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PLENÁRIA DA FAÍSCA | Letícia: "O antiimperialismo da Faísca também é a defesa do povo palestino contra Israel"

Veja a potente fala de Letícia Parks na plenária nacional da Faísca rumo a construção do dia 29 de maio, comentando sobre o papel de uma juventude antiimperialista e internacionalista na defesa da luta do povo Palestino contra o Estado assassino de Israel e seu capacho Bolsonaro.

domingo 23 de maio de 2021 | Edição do dia

A professora Letícia Parks, militante do Quilombo Vermelho e dirigente do Movimento Revolucionário de Trabalhadores foi uma das participantes da plenária nacional da juventude Faísca Anticapitalista e Revolucionária. Em sua fala ela relembrou os motivos que a levaram junto com a centenas de jovens estudantes e trabalhadora a fundar essa organização, inspirados na juventude de maio de 68 na luta contra o golpe institucional no Brasil. E como hoje a luta antimperialista e internacionalista se reatualiza na defesa do povo palestino contra o estado assassino de Israel e seus aliados como Bolsonaro e Biden.

Veja a fala completa:

A narrativa oficial forjada pela cúpula política israelense e pelo imperialismo, sobretudo estadunidense, alimenta uma ideia false de que há um conflito entre os palestinos e o Estado sionista de Israel que seria o produto da ação de grupos terroristas árabes, que teriam uma espécie de ódio gratuito contra os israelenses. Esta é uma das maiores mentiras históricas já vistas. O fato é que os palestinos são vítimas de um dos mais absurdos exemplos de expansão colonialista e imperialista da história da humanidade.

O Estado de Israel foi fundado a partir de uma resolução da ONU de 1947, ou seja, é um Estado totalmente artificial. Anteriormente à sua criação, o povo judeu vivia espalhado por diversos países da Europa. Inclusive muitos nomes proeminentes do marxismo revolucionário, a começar pelo próprio Marx, mas também Trotsky e Rosa Luxemburgo tinham origem judaica e se identificavam e dedicavam suas vidas à elaborar a estratégia da causa internacionalista da classe trabalhadora. Portanto, a expansão colonialista não é constitutiva de todo o povo judeu mas reflete os interesses da burguesia sionista.

Em todo o Oriente Médio, e mais especificamente na Palestina, durante séculos, judeus conviveram pacificamente com os árabes. Esse território sempre foi de interesse do imperialismo: em 1921 a Grã Bretanha tentou dividir o território deixando 80% das terras para os árabes, e 20% para os judeus. É com o mandato britânico que se iniciam as tentativas de forjar um enclave imperialista na Palestina, já que desde aí buscavam privilegiar com diversas políticas os sionistas, ainda que de maneira mais gradual do que a política que se deu após a criação de Israel.

A Palestina, gente, como eu tô mostrando pra vocês, nunca foi “uma terra sem povo, para um povo sem terra”. O que foi feito ali foi dar uma “saída” reacionária a demanda do povo judeu de viver em segurança após mais de 6 milhões de judeus assassinados pelos nazistas, com o de construir uma área de influência que servisse ao imperialismo como ponto de apoio pros interesses da burguesia dos EUA na estratégica região do Oriente Médio. Com isso o movimento sionista ganhou peso e deixou de ser apenas uma pauta religiosa para confluir interesses de dominação do imperialismo e de massacre contra todo um povo, que é preciso dizer, resiste bravamente. O povo palestino utiliza todas as ferramentas que tem a disposição para contra atacar esse que é o exército mais poderoso da região, o exército do Estado assassino de Israel. Os trabalhadores e o povo palestino de lá, junto com os judeus que são contra a ocupação, que são muitos e se pronunciam o tempo todo, superando as atuais direções, são os que podem abrir caminho para uma Palestina laica, socialista e não racista, oferecendo uma solução de fundo e apontando para um novo rumo, não apenas para si, mas para todos os povos da região.

Aqui no Brasil o Bolsonaro se alinha totalmente com Israel, mostrando o capacho do imperialismo estadunidense que ele é. É um enorme servilismo de Bolsonaro à agenda do imperialismo estadunidense, que segue vigente mesmo após a queda de Trump porque o papel reacionário do governo dos EUA frente à Israel não é conjuntural, é bipartidário, e fez parte da política do conjunto dos governos desse país desde a resolução da ONU de 1947. Portanto, parte de combater o reacionarismo em política externa de Bolsonaro é defender o povo palestino contra o massacre que estão sofrendo hoje. Sem qualquer ilusão em Biden, cuja vitória foi comemorada por alas da esquerda brasileira. Biden em uma declaração sua como senador disse que se fosse judeu seria sionista, e depois, já durante a sua candidatura a presidente, dizia babando em um vídeo "I love Israel".

A nossa juventude, a Faísca, da qual eu fiz parte da fundação há alguns anos atrás, recupera o legado do que houve de mais avançado na atuação política da juventude de 1968, e ali uma das coisas mais lindas que os jovens dessa geração fizeram foi olhar com paixão cada passo da luta vietnamita contra a ocupação norte-americana, um povo que de pés descalços derrotou o exército mais poderoso do mundo. O significado dessa perspectiva antiimperialista e de um internacionalismo de combate não tem nada a ver com cruzar fronteiras para defender mal menor em outro país, mas para se apoiar no combate, na luta da juventude, das mulheres, das massas negras, e na nossa época se traduz na defesa da luta do povo palestino contra o estado assassino de Israel. Essa deve ser uma campanha permanente de toda juventude que luta pela revolução.

Obrigada companheiros.




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