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SAÚDE PÚBLICA DE MG | Luta das trabalhadoras da saúde, que fez Zema recuar, mostra o caminho

Luta de trabalhadoras da saúde de Belo Horizonte, que fez Zema revogar seu próprio decreto, é um exemplo que mostra o caminho para derrotar os ataques impostos por Bolsonaro, pelos governadores e prefeitos na pior fase da pandemia.

Flavia ValleProfessora, Minas Gerais

terça-feira 13 de abril de 2021 | Edição do dia

Na semana passada, as trabalhadoras da saúde da Fhemig em BH paralisaram suas atividades após decreto do governador Romeu Zema, que impunha cortes em seus contra-cheques. Algumas companheiras denunciaram cortes que chegaram até mil reais, enquanto Minas bate recordes diários de mortes por Covid-19. Essa mobilização fez Zema revogar seu próprio decreto, o que mostra que é a luta de trabalhadores que pode enfrentar os ataques de governadores e de Bolsonaro e dar uma resposta para a pandemia.

A maioria das trabalhadoras que sofreram esse tipo de corte foram técnicas de enfermagem, categoria que já sofre com a intensa precarização do trabalho, com duplas e triplas jornadas e que são, em sua maioria, mulheres e negras. As trabalhadoras denunciaram cortes até por atrasos de minutos, quando são submetidas a duplas jornadas em mais de um hospital, tendo que se deslocar de um local de trabalho para o outro em meio à pandemia e à superlotação de leitos.

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Essa situação escandalosa que vivemos em Minas Gerais se deu devido ao decreto do governador Romeu Zema, que impunha cortes no que é chamado de ajuda de custo ou gratificação. Esse decreto foi imposto por Zema em plena onda roxa, quando, além da sobrecarga de trabalho, do medo da contaminação, do risco para si e para com a família, da angústia de lidar com mortes e intubações diárias, as trabalhadoras tiveram que enfrentar o corte no salário e o medo da fome.

Essa condição de precarização que está sendo cada vez mais consolidada no governo de Zema (Novo) foi também construída por governos passados como o de Fernando Pimentel (PT) e dos governos de tucanos privatizantes como o de Anastasia e de Aécio Neves (PSDB). Isso porque é uma demanda histórica das trabalhadoras da saúde a luta pela incorporação da ajuda de custo ao próprio salário, de forma a impedir medidas autoritárias por parte de governos, como essa feita por Zema, também já praticada em mandatos passados.

São mais de dez anos que a categoria não tem reajuste. Essa situação impõe, para uma trabalhadora da saúde que tira licença, a redução de sua renda mensal, uma vez que o cálculo do valor da licença será feito considerando o salário, sem levar em conta a “ajuda de custo”, o que significa que ela não terá capacidade de pagar suas contas devido ao agravamento de sua condição financeira ao longo da licença.

Essas trabalhadoras mostram que há disposição de luta, como aparece também entre os trabalhadores dos transportes, que votam uma paralisação nacional que pode envolver metroviários, rodoviários e ferroviários para o dia 20 de abril por vacinas e contra os ataques a essas categorias. Assim como estão em luta as trabalhadoras metalúrgicas contra as demissões e o fechamento de empresas como a LG no estado de São Paulo.

Com essa força e com a unidade de trabalhadores é possível lutar contra os ataques e por vacinas para todos, por contratação de mais trabalhadoras, licença remunerada para grupo de risco e pela unificação de todos os leitos das redes públicas e privadas numa fila única do SUS, sob gestão de trabalhadores.

As trabalhadoras da saúde mostram o caminho! É através da luta que os ataques serão enfrentados. É a unidade entre trabalhadores das diversas categorias, e não a trégua a Bolsonaro e Mourão e ao regime do golpe institucional, que deveria estar na agenda das centrais sindicais. Para organizar um plano de lutas contra os ataques de Bolsonaro e de governadores e prefeitos, para lutar por um plano emergencial frente ao colapso hospitalar que faça os capitalistas pagarem pela crise e não os trabalhadores e a população.

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