O ex-presidente Lula defendeu como agravante da crise política, a dificuldade de um governo de coalizão e uma mudança de discurso de Dilma pós eleições, para esconder a política que defende há muitos anos.
Tassia ArcenioProfessora e assistente social
sexta-feira 30 de outubro de 2015 | 00:20
Em reunião do diretório nacional do PT realizada nesta quinta-feira, o ex-presidente Lula defendeu como agravante da crise política, a dificuldade de um governo de coalizão e uma mudança de discurso de Dilma pós eleições.
Lula colocou que a “construção de uma coalização ampla com vários partidos que, no espectro ideológico são considerados conservadores ou de direita, também contribui para prolongar a crise”, fazendo parecer que o “problema são os outros”, deixando de dizer qual a real diferença da política neoliberal do ajuste fiscal, a qual defende com todas suas forças, com as pautas que os conservadores defendem historicamente.
Certamente, o que Lula não diz é sentido hoje pelos trabalhadores e trabalhadoras: do PT às bases aliadas e oposição de direita o que dói são as costas dos trabalhadores nas quais está sendo descarregada a crise.
No melhor estilo de quem pensa que “brasileiro tem memória curta”, Lula faz uso de toda uma fraseologia para continuar sendo o maior articulador desse governo: "Tivemos um problema político sério, porque ganhamos a eleição com um discurso e depois das eleições tivemos que mudar o nosso discurso e fazer aquilo que a gente dizia que não ia fazer", como se não houvesse governado para os ricos durante seus mandatos e que Dilma já não tivesse seguindo seus passos há muito tempo.
Continuando seu teatro e pensando estrategicamente como mexer as peças do seu tabuleiro diz: "É com essa gente que temos que governar. E são esses companheiros que têm que participar do governo para a gente construir não só a nossa governança, mas a nossa maioria dentro do Congresso", referindo-se a “companheiros que pensam igual a gente".
Ora, como a prática é o critério da verdade, Lula tem que dizer quem seriam esses companheiros que pensam como ele, considerando que há longos anos quem tem o acompanhado entre articulações políticas, abraços, sorrisos e poses para fotos é Maluf, Cabral, Collor, Sarney, entre outros ícones dos partidos burgueses.
Para encerrar, o ex-presidente afirma "Lamentavelmente é assim a vida política do País num regime de coalizão", como se estivesse assistindo o governo do seu partido de fora do campo, sentado nas arquibancadas e não na posição que de fato ocupa, como capitão do time dos ajustes, articulando todas as posições necessárias para cada jogador que esteja focado em retirar direito dos trabalhadores.
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