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#PL490NÃO! | Letícia Parks: “Os sindicatos precisam organizar a luta em defesa dos povos indígenas e contra o PL 490”

Reproduzimos a declaração de Letícia Parks, dirigente do MRT e Quilombo Vermelho - luta negra anticapitalista, frente à brutal repressão que indígenas sofreram hoje pela polícia em Brasília enquanto manifestavam contra a votação do PL 490 no Congresso Nacional. O projeto de lei prevê maiores ataques aos povos originários. Leia abaixo a declaração completa.

terça-feira 22 de junho de 2021 | Edição do dia

O Esquerda Diário conversou com Letícia Parks que frente a absurda situação que os povos indígenas estão passando. Hoje seria votado o Projeto de Lei 490 na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara. Aconteceu uma manifestação que contou com centenas de indígenas em Brasília que foram reprimidos brutalmente pela polícia por bombas, tiros e gás lacrimogêneo.

Letícia Parks:

“Total repúdio à absurda repressão policial contra os manifestantes indígenas ocorrida hoje em Brasília e toda solidariedade à luta dos povos indígenas contra o PL 490. Um projeto de lei que significa uma verdadeira afronta à luta histórica dos povos originários que são sistematicamente massacrados pelo Estado e seus mecanismos repressivos, como são seus cães de guarda, a polícia. É um absurdo que esteja sendo votado no Congresso Nacional um PL que prevê o fim das demarcações, a anulação das terras indígenas, e também a regularização do garimpo que assassina as vidas indígenas, como vimos com os Yanomamis. Tudo isso em nome do lucro do agronegócio, do latifúndio e das grandes empresas, que serão bastante privilegiadas como as hidrelétricas.

A votação desse PL, por um lado reafirma a nefasta política do trio Bolsonaro-Mourão-Salles que vem passando à boiada nos indígenas e no meio ambiente, e por outro demonstra como o Congresso Nacional, cheio de representantes do agronegócio, também não está do lado dos mais oprimidos e dos indígenas. Inclusive, são esses mesmos que apoiam a atuação repressiva e racista da polícia contra os indígenas, o povo negro e as mulheres, e que vem passando, junto de Bolsonaro e do STF, as privatizações e reformas contra a nossa classe. Além de estarem assistindo ao show de horrores das mortes por Covid e a falta de vacinas que atingiram em cheio a população indígena.

Nossa luta precisa ser contra todos eles e agora! Os sindicatos precisam organizar a luta em defesa dos povos indígenas e contra o PL 490 já. A força demonstrada nas ruas nos dias 29M e 19J precisam ser combustível para a gente derrubar de vez Bolsonaro, Mourão, os militares e golpistas com a força da nossa luta. E não combustível para saídas institucionais como quer Lula, com sua política de conciliação de classe, e o PT com as eleições de 2022. Não podemos esquecer que o PT que sempre negociou com bancada boi, bala e bíblia. Inclusive, o agronegócio, que hoje é o núcleo duro do Bolsonarismo, foi o setor que mais cresceu no país sob os governos petistas, destruindo ainda mais o meio ambiente e atacando os povos originários.

É por isso que as direções dos sindicatos, assim como as Centrais como a CUT e a CTB, PT e PCdoB devem romper com seu o imobilismo e parar de dividir a nossa luta, e a esquerda deveria parar de se subordinar à política de paralisia e conciliação do PT. É preciso que se organize a luta dos trabalhadores em defesa dos povos indígenas e quilombolas, pois somos nós os únicos interessados nas vidas acima do lucro e na harmonia entre a sociedade e o meio-ambiente. Só a classe operária pode combater o latifúndio racista se aliando com os povos indígenas, quilombolas e camponeses pobres. Apenas por meio da nossa luta e organização nas ruas poderemos revogar o PL 490, lutar contra Bolsonaro, Mourão e militares, e também contra o golpismo, o agronegócio e o imperialismo. PL 490, não! Contra todo tipo de violência policial. Vidas indígenas importam!”




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