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MULHERES NEGRAS E MARXISMO | Lançamento Mulheres Negras e Marxismo na UFABC reúne estudantes e trabalhadores do ABC

Nesta quarta feira, dia 31 de março ocorreu o lançamento online do livro “Mulheres Negras e Marxismo” na UFABC. O debate foi mediado por Virgínia Guitzel, estudante da UFABC e militante do Pão e Rosas e teve a presença de Letícia Parks, organizadora do livro, professora em São Paulo e militante do Pão e Rosas e Quilombo Vermelho, Jenifer Tristan, estudante da UFABC, trabalhadora da saúde e militante do Pão e Rosas e Quilombo Vermelho e Claudia Regina Vieira, professora da UFABC, pedagoga, doutora em educação especial.

Bruna CarvalhoJovem trabalhadora do ABC Paulista e militante do Pão e Rosas

quinta-feira 1º de abril de 2021 | Edição do dia

A atividade contou com cerca de 40 trabalhadores e estudantes da UFABC e de outras regiões, que debateram sobre a importância do livro “Mulheres Negras e Marxismo” como uma ferramenta da luta das mulheres negras e da classe trabalhadora de conjunto. O lançamento ocorreu no dia internacional da Visibilidade Trans e por isso o debate foi homenageado a Marsha P. Johnson, a travesti que liderou a revolta de StoneWall em 1969 e em memória de todos os mortos da Ditadura Militar, que até hoje não tiveram justiça. O livro que traz a história de diversas lutadoras negras e utiliza o marxismo como método de análise, nos coloca na atualidade a necessária discussão de uma saída socialista para a crise capitalista.

Jenifer Tristan abordou em sua fala a importância de resgatar o marxismo revolucionário para pensar o surgimento do racismo atrelado a acumulação primitiva do capital e dos enormes processos de resistência e de subversão da ordem escravista que é apagado pela história oficial. Resgatou a trajetória de lutadoras negras como Aqualtune, Luisa Mahin e Dandara e de como cada uma a sua maneira buscaram entender as tarefas da sua época para lutar contra a opressão. Retomou o exemplo do Quilombo dos Palmares que recebeu diversas propostas de acordos com a Coroa Real para deixar de lutar pelo fim da escravidão e de como a recusa de todas as propostas que impediam o seguimento dessa luta é um exemplo fundamental nos dias de hoje para não aceitarmos nenhuma perspectiva de perdão aos golpistas e a extrema direita que é responsável pela morte de negros e negras seja pela Covid-19, ou pela fome ou as balas da polícia.

A Prof. Claudia Regina Vieira trouxe de forma brilhante como o processo de educação brasileiro e internacional é permeado pela divisão de classes, e onde o racismo se apresenta de diferentes formas, inclusive no silenciamento e no apagamento da cultura e da história de luta do povo negro. Que via o lançamento do livro Mulheres Negras e Marxismo como uma obra potente de formação não somente para negros e negras, mas para toda a classe trabalhadora e aqueles que vem a necessidade de lutar contra todas as formas de desigualdade.

A professora retomou o livro de Carolina Maria de Jesus, Quarto de Despejo, e alguns trechos do livro Mulheres Negras e Marxismo para demonstrar como estes relatos são denúncias potentes que precisam ser lidos e estarem disponíveis para a formação nas escolas e nas universidades e que elaborações como estas são formas de não termos que começar do zero nas nossas discussões, mas ter elas como ponto de partida.

A professora e militante do Quilombo Vermelho, Leticia Parks propôs aproveitar o dia do lançamento para voltarmos para o dia do golpe militar em 1964 e compreender profundamente como se deu esse processo, enfrentando as narrativas reacionárias de um golpe que veio “pra Salvar o Brasil”, mas também uma narrativa interessada de um ataque apenas contra a democracia. Em uma verdadeira aula, Leticia retomou as origens do golpe de 1964, com as distintas mobilizações: dos marinheiros contra os Almirantes reacionários, das ligas camponesas na luta pela reforma agrária e do movimento operário e estudantil.

O que Leticia deu ênfase é que todas essas forças sociais, se tivessem sido organizadas com uma política proletária independente poderiam ter derrotado a ditadura militar com uma revolução socialista. E que a política de colaboração de classes, com o PCB a frente sequestrou essa perspectiva, tornando impotentes a força da classe trabalhadora e estudantil e deixando a classe média nas mãos da extrema direita.

Essas lições precisam ser parte de vermos hoje que Bolsonaro ao comemorar o golpe de 64 tem um sentido de encarar como uma jornada preparatória para avançar em medidas ainda mais reacionárias. E nós também precisamos pensar quais são as nossas, para não apenas enfrentar um destes personagens, mas o conjunto do regime capitalista, o que hoje passa por defender uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana que possam enfrentar Bolsonaro, Mourão, os militares, mas também todas as instituições do regime do golpe para que possamos dizer Ditadura Nunca Mais de uma vez por todas.

Além do debate central, foram colocadas questões sensíveis pelas palestrantes e também pelos trabalhadores e estudantes que interviram, como situações do cotidiano que tem tomado contornos de tragédia com a pandemia do coronavírus, sobre a carestia de vida e a miséria que o capitalismo nos impõe.

Veja na íntegra o lançamento abaixo:

Convidamos a todes para participar do curso do livro “Mulheres Negras e Marxismo” que terá início no próximo dia 06 e será ministrado por Letícia Parks no Campus Virtual do Esquerda Diário gratuitamente.

Faremos também um grupo de estudos no ABC, onde poderemos acompanhar o curso e debater mais profundamente sobre o livro. Se inscreve aqui.




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