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Conciliação | Lula assina a carta junto com golpistas, patrões, banqueiros e inimigos da nossa classe

Lula assinou a “Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito”, assinada por uma gama de setores burgueses que fazem parte da FIESP, Febraban, Natura, Itaú, entre outros. Lula já disse que sua chapa não é de esquerda, que não vai revogar as reformas e não propõe nenhuma mudança estrutural no regime político autoritário que foi degradado com o golpe institucional. É preciso uma política independente dos patrões, dos grandes banqueiros, do agronegócio, da direita, os trabalhadores e trabalhadoras precisam tomar o controle da situação política em suas mãos.

João Paulo de LimaEstudante de Ciências Sociais - UFRN

terça-feira 9 de agosto de 2022 | Edição do dia

Imagem: Ricardo Stuckert/PT

A carta já foi endossada também pelos presidenciáveis Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB) e Luiz Felipe D’Ávila e pelos ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Dilma Rousseff (PT).

A carta já tem a adesão de 793 mil pessoas, entre elas banqueiros e empresários que foram atores ativos responsáveis pelo golpe como Fabio Barbosa, ex-presidente do Santander e da FEBRABAN, e o ex-presidente do banco Credit Suisse no Brasil, José Olympio Pereira. O ex-presidente da FIESP Horacio Lafer Piva, da Klabin, bem como Pedro Moreira Salles, Candido Bracher e Roberto Setubal, do Itaú, Fabio Barbosa, Guilherme Leal e Pedro Passos, da Natura, Walter Schalka, da Suzano, Eduardo Vassimon, da Votorantim, Blairo Maggi, do Grupo Amaggi, o pecuarista Pedro Camargo Neto, direitistas neoliberais como Pedro Malan, Arminio Fraga; mais de uma dezena de ex-ministros do STF; Miguel Reale Júnior, ex-Ministro da Justiça que abriu o processo de impeachment de Dilma Roussef; reacionários como Adib Jatene, ministro de Collor e FHC e o tucano Aloysio Nunes Ferreira Filho.

Ela também conta com a assinatura de políticos como João Dória e do Luciano Huck, bem como de ex-ministros do STF golpista. Trata-se de um enorme cinismo de todas essas instituições e patrocinadoras e políticos articuladores de golpes como foi o de 2016, o interesse por trás dessa carta é assegurar o caminho com a melhor estabilidade política para seguir os ataques e o projeto econômico do golpe de 2016 no futuro governo que assumirá após as eleições de 2022.

Amplos setores da grande imprensa golpista também estão convocando de forma entusiasta o ato de lançamento do Manifesto, como a Folha de São Paulo, o historicamente reacionário Estadão e cada vez mais indica ter adesão da própria Rede Globo. Ou seja, se trata de uma imensa movimentação da grande burguesia, do regime político e suas instituições.

O manifesto está previsto para ser lançado no dia 11, quinta-feira, na faculdade de direito da USP, que pretende unir com o ato do dia do estudante. O Manifesto seria lido por Celso de Mello, ex-ministro do STF. Não é possível enfrentar o bolsonarismo com que esses mesmos atores responsáveis por abrir caminho para extrema-direita.

Da mesma forma, o PT e Lula vêm usando o "combate ao bolsonarismo" e a "defesa pela democracia" para justificar todo tipo de aliança com a direita, como é de exemplo o vice Alckmin na chapa, e reunir setores da burguesia. É urgente o combate ao bolsonarismo, uma ameaça aos trabalhadores e trabalhadoras, ao povo negro, mulheres, as LGBTQIA+ e indígenas, mas não será possível com a conciliação de classes.

Lula já disse que sua chapa não é de esquerda, que não vai revogar as reformas e não propõe nenhuma mudança estrutural no regime político autoritário que foi degradado com o golpe institucional. Lula-Alckmin não vão abrir caminho para resolver as demandas da classe trabalhadora e o povo pobre, menos ainda agora que o país não tem condições econômicas para concessões como foi no segundo governo Lula, e sim tendem a atacar como fez no primeiro governo com a reforma da previdência e medidas neoliberais.

É preciso uma política independente dos patrões, dos grandes banqueiros, do agronegócio, da direita, os trabalhadores e trabalhadoras precisam tomar o controle da situação política em suas mãos sem confiança na aliança com a direita, mas com os setores explorados e oprimidos, inimigos da extrema-direita bolsonarista. As centrais sindicais e a UNE precisam convocar um plano de lutas independente para barrar os ataques e as ameaças golpistas.

O Manifesto é inspirado na “Carta de 77”, lida pelo então ministro Goffredo da Silva Telles Júnior, em meio à Ditadura Militar. Como explicamos nessa nota, a referência é uma operação que oculta o papel central da classe trabalhadora na luta contra a ditadura e também do movimento estudantil, para destacar o papel de um “jurista”, da “sociedade civil” e de instituições do regime. O que eles querem é controlar para que a força dos trabalhadores e da juventude não entre em cena na luta de classes e também seja apagada da história.

No dia 11, dia do estudante, o movimento estudantil precisa ter uma posição independente, apontando um caminho para derrotar Bolsonaro, os cortes na educação e as reformas pela via da nossa luta ao lado da classe trabalhadora, com atos, paralisações, greve e muita mobilização, um plano de lutas que tenha o objetivo de derrotar o Bolsonaro nas ruas e sem confiança na direita, nos banqueiros, empresários e nos agentes do regime que asseguram cada ataque econômico contra a classe trabalhadora. Cada estudante consciente de que é preciso dar uma resposta para essa crise enfrentando a extrema-direita de Bolsonaro e suas ameaças golpistas nas ruas, não pode aceitar que o Dia do Estudante seja utilizado para promover demagogia dos agentes dos ataques e que sirva de palanque eleitoral para a chapa Lula-Alckmin.

Para defender as universidades é necessário impor uma luta pela revogação de cada um dos cortes e da PEC do Teto do Gastos, que serve para banqueiros da Febraban sugarem cada vez mais recursos da educação através da dívida pública e aumentarem suas fortunas. E defender junto a revogação da reforma trabalhista, da previdência, o que só pode se dar contra, e não junto com esses empresários que até ontem eram parte de sustentar Bolsonaro, mesmo em meio à sua política genocida na pandemia.

E para conquistar essas demandas precisamos defender sim uma ampla unidade nas ruas, que é o contrário de uma unidade com um punhado de capitalistas parasitas das riquezas, uma unidade da classe trabalhadora, dos estudantes e dos movimentos sociais que como disse o professor Ricardo Antunes em entrevista no Esquerda em Debate, traga a burguesia para o nosso ringue: a luta de classes. Unificando desde a base de cada universidade, junto aos DCEs e os CAs, para recuperar o legado do movimento estudantil de luta contra a ditadura, e nos auto-organizando desde as assembleias de base e unificando com as lutas operárias, que de fato podemos criar a única força social capaz de derrotar a extrema-direita e os ataques às universidades e ao conjunto da população. Esse legado que toda a imprensa quer apagar quando tira da poeira uma carta de empresários de 1977 como referência a que está sendo articulada agora como responsável pela derrota da ditadura.

Foram exemplos como os estudantes da Marcha dos 100 mil e a batalha por fundir-se às greves de Contagem e Osasco dos anos 60 e o ascenso operário iniciado no ABC nos anos 70, com enorme apoio de artistas e setores populares, o que colocou a ditadura de joelhos.

Declaração da Faísca Revolucionária: O dia do estudante não pode ser ao lado dos patrões e banqueiros que precarizam a educação

Desde a Faísca Revolucionária é essa a defesa que fazemos em cada reunião de construção do dia 11, chamando a unidade com os estudantes e organizações que se colocam como críticas à conciliação petista e a saída meramente eleitoral para Bolsonaro e seus ataques, para exigir da UNE um plano de lutas efetivo, que seja independente de todos os setores da burguesia e da direita que só nos atacam.

Editorial MRT | Contra o golpismo de Bolsonaro e as reformas: manifestações e greves sem banqueiros e empresários




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