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REFORMA TRABALHISTA | Ives Gandra defende que emprego hoje só é possível com direitos extintos

Em entrevista à Folha de São Paulo, o Presidente do Tribunal Superior do Trabalho, Ives Gandra, deixa claro quem, para ele, deveria pagar pela crise. Na opinião do ministro devem ser os trabalhadores e a Reforma Trabalhista entra em vigor no próximo dia 11 de novembro exatamente para isso.

segunda-feira 6 de novembro de 2017 | Edição do dia

[FOTO: Ives Gandra Filho e Michel Temer (Marcos Corrêa/PR)]

Para justificar a retirada de direitos dos trabalhadores o ministro do TST, afirmou que para ele o crescimento de encargos trabalhistas colaborou com a crise e por isso a possibilidade de trocar um direito por outra vantagem, em um período de crise econômica é um dos avanços que dão maior flexibilidade a legislação. Para isso, um dos pontos fundamentais, ou como disse o ministro a “espinha dorsal” foi a negociação coletiva estar acima da legislação.

O magistrado defende ainda que “muitos direitos foram criados pela reforma” e quando perguntado sobre quais são esses direitos afirmou: “Tinha uma sumula do TST que disciplinava a terceirização. Agora há uma lei. A reforma, para os terceirizados, não precarizou condições.” Ou seja, para ele o trabalho terceirizado foi uma “conquista” da nova legislação.

Ives Gandra ainda cita a regulamentação do trabalho intermitente como algo que não piora a condição de empregado, mas sim torna “mais fácil” pois segundo ele a pessoa não teria um emprego se fosse com jornada semanal. Declarou: “Eu te pago a jornada conforme a demanda que eu tiver. Quando eu precisar, eu te aviso. Com o trabalho intermitente, você consegue ajeitar a vida do jeito que quer.” Porque para o ministro o fato de o trabalhador não possuir uma garantia de emprego é mais uma vantagem que nos trouxe a nova legislação.

Para esse mesmo juiz, com a Reforma Trabalhista, o trabalhador permitirá que o trabalhador pare de se "aventurar" por seus direitos e possa se empregar em qualquer sub-emprego que os patrões tem a oferecer, acompanhado por uma vida de miséria e trabalho precário.

E ainda mais uma pérola, quando perguntado o porquê de a reforma gerar tantas reações negativas o ministro responde dizendo que muitos juristas acreditam que a negociação só existe para aumentar direitos do trabalhador e assim para ele: “Se você passa 50 anos crescendo salário e direito termina ganhando R$ 50 mil por jornada de cinco horas. Não há empresa ou pais que suporte.” Aqui parece que o Sr. Ives Gandra só poderia estar falando dele mesmo e de seus colegas privilegiados que recebem salários magníficos às custas do suor de milhões de trabalhadores, pois no mundo real sabemos muito bem que podemos trabalhar uma vida inteira, numa jornada exaustiva com horas extras e sequer receber 10% do valor que pretende o Sr. Ministro.

Mas questionar os privilégios que ele mesmo possui como ministro, isso não passa nem pela cabeça do presidente TST. Na verdade, questionar a Reforma Trabalhista é o problema para esse advogado de patrão, que em junho perseguiu e quis censurar juízes contrários a esse retrocesso.

Fato é que o governo golpista de Temer se apoia nestes argumentos para privilegiar empresários e aumentar a exploração dos trabalhadores, falam abertamente e sem nenhuma vergonha que a culpa da crise econômica são os direitos trabalhistas e se esquecem dos grandes esquemas de corrupção que envolvem grandes empresários e a casta de políticos privilegiados.

Nós que trabalhamos e levamos este país nas costas sabemos que esta crise não é nossa responsabilidade, temos que exigir que os capitalistas paguem pela crise! Pelo fim dos privilégios de políticos e juízes, que todo político e juiz ganhe o mesmo salário que uma professora. Pela verdadeira garantia de emprego, reduzir a jornada de trabalho sem reduzir os salários, dividindo as horas de trabalho entre todos.




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