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CEDAE | Lote 3 da CEDAE é privatizado em negócio suspeito. Ganhadora é conhecida pelo descaso

O governador bolsonarista do Rio de Janeiro, Claudio Castro comemorou junto de ministro do governo federal a privatização de mais uma área da CEDAE. A empresa ganhadora, gerida por empreiteiras bilionárias, é conhecida pelo descaso com o saneamento na zona oeste do Rio e ataques aos trabalhadores.

quarta-feira 29 de dezembro de 2021 | Edição do dia

Aconteceu hoje continuidade do leilão de privatização da CEDAE. A empresa Águas do Brasil (SAAB) levou o leilão do bloco 3 da CEDAE por uma ninharia de R$2,2 bilhões, um valor que contou com um ágio extremamente menor do que o ofertado por outras áreas no leilão anterior. Com esse valor a empresa poderá explorar por 35 anos a água que hoje é fornecida pela estatal CEDAE a 13,7 milhões de habitantes na zona oeste e outros municípios do estado do Rio de Janeiro. Ou seja, a maior parte da população do Rio ficará nas mãos dessa empresa que é uma participação de Carioca Engenharia, Queiroz Galvão e “New Water Participações” onde participam outras empreiteiras menos conhecidas.

As empreiteiras, amigas do poder, beneficiam-se de investimentos públicos superfaturados de um lado e de privatizações desenhadas para seu benefício por outro. Essa é regra no país e particularmente no Rio de Janeiro, é rara a rodovia, transporte público, ou empresa de água e saneamento que seja privatizada e quem abocanhe não seja Odebrecht, Queiroz Galvão, OAS, Carioca e outras gigantes do enriquecimento privado ao custo da população trabalhadora.

Claudio Castro, novamente comemorou efusivamente essa nova entrega dos recursos pertencentes ao povo carioca e fluminense aos bolsos privados. Os recursos dessas privatizações têm permitido ao governador conceder reajustes salariais e outras medidas elementares que estão sendo vendidas em suas peças publicitárias como um grande favor aos trabalhadores, e não um mero direito sendo atendido. Com esses recursos Castro também tem angariado um importante apoio de prefeitos e proeminentes figuras da política carioca, inclusive do vice-presidente nacional do PT, Quaquá, que já declarou voto no representante de Bolsonaro no Palácio de Guanabara.

O grupo Água do Brasil, ou melhor dizendo as empreiteiras amigas do poder fantasiadas de empresa de água, já são donas das concessões de águas e esgotos de diversos municípios do Rio de Janeiro, tais como Niterói, Campos dos Goytacazes, Petrópolis, entre outros. Seu balanço financeiro de 2020 (disponível neste link) dá conta de uma receita de 1,311 bilhões de reais, um pagamento de impostos de R$272 milhões e um lucro distribuído para as empreiteiras donas da “Águas dos Brasil” da ordem de R$233 milhões. Ou seja cada real que um niteroiense paga em sua água 21 centavos viram impostos e 18 centavos viram lucros para esses donos do país. O mesmo se repetirá agora para cada morador da Zona Oeste e municípios limítrofes (e pobres) como Itaguaí, Seropédica, entre outros.

Enquanto cada fluminense fica mais pobre com água cara e as empreiteiras ricas, esse grupo é conhecido por denúncias de falta d’água em Niterói, por lucrar essas centenas de milhões de reais e nem sequer repor a inflação dos trabalhadores das empresas privatizadas e mais, trata-se do grupo que já havia abocanhado uma concessão pública para fornecer saneamento a mesmíssima Zona Oeste do Rio de Janeiro, mas como é de conhecimento de cada carioca não faltam sub-áreas em Campo Grande, em Cosmos, Inhoaíba, Santa Cruz que não tem absolutamente nenhum saneamento público. É público e notório o descaso da empresa com os trabalhadores e com toda a população. Eis o resultado do leilão que hoje Claudio Castro, a Globo, a ALERJ comemoram.

A privatização do lote 3 da CEDAE não foge à regra do crime contra os cariocas e fluminenses já cometidos nos leilões dos lotes 1, 2 e 4, tal como denunciamos aqui. A privatização da CEDAE construída sistematicamente pela Globo, por Cabral, Pezão, Witzel e depois Castro unificou desde líderes do PT no estado ao bolsonarismo que agora governa. Para chegar a esse resultado houve uma deliberada inação da direção da CEDAE permitindo a contaminação das águas com geosmina para criar um clima favorável à privatização, e também foi necessário derrotar e desviar a luta dos trabalhadores da CEDAE, para isso contaram com a inestimável ações de direções sindicais burocráticas, particularmente vale destacar o maior sindicato o Sintsama, dirigido pela CTB, central sindical ligada ao PCdoB, que sempre conduziram os trabalhadores a acreditarem que não precisavam se mobilizar mas que alguma tática jurídica ou parlamentar viria em seu socorro.

O Esquerda Diário sempre se fez presente em cada mobilização da CEDAE erguendo junto aos trabalhadores suas próprias bandeiras de luta “A CEDAE É DO POVO” e alertamos aos trabalhadores da empresa a necessidade de um outro caminho para se enfrentar com as privatizações, [como destacamos nessa carta: https://www.esquerdadiario.com.br/Carta-do-Esquerda-Diario-aos-trabalhadores-da-CEDAE].

O Esquerda Diário esta e estará na luta dos cedaeanos por seus empregos e direitos, como dos trabalhadores das novas empresas agora de posse de empreiteiras e de empresas estrangeiras, como seguimos na luta contra as privatizações e em defesa dos direitos de todos trabalhadores e da população. Para se enfrentar com esses ataques é necessária a unidade dos trabalhadores, e com uma organização democrática, pela base e decidida que será possível parar as mortes por Covid, por fome e por balas da polícia, assim como barrar todos os ataques aos trabalhadores e à juventude, para lutar pelo direito à água e recursos naturais à serviço do povo, por uma educação pública, gratuita e de qualidade para nossos e para que os capitalistas e não nós que paguemos pela crise.




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