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ESCÂNDALO FIFA | Justiça dos Estados Unidos anuncia que vai indiciar mais cartolas do futebol

A Justiça dos Estados Unidos revelou que as investigações conduzidas sobre o escândalo de corrupção na Fifa levarão a novos indiciamentos.

terça-feira 15 de setembro de 2015 | 00:00

A Justiça dos Estados Unidos revelou que as investigações conduzidas sobre o escândalo de corrupção na Fifa levarão a novos indiciamentos e que dirigentes esportivos que ainda não foram citados serão formalmente acusados nas próximas semanas, a partir das evidências coletadas nos últimos três meses. No dia 27 de maio, a pedido de Loretta Lynch, a Justiça suíça prendeu sete dirigentes esportivos em Zurique, entre eles o brasileiro José Maria Marin, que aguarda para ser extraditado aos EUA. Ele é acusado de receber propinas em esquemas envolvendo a venda de direitos da Copa do Brasil e Copa América.

Até abril deste ano, Marin era presidente da CBF. Nomes como o de Ricardo Teixeira e Marco Polo Del Nero, atual comandante do futebol brasileiro, até agora não foram citados nas investigações. Mas descrições que apenas poderiam ser preenchidas pelos dois dirigentes fazem parte das acusações publicadas na imprensa. Segundo o Departamento de Justiça dos EUA, dois funcionários da CBF, da Fifa e da Conmebol também estão sob investigação. Essa descrição apenas pode ser representada por Teixeira e Del Nero.

"Expandimos nossa investigação desde maio e poderemos abrir novos casos contra pessoas e entidades", declarou Loretta Lynch, em entrevista nesta segunda-feira, na Suíça.

Para Michael Lauber, procurador-geral da Suíça, a cooperação internacional é fundamental para lidar com corrupção e crimes de lavagem de dinheiro. "No dia 27 de maio, confiscamos dados eletrônicos na Fifa. No mesmo dia, dirigentes foram presos em Zurique e colocados sob detenção. O interesse público é enorme", disse. Segundo Lauber, buscas em casas foram feitas e mais evidências foram coletadas. "Quando necessário, dinheiro foi confiscado, além de apartamentos nos Alpes suíços", alertou o procurador. "Investimentos em imóveis podem ser usados para lavagem de dinheiro."

No total, 121 contas bancárias foram apontadas como sendo suspeitas e os bancos estão colaborando com as investigações.

Nesta segunda, a procuradora-geral dos EUA, Loretta Lynch, alertou que nenhuma instituição ou pessoa ficará isenta do combate à corrupção ou acima da lei. "Com a ação (contra a Fifa), deixamos abundantemente claro que procuradores de todo o mundo vão se unir para acabar com a corrupção no futebol e levar os criminosos à Justiça, seja onde estiverem, seja qual for a complexidade dos crimes e seja qual for o poder que tenham", declarou. "Nossa mensagem é clara: nenhum indivíduo está acima da lei. Nenhuma organização corrupta está fora do alcance. E nenhum ato criminoso pode escapar de um esforço coordenado de homens e mulheres lutando pela Justiça", afirmou a norte-americana.

Ainda segundo ela, a corrupção "mina nossos valores e abala as fundações de nossa sociedade global". Lynch deixou claro que a ação contra a Fifa apenas foi possível graças a uma coordenação com o Ministério Público dos EUA e de representantes de outros países. "Isso expôs altos funcionários da Fifa, líderes de organizações regionais, empresas que pagaram milhões de dólares por direitos de torneios internacionais", completou. A norte-americana indiciou Marin por pelo menos dois crimes: corrupção na Copa do Brasil e envolvimento em distribuição de propinas na Copa América.

Em junho, os escândalos de corrupção da FIFA levaram à renúncia de Joseph Blatter, que envolvia esquemas milionários de corrupção e de trabalho escravo nos países que sediaram e sediarão a Copa, como o Qatar. É sabido que os países do Conselho de Cooperação do Golfo empregam majoritariamente mão-de-obra imigrante sob um sistema de patrocínio empresarial (kafala). Segundo esta estrutura legal, o trabalhador estrangeiro precisa ser patrocinado por um cidadão ou empresa local para obter seu visto e não pode trocar de emprego nem deixar o país sem a permissão da companhia que o patrocina. Isto significa que sua situação depende legalmente de seu empregador, deixando-o absolutamente vulnerável à patronal que dita as condições de trabalho e o salário sem que o trabalhador possa sequer desistir. A isto se soma a retenção de documentação legal que reduz estes trabalhadores à servidão.

Esquerda Diário/ Agência Estado




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