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DIREITO AO ABORTO | Itamaraty organiza evento antiaborto enquanto Brasil lidera mortes de gestantes e puérperas pela COVID-19

O Brasil foi o país em que morreram 77% de todas as gestantes e puérperas vítimas da COVID-19 no mundo. Enquanto isso, Itamaraty promove conferência antiaborto com deputada bolsonarista.

quinta-feira 6 de agosto de 2020 | Edição do dia

O órgão de pesquisa e divulgação do Itamaraty, Fundação Alexandre de Gusmão (Funag), promoveu nesta terça-feira (04), conferência com deputada bolsonarista Chris Tonietto (PSL-RJ) sobre a importância das políticas contra o direito ao aborto, com o título "A importância da promoção de políticas internacionais de defesa da vida".

Sob a gestão do chanceler Ernesto Araújo, não era de se esperar menos que uma instrumentalização de mais esse órgão para promoção de eventos da ideologia ultraconservadora típica do bolsonarismo.

Para Bolsonaro, Ernesto Araújo, Damares e companhia, negacionistas do poder destrutivo da pandemia desde o início, as vidas que importam não são as das 124 mulheres gestantes ou no puerpério (período pós-parto) que morreram em decorrência da COVID-19 no Brasil entre 26 fevereiro, quando foi registrado o primeiro caso no país, e 18 de junho.

Nosso país tem dados alarmantes nesse quesito. Sozinhos, registramos mais de 77% das mortes de gestantes e puérperas no mundo em decorrência da COVID-19. O levantamento foi realizado por pesquisadores da Unesp, UFSCar, Imip, UFSC e Fiocruz, que integram o Grupo Brasileiro de Estudos de COVID-19 e Gravidez, usando dados do Ministério da Saúde sobre as hospitalizações por SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave).

A preocupação do governo é promover sua ideologia contra a vida das mulheres, enquanto na prática, ao não efetivar políticas públicas necessárias, nega o direito à maternidade para a maioria das mulheres, que não têm acesso a serviços públicos de qualidade do início da gestação até a criação dos filhos. Uma triste realidade desde os chamados dias de “normalidade”.

Porque defender o aborto legal, principalmente em meio a uma pandemia?

A Organização Mundial da Saúde considera todos os serviços de saúde sexual e reprodutiva como essenciais (isso inclui a interrupção legal da gravidez, o acesso a anticoncepcionais e contraceptivos de emergência).

A ONU calculou que, na pandemia, poderia haver 15 milhões de gravidezes indesejadas em função da falta de contraceptivos ou falta de acesso à saúde reprodutiva.

Os riscos para a saúde aumentam quando o aborto não é legal e é pior quando está criminalizado, como segue sendo no Brasil: cada ano, semana, dia que não se garante esse direito, significam mortes de mulheres que poderiam ser evitadas.

A maré verde de luta feminista que vem marcando presença na América Latina nos últimos anos, colocando centenas de milhares de mulheres nas ruas e promovendo greves internacionais pelo direito ao aborto, é a resposta efetiva, em aliança com o conjunto da classe trabalhadora, para enfrentar governos conservadores.

Bem como para fazer frente à pressão das igrejas na política e conquistar direitos democráticos elementares, como a legalização do aborto, apontando a uma saída de fundo para que não sejam as mulheres, negr@s e jovens trabalhadores que paguem com nossas vidas pela crise.




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