×

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA | José Mariano Beltrame é cogitado por Temer para assumir o Ministério da Justiça

Beltrame é ex-secretário de segurança do Rio de Janeiro, é o criador do projeto de ocupação dos morros cariocas com as UPPs e responsável por um legado de muita repressão aos negros e aos pobres. Possibilidade aponta para um endurecimento da repressão aos movimentos sociais por parte do governo Temer.

segunda-feira 13 de fevereiro de 2017 | Edição do dia

O ex-delegado da Polícia Federal José Mariano Beltrame está sendo considerado por Michel Temer para substituir Alexandre de Moraes no Ministério da Justiça. Apesar de Temer pretender anunciar o novo responsável pelo ministério após a sabatina de Moraes no Supremo Tribunal Federal (STF), no dia 22, o nome de Beltrame ganha força depois de o favorito de Temer, Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, fazer declarações polêmicas sobre a Lava-Jato.

O cargo de Ministro da Justiça tem sido um ponto intensa disputa entre o PMDB e o PSDB, que discutem a composição do governo desde golpe de agosto do ano passado. Conforme entrevista na última terça-feira para o jornal O Globo, Temer afirma que devido a grande importância do cargo sua escolha ocorreria “no plano pessoal”. Sendo assim, a escolha de Beltrame seria mais uma do presidente golpista que entraria para sua “cota pessoal”, demarcando ainda mais o aspecto antidemocrático da constituição de seu governo.

Beltrame, que exerceu o cargo de secretário de segurança pública no Rio de Janeiro de 2007 a 2016, é o principal responsável pela implementação das UPPs no Rio de Janeiro. Um dos casos emblemáticos em sua gestão foi o desaparecimento e a morte pela UPP do ajudante de pedreiro Amarildo Dias de Souza, que ganhou repercussão nacional em 2013, simbolizando o aumento das forças repressivas no Estado e a perseguição da população negra e periférica do Rio de Janeiro.

Seus anos como secretário de segurança pública do RJ deixou um legado de extrema violência para o estado, em especial para a capital carioca. Como apontamos neste texto, seu legado foi a continuidade e ampliação das práticas racistas e autoritárias tradicionais das instituições policiais, como a pena de morte informal, a prática da tortura e o privilégio de ser julgado por seus crimes pela própria polícia e assim sempre sair impune.

A escolha de Temer, se confirmada nesse sentido, vai aprofundar o caráter repressivo de seu governo, como vinha sendo com Alexandre de Moraes à frente da pasta. Para impedir com que a resistência aos ajustes se desenvolva, o governo aposta na repressão mais violenta possível e o nome de Beltrame aponta para esse sentido.

Ainda que Temer busque apresentar para o Ministério da Justiça um nome aspirando a neutralidade, a ligação de Beltrame com os empresários e poderosos do país não é mistério, basta ver os principais financiadores de seu violento projeto a população pobre do Rio, as UPPs. Em entrevista para a Época Beltrame afirma: “Ele [Eike] contribui com R$ 20 milhões por ano.” A sede azul e branca da UPP exibia carros reluzentes. “Viu as camionetes?”, perguntou Beltrame. “Todas compradas com a ajuda do Eike. As motos para coleta de lixo também.”. O mesmo Eike que recentemente foi preso acusado de participar de um gigantesco esquema de corrupção era quem financiava um projeto de policiamento racista e perpetuando o medo nas favelas cariocas.

A arbitrariedade do governo golpista de Temer ressalta o objetivo de fazer com o que seu governo esteja a serviço dos grandes empresários, donos de fazendas e políticos tradicionais jogando nas costas dos trabalhadores a crise. Ministros que colocam em vigor leis que mudarão a vida de milhares de trabalhadores não são escolhidos em nenhuma medida pela população, pelo contrário, têm sido escolhidos contra ela e conforme o grau de amizade que tem com o presidente.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias