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LATAM DEMISSÕES | Latam volta a demitir tripulantes e aeroviários em meio à recorde de desemprego no Brasil

terça-feira 13 de julho de 2021 | Edição do dia

Em 2020 a LATAM demitiu massivamente seus funcionários com o inicio da pandemia, a empresa também retirou direitos dos seus funcionários, na categoria de aeroviários é relatado pelos trabalhadores uma queda salarial de até 300 reais em alguns casos, devido a mudanças arbitrárias de horários para a empresa não pagar adicional noturno, além de não estar pagando os domingos e feriados, segundo relatos recebidos pelo Esquerda Diário.

Em aeronautas, a LATAM ficou 2020 inteiro tentando implementar um acordo coletivo que rebaixava permanentemente e drasticamente os salários dos comissários. Agora, entre quarta e sexta-feira da semana passada cerca de 60 tripulantes foram demitidos pela empresa, diz o sindicato. Da mesma forma em aeroviários (pessoal de solo) voltaram a ter demissões espalhadas em cada setor. Contudo não há informações do sindicato sobre o total de demitidos.

Segundo o Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) a volta das demissões indica o início de um desligamento massivo de funcionários. Segundo o jornal Valor Econômico, a Latam confirma as demissões, mas nega que seja um movimento massivo. Massivo, ou não, em nada muda a gravidade, uma vez que são milhares de comissários e aeroviários demitidos ano passado em meio a uma situação de recorde de desemprego. Na qual uma pessoa pode demorar anos para retornar ao mercado de trabalho, e uma crise econômica onde os alimentos, combustível, aluguel vem subindo e o sustendo das famílias não pode esperar nem um dia.

Em maio deste ano, a Latam anunciou que contrataria 750 tripulantes frente à retomada dos vôos, contudo essas demissões apontam uma medida oportunista da empresa, de demitir os funcionários mais velhos que tem uma remuneração melhor, segundo o presidente da SNA, comandante Ondino Dutra. “O nosso entendimento é que essas demissões são discriminatórias”. Há um perfil bem disperso nas demissões, segundo Dutra, com profissionais com 10 anos de casa a até comandantes com mais de 25 anos.

A Latam chegou a demitir 2,7 mil tripulantes em meados de 2020 - equivalente a 38% do quadro total de funcionários na época. Os tripulantes resistiram as demissões, realizando um ato no aeroporto de Guarulhos ano passado, e a cada assembléia chamada pelo sindicato com a proposta de redução permanente de salário feita para LATAM, os trabalhadores diziam não, impedindo que esse enorme ataque se realizasse.

Frente a resistência da categoria, a empresa tenta outra tática, a de demitir os mais velhos e nivelar os salários por baixo, contratando gente nova com remuneração menor. Segundo o jornal Valor Econômico: “o sindicato chegou a procurar a Latam para esclarecer os rumores que circulavam entre os tripulantes de que as contratações anunciadas em maio pela empresa seriam, na verdade, um passo para repor a equipe que seria desligada. Em um e-mail à categoria, o departamento de recursos humanos (RH) da Latam negou tal movimento”.

Ao contrário de procurar a empresa para “esclarecer rumores” o sindicato deveria estar organizando assembléias de bases e debates na categoria para resistir a esses novos ataques. A negativa a mudança do acordo coletivo em diversas assembléias ano passado, mostra que há muita insatisfação na categoria, e essa insatisfação deveria ser organizada pelo sindicato para ter medidas concretas que mostre que os trabalhadores tem força, e não precisam aceitar todos os mandos e desmando da empresa.

Unificar os comissários com os aeroviários também é uma medida fundamental para impedir que a LATAM siga depositando sua crise nas costas dos funcionários, que hoje estão se revirando para manter as contas pagas, enquanto os altos cargos e CEOs da empresa seguem vivendo com seus lucros e vida de luxos e consumo. Na categoria de aeroviários a insatisfação com a empresa é crescente, há diversos relatos de trabalhadores que chegam a passar necessidade sem dinheiro para roupas para os filhos e mesmo alimentação. Com uma média salarial baixíssima de 800 reais para os part time, e em torno de 1600 para os full time.

O assédio moral também esta sendo constante, e a ameaça de demissões é uma chantagem permanente para tentar calar os funcionários. Há casos de funcionários doentes sendo ameaçados de demissão por precisarem ter pego atestado, um completo absurdo no qual a empresa quer que os trabalhadores passem mal enquanto exercem suas funções, quando é um direito trabalhista elementar se ausentar ao trabalho por doença.

Posto a redução de funcionários devido as demissões, esse ano com a retomada dos vôos a categoria vem sofrendo com a super exploração exigida – e é importante demarcar que as horas extras são comuns e pelo novo acordo coletivo imposto pela empresa em 2020, as horas extra não são pagas, uma vez que estendeu para um ano o vencimento das mesmas – essa situação vem fazendo com que vários trabalhadores desenvolvam depressão, ansiedade e transtornos psicológicos, frente a piora das condições de vida, a falta de perspectiva e a constante pressão e assédios.

Enquanto trata seus funcionários assim, a Latam anunciou que sua operação prevista para julho no Brasil cresceu 34% em relação à junho, passando de 310 para 418 voos diários. O número representa uma retomada de 75% da oferta de assentos em relação ao mesmo período de 2019. Se comparado com julho de 2020, a oferta prevista é três vezes maior.E a expectativa é que, até o final deste ano, a Latam retome 100% da oferta no mercado doméstico que tinha antes da pandemia.

Essa retomada não pode servir para a empresa seguir lucrando as custas dos seus funcionários. Pelo contrário, agora é a hora do SNA e do SindGRU chamarem assembléias de base de organizar os trabalhadores para retomar todos os direitos que perderam, e impedir mais demissões e ataques.




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