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ELEIÇÕES JUIZ DE FORA | Juiz de Fora: um segundo turno marcado por golpistas e a velha conciliação petista

Terminado o primeiro turno das eleições municipais em Juiz de Fora e o cenário que se apresenta é de uma Câmara repleta de reacionários e conservadores. Será um segundo turno marcado por golpistas e a velha conciliação de classe petista.

Douglas SilvaProfessor de Sociologia

terça-feira 4 de outubro de 2016 | Edição do dia

Em relação aos vereadores eleitos, o cenário que em 2012 já era marcado por partidos de direita, homofóbicos e machistas, nesse ano se mostrou ainda mais a direita. Entre os candidatos eleitos temos a delegada Sheila - sendo a mais votada - que traduz o reacionarismo da polícia na política. Sua posição foi marcada pelo fundamentalismo religioso e a demagogia de quem fala da importância das mulheres na política, mas rechaça o feminismo, como disse em entrevista ao portal G1.

Outros vereadores seguem com relações estreitas entre a polícia e a política. No caso, outro eleito – agora da polícia militar – foi o sargento Mello. Entres os vereadores também estão, Rodrigo Mattos do PSDB, mais dois vereadores do PSC, quatro do PMDB, dois do PT e outros como PSB e PTC. A esquerda concorria com três vereadores pelo PSTU e a candidata à prefeita, a Frente Popular Socialista (PSOL, PCB, Brigadas Populares, NOS e MAIS) contava com três candidatos à vereador do PCB e a candidata pra prefeita do PSOL com vice do PCB. Nenhum destes setores da esquerda elegeram vereadores, sendo que Victoria Mello do PSTU teve 1.638 votos e Maria Ângela pela Frente Popular Socialista teve 2.744 votos.

Na disputa pela prefeitura, o cenário foi marcado por partidos golpistas e o PT, sendo que os três principais candidatos eram o atual prefeito, Bruno Siqueira do PMDB, Margarida Salomão do PT e Noraldino Junior do PSC.

A crise de representatividade e a derrocada do PT

Acompanhando o cenário nacional, onde o PT teve sua derrocada, em Juiz de Fora as eleições também traduziram a crise política que vive o país, o desgaste do Partido do Trabalhadores e os caminhos abertos à esquerda, mas também à direita do PT.

Como já falamos aqui a derrocada do PT foi cavada por meio da conciliação de classes e as alianças espúrias com o que existe de mais reacionário e conservador na política brasileira. A perda que o PT teve em várias prefeituras e Câmaras pelo Brasil, somado aos votos nulos e brancos, e a busca por alternativas mais à esquerda - como o aumento de candidatos à vereador eleitos pelo PSOL nessa eleição - são expressão de uma crise de representatividade e da busca por saídas à esquerda, mas que como já dissemos também se coloca pra direita, como em várias capitais, sendo São Paulo com Dória um importante por exemplo.

Em Juiz de Fora, essa crise se mostrou no terreno eleitoral quando comparamos as eleições municipais de 2012 com 2016. Há quatro anos atrás, o segundo turno – assim como agora – também foi marcado entre PMDB e PT. Porém, em 2012 Margarida Salomão foi para o segundo turno com 106.487 dos votos (37,19%), enquanto Bruno Siqueira teve 115.267 dos votos (40,26%). Os votos nulos foram 22.224 (6,95%) e os votos brancos 11.116 (3,47%).

Nessa eleição de 2016, Bruno Siqueira, atual prefeito, que representa em Juiz de Fora seu partido golpista (PMDB) teve 103.872 votos (39,07%) e Margarida Salomão (PT) teve 59.506 (22,38%). A perceptível queda do PT na cidade vem acompanhada do aumento significativo dos votos nulos (30.771) e brancos (17.015).

A conciliação petista e as lições de um golpe que o PT não combateu

Como de praxe, o PT foi à disputa pela prefeitura de Juiz de Fora com o que existe de mais reacionário e conservador na cidade. Na disputa pelo Executivo, Margarida Salomão e seu partido se coligou ao PROS, tendo como vice o ex-vereador Chico Evangelista. O candidato a vice tem posição marcada pelo reacionarismo e conservadorismo da política, sendo o mesmo que “dirigiu” o movimento na Câmara da cidade contra a campanha “libera meu xixi” da UFJF, que visava a utilização dos banheiros da Universidade de acordo com a identidade de gênero, trazendo o debate mais que preciso sobre a transfobia.

O PROS foi um dos responsáveis pelo golpe institucional no Brasil, tendo seis deputados, sendo que quatro votaram a favor do impeachment. A aliança feita pelo PT em Juiz de Fora com esse partido de direita expressa como o partido não foi e não será consequente na luta contra o governo golpista e seus ataques à juventude e aos trabalhadores.




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