, o Ministério Público e o Tribunal Superior Eleitoral: são um punhado de juízes eleitos por ninguém, que ganham mais de 100 mil reais por mês e se dão o direito de decidir em quem o povo pode ou não votar".

Para Pablito está mais claro do que nunca que a Lava Jato e o resto do Poder Judiciário não têm nenhuma intenção de acabar corrupção: "A Lava Jato e o resto do poder judiciário está atuando pra escolher a dedo um presidente que continue o golpismo e seja capaz de descarregar de forma redobrada a crise nas costas dos trabalhadores e do povo com mais desemprego, mais trabalho precário e mais cortes dos direitos sociais. Para tal buscam legitimar de forma cada vez mais indiscriminada medidas autoritárias que violam os princípios democráticos mais elementares como o direito de defesa e o direito ao voto. Por isso, apesar de que nós não apoiamos o voto nos candidatos do PT, somos incondicionalmente contra a prisão arbitrária de Lula e somos intransigentes na defesa do direito do povo votar em quem quiser. Todos os partidos que se dizem de esquerda deveriam ter esse como um dos seus eixos políticos na campanha eleitoral, como forma de denunciar o caráter proscritivo dessas eleições.", concluiu.

Maíra Machado é professora da rede estadual em Santo André e militante do Pão e Rosas. Maíra foi candidata a vereadora em 2016 sendo a candidata mais votada do PSOL na região e agora é pré-candidata a deputada estadual. "Como Pablito disse, ao mesmo tempo em que rechaçamos a prisão arbitrária de Lula e defendemos o direito da população votar em quem quiser, sabemos que o PT governou em aliança com os setores mais reacionários da política, os mesmos que depois foram base de sustentação para o golpe institucional. Por isso mesmo, por sua aliança com a bancada evangélica, com oligarcas como Sarney e Renan Calheiros, e homofóbicos como Marcos Feliciano, os governos do PT, ao longo de seus 13 anos no poder, não foram capazes de avançar em direitos democráticos elementares. Esse é o caso da luta pelo direito ao aborto legal seguro e gratuito, que apesar de sempre ter sido uma bandeira das feministas do PT, foi deixada de lado por seus representantes do poder, inclusive pela primeira mulher presidenta da história do país, comentou.

Maíra, que está neste momento na Argentina acompanhando a luta pela legalização do aborto também agregou: "Hoje, quando na Argentina existe um enorme movimento de massas pela legalização do aborto, se coloca uma enorme oportunidade para impulsionar essa luta aqui no Brasil num patamar superior. A campanha eleitoral deveria servir para isso: para que os partidos e as candidatas que se dizem feministas impulsionem a onda verde da Argentina aqui em nosso país. A ADPF em tramitação no Supremo Tribunal Federal pela descriminalização do aborto poderia ser utilizada como um ponto de apoio para uma enorme campanha pela legalização do aborto, já que queremos que o aborto deixe de ser um crime mas passe a ser um direito. Se um movimento unificado de todas as forças feministas se fizesse sentir no cenário nacional, seria um importante enfrentamento contra todo direitismo reacionário representado nas candidaturas de Bolsonaro, Alckmin, Ana Amélia e todos os partidos evangélicos que os apoiam. Mas infelizmente não é isso o que está acontecendo porque inclusive os partidos que se consideram feministas e de esquerda têm medo de perder votos para o sentido comum reacionário criado pelas cúpulas das igrejas e pelas concessões de rádio e TV que os políticos entregam às igrejas em troca de votos".

Diana Assunção, trabalhadora da USP e militante do MRT foi candidata a vereadora em São Paulo em 2016 e agora é pré-candidata a deputada federal. Sobre as eleições comentou: "Em primeiro lugar eu queria agradecer o PSOL por ceder sua legenda para que o MRT possa ter seus próprios candidatos e defender suas próprias ideias nessas eleições. Nossas candidaturas estão a serviço de semear uma ideia muito importante para o futuro da classe trabalhadora, da juventude e do povo pobre que é a luta pelo não pagamento da dívida pública. Uma ideia que por agora ainda não é tema de debate corriqueiro nos locais de trabalho, nos locais de estudo e nos bairros. Mas não é principalmente porque todos os partidos querem esconder sua importância. E assim o fazem por que ao mesmo tempo em que é a única resposta possível para sair da crise econômica que afoga o país há anos, é uma ideia extremamente explosiva. Explosiva porque impede que os patrões e os governos sigam descarregando a crise econômica sobre nossas costas com mais desemprego, menos salários, menos direitos e menos serviços públicos. Pelo contrário, é uma ideia que faz com que os capitalistas, eles que geraram essa crise, sejam os que paguem por ela".

Diana ainda agregou: "Nenhum partido nesse país considera que os 1 trilhão de reais por ano que o Estado transfere aos bolsos dos banqueiros e empresários milionários através do pagamento da dívida pública é um câncer que parasita o país e tem que deixar de existir. Esse dinheiro é equivalente a manutenção de 200 universidades como a USP, 1.500 Hospitais Universitários ou 5 milhões de moradias populares. Por que os impostos, pagos em sua maioria pelos setores mais pobres da população (já que para os mais ricos e os empresários os governos dão subsídios ou fecham os olhos para a sonegação fiscal), terminam indo para os bolsos dos banqueiros e não para as necessidades da maioria da população? Esse mecanismo de sangria, em sua maior parte destinada aos especuladores estrangeiros, tem que acabar. É por isso que nossas candidaturas vieram para instalar uma grande campanha pelo não pagamento da dívida pública. Uma ideia que hoje é minoritária porque os sindicatos estão nas mãos de dirigentes vendidos para as patronais e os partidos que se dizem de esquerda não querem romper com essas patronais e sua subordinação ao imperialismo. Desde o PT, ao PSB, passando pelo PCdoB e o PDT e as centrais sindicais que esses partidos dirigem (CUT, CTB), defendem a chamada ’Lei de Responsabilidade Fiscal’ e o pagamento da dívida pública em suas promessas de governo. Até mesmo o PSOL em seus acordos parlamentares assinou manifestos que assumem esse compromisso. Mas na medida em que o próximo governo siga ajustando os trabalhadores e privatizando o país para pagar essa dívida sem fim, cada vez mais os trabalhadores e a juventude estarão abertos a levantar essa que é a única bandeira que frente a um novo junho de 2013 ou a novas greves gerais como as que barraram a reforma da previdência pode fazer com que sejam os capitalistas que paguem pela crise”.

Retomando os objetivos de campanha do MRT, Pabllito concluiu: "Nessa campanha também é um objetivo fundamental para nós avançar com o alcance do Esquerda Diário. É uma conquista muito importante ter o principal diário digital à esquerda do PT, com mais de meio milhão de entradas por mês, espalhadas por todo o país. É o único diário digital que pode competir de igual para igual com os grandes sites petistas, mas diariamente dando um ponto de vista de independência de classe para os principais fatos políticos internacionais e nacionais. Uma ferramenta fundamental na construção de uma alternativa com influência em setores de massa que esteja à esquerda do petismo. Não uma plataforma que só se pode usar a cada dois anos, como são as eleições, mas sim uma arma que está aí para ser usada diariamente. Nessa campanha eleitoral nós queremos que o Esquerda Diário seja apropriada por todos os trabalhadores, trabalhadoras e jovens que querem enfrentar os ataques da direita golpista, mas não se conformam com o PT e aspiram construir uma nova organização política que tire conclusões revolucionárias do que foi a experiência frustrada do projeto de conciliação de classes do PT".

Convidamos todas e todos a participar e debater conosco no lançamento de nossas candidaturas no dia 18 de agosto, na Casa Operária do Rio Pequeno em São Paulo e dia 25 de agosto em Santo André com local ainda a definir.

Acompanhe em breve os lançamentos em outros estados.




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