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PRIVATIZAÇÕES E REFORMAS | Lula e suas alianças com os golpistas não reverterá as privatizações e as reformas

Mesmo em meio a crise política o governo Bolsonaro vem avançando com os ataques e as privatizações como a da Eletrobras e a dos Correios que está sendo pautada já no Congresso Nacional. A direita golpista segue aprovando e aplicando os ataques contra a classe trabalhadora. Essa mesma direita que Lula e o PT, buscam firmar alianças para 2022.

sábado 10 de julho de 2021 | Edição do dia

Em meio à crise política instaurada com os escândalos de corrupção envolvendo o governo Bolsonaro que surgiram na CPI da Covid do Senado nas últimas semanas, o governo de Bolsonaro e Mourão, junto com o Congresso golpista, vieram em uma ofensiva de ataques para privatizar importantes estatais brasileiras. Na semana passada, a Eletrobras, a maior companhia de energia elétrica da América Latina, teve 100% de sua rede com a privatização aprovada pelos parlamentares. Também na semana passada, ações da BR Distribuidora foram vendidas como parte do avanço na privatização da Petrobras, onde uma boa parte de suas ações pertence a acionistas estrangeiros. E nessa semana, a Câmara de Deputados decidiu pautar em caráter de urgência a privatização dos Correios. Além das privatizações, querem avançar com a reforma administrativa para acabar com a estabilidade no funcionalismo.

Fica bem claro que os golpistas do Congresso, que estão na CPI da Covid, e tentam aparecer como contra Bolsonaro e sua gestão frente à crise sanitária, são os mesmos que se aliam com esse governo para aprovar os ataques em cima da classe trabalhadora. As alas do regime como o Congresso, STF, e os governadores, travam disputas com Bolsonaro pelo o comando desse regime golpista, com discursos demagógicos e utilizando dos escândalos de corrupção que vêm à tona nos momentos que mais lhe convém. Mas atrás dessas disputas, o objetivo de fundo é o mesmo: fazer com que os trabalhadores paguem pela crise capitalista.

No meio de toda essa crise, a corrida eleitoral para 2022 já está instalada, com Bolsonaro tentando se manter fortalecido com sua base dura fazendo suas “motociatas”, como a que aconteceu hoje em Porto Alegre, que mais se trata de um show de horrores da extrema direita. Do outro lado, Lula segue se beneficiando dos desgastes que Bolsonaro vem sofrendo com os escândalos e as manifestações dos 29M, 19J e 3J. Em muitas pesquisas o petista aparece liderando e vencendo até em 1° turno. Mas a vitória de Lula e a derrota de Bolsonaro nas eleições seria a saída contra os ataques aos trabalhadores?

Como colocamos anteriormente, e também em diversos outros artigos no Esquerda Diário, Bolsonaro e as demais alas do regime podem ter muitas diferenças políticas e ideológicas, mas estão sempre juntos para aprovar os ataques. O centrão e a direita neoliberal que compõem essas alas vêm votando e aplicando todos esses ataques, e também são responsáveis por toda a crise sanitária que já matou mais de 530 mil pessoas pelo coronavírus no país, além de mergulhar milhões de brasileiros na miséria com a fome e o desemprego. Mesmo com tudo isso, o ex-presidente Lula tenta buscar fazer aliança com essa mesma direita reacionária que aprovou a reforma da previdência, a PEC Emergencial que congela salário dos servidores, e a privatização da Eletrobras.

Desde que voltou a ter seus direitos políticos, Lula vem em uma corrida para formar alianças com os golpistas para as eleições de 2022. A lista vai desde Rodrigo Maia do DEM, que aprovou na Câmara a reforma da previdência e declarou em entrevista que os trabalhadores podem trabalhar até os 80 anos, até FHC do PSDB, ex-presidente que iniciou a ofensiva de privatizações no país nos anos 90 e o seu partido é responsável pelas reformas e privatizações nos estados onde governa como em São Paulo com João Doria, e Rio Grande do Sul com Eduardo Leite. Lula também faz inúmeros acenos que irá continuar a obra do golpe e ser um bom gestor do capitalismo como já fez em seus governos. Entre seus acenos, está sua intenção de privatizar a Caixa Econômica, conforme já declarado em entrevistas, um ataque brutal para fazer a alegria da direita e dos grandes banqueiros.

Lula tenta retomar o mesmo caminho que trilhou em 2002, buscando alianças com a direita para conseguir se eleger. Isso ocorre em uma conjuntura completamente diferente daquela época. Estamos no país que sofreu um golpe institucional a menos de 5 anos, golpe que tirou a Dilma e o PT do governo para acelerar os ataques que ela já vinha aplicando. Golpe que abriu espaço para Bolsonaro ascender ao poder e junto das outras alas endurecer o regime cada vez mais autoritário e reacionário. A situação econômica é bem diferente do que a do início dos anos 2000 onde um boom econômico permitiu o governo Lula conseguir dar pequenas concessões e melhorias na vida dos trabalhadores e do povo pobre, ao mesmo tempo que garantia enormes lucros aos capitalistas. Hoje passamos por uma brutal crise que veio se aprofundando com a pandemia, e o que mais os capitalistas querem para salvar seus lucros é aprofundar com mais reformas e retirada de direitos, e rifar as empresas públicas essenciais na vida da população que irá pagar a conta de tudo isso.

Veja também: Pela unidade entre trabalhadores e a juventude, e não com golpistas e a direita

Essa mesma direita com quem Lula busca se aliar quer seguir com esse projeto de ataques, agora durante o governo Bolsonaro, e também em um futuro governo. Por isso colocamos que a saída não está em 2022 e nem nas ilusões de Lula. Também não podemos ter nenhuma ilusão que o impeachment de Bolsonaro, que PSOL, PSTU, UP e PCB defendem juntos com setores da direita como Kim Kataguiri do MBL, e Joice Hasselmann do PSL ex-aliada de Bolsonaro, será a saída para a crise, já que o impeachment colocaria no lugar o racista do General Mourão, que também é responsável pelas 530 mil mortes e por toda a miséria.

A saída para os trabalhadores está em confiar nas suas próprias forças. Através da luta e da mobilização dos trabalhadores, unificados com a juventude, os indigenas, as LGBTQI+, negros e mulheres podem impor uma derrota contra Bolsonaro, Mourão e todo o regime do golpe e seus ataques. Nesse momento, é preciso exigir das centrais sindicais, como a CUT dirigida pelo o PT, parem com sua política divisionista e convoque uma greve geral que seja construída efetivamente, com assembleias nos locais de trabalho para que os trabalhadores tomem a luta em suas mãos e decidam os rumos dela. Fazemos um chamado às organizações de esquerda para criar um comitê nacional para exigir de maneira unificada a construção de greve geral, dando exemplo nos sindicatos dirigidos pela CSP-Conlutas e Intersindicais, assim como também nas entidades estudantis onde a esquerda dirige, convocando assembleias de base onde se discuta e se vote essa exigência. Através de uma greve geral a classe trabalhadora pode colocar todo o seu peso na luta contra Bolsonaro e Mourão e atacar onde mais dói nos capitalistas, que são seus sagrados lucros.

Veja o editorial do MRT: Greve geral para derrubar Bolsonaro, Mourão, os ataques e impor uma nova Constituinte

A força da nossa mobilização pode impor uma nova constituinte, livre e soberana, para revogar todos os ataques já aprovados até agora. Não basta apenas mudar os jogadores, é preciso mudar também as regras do jogo.




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