segunda-feira 3 de julho de 2017 | Edição do dia
Uma grave crise atravessa o Estaleiro Mauá, na região metropolitana do Rio de Janeiro, onde obras no valor de US$ 6 bilhões estão paralisadas, assim como outros no país afora somando mais mais de 50 mil trabalhadores demitidos no setor pós-início da crise.
A situação no estaleiro Mauá encontra-se tão crítica que ao menos uma vez por semana os trabalhadores precisam usar uma bomba para retirar dos tanques de um navio atracado no cais a água que entra por uma fissura no casco sendo, embarcação que está inacabada por dois anos, sendo que cada navio desse custa em torno de RS 300 milhões.
"A cada dia em que o navio fica parado, é mais um dinheiro que vai ter que ser gasto na sua recuperação depois", denuncia o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói, Edson Rocha, à redação do jornal da Folha.
Desde 3 de julho de 2015 paralisado, o Estaleiro Mauá contém 3 navios inacabados desde que a indústria naval do país foi atingida pelo esquema de corrupção na Petrobras. O levantamento feito pela Folha conta que além destes 3 navios parados, existem outros 3 navios, 7 sondas, um casco de plataforma e 4 comboios hidroviários parados nos diversos estaleiros no país, em distintos estágios de construção, somando US$ 6 bilhões de prejuízo aos cofres públicos aguardando a solução de problemas contratuais ou judiciais.
As obras, que já haviam sido contratadas a preço superiores do que dita o mercado internacional, hoje estão saindo "mais caro que a encomenda" por estarem enferrujadas, como é o caso de 4 embarcações contratadas por US$ 87 milhões cada. "Para concluir [a obra], vai ter que gastar mais dinheiro", afirma Sérgio, vice-presidente do Sindicato da Indústria de Construção e Reparo Naval.
Assim como o Estaleiro Mauá, o Estaleiro Ilha (EISA) também tem mais 3 navios inacabados, sendo que ambos estaleiros hoje estão pedindo recuperação judicial em busca de proteção para negociar com os respectivos credores. Já as sondas dos estaleiros Brasfels, Jurong Aracruz e Atlântico Sul tiveram suas obras paralisadas por falta de pagamento da Sete Brasil, empresa que também está em recuperação judicial.
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Veja abaixo a atual situação dos Estaleiros do Brasil:
Obras paradas: Quatro sondas da Sete Brasil em diferentes estágios de acabamento
Valor do contrato: Parte de uma encomenda de sete sondas, a US$ 662 milhões cada
Situação: Contratos cancelados pelo estaleiro em 2015 diante dos atrasos no pagamento
Obras paradas: Uma sonda da Sete Brasil, com 85% da obra concluída
Valor do contrato: Parte de uma encomenda de seis sondas, a cerca de US$ 804 milhões, cada
Situação: Sem receber desde novembro, estaleiro entrou em processo de arbitragem contra a Sete
Obras paradas: Três porta contêineres da Log-In, em diferentes estágios de acabamento
Valor do contrato: Parte de uma encomenda de cinco porta contêineres, a US$ 66 milhões cada
Situação: Alegando falta de dinheiro para prosseguir as obras, estaleiro fechou as portas e pediu recuperação judicial em 2015
Obras paradas: Três navios petroleiros para a Transpetro, subsidiária da Petrobras, em diferentes fases de acabamento
Valor do contrato: Parte de uma encomenda de quatro navios do tipo Panamax, a US$ 87 milhões cada
Situação: Navios foram contratados a uma SPE chamada Eisa Petro Um, que parou a obra em julho de 2015, depois de ter negado pedido de aditivos pela Transpetro
Obras paradas: Duas sondas da Sete Brasil, em diferentes estágios de conclusão
Valor do contrato: Parte de uma encomenda de seis sondas, a cerca de US$ 816 milhões cada
Situação: Obras suspensas pelo estaleiro em fevereiro de 2016 por falta de pagamento do contratante
Obras paradas: Quatro comboios hidroviários, formados por um empurrador e quatro barcaças cada um, já concluídos
Valor do contrato: Parte de uma encomenda de 20 comboios, a US$ 12 milhões cada
Situação: Contrato suspenso pela Justiça por suspeitas de fraude na licitação
Obras paradas: Casco da plataforma P-71, da Petrobras, com 50% das obras concluídas
Valor do contrato: Parte de uma encomenda de oito cascos, a US$ 425 milhões cada
Situação: Projeto foi retirado do planejamento estratégico da Petrobras e obras foram suspensas em dezembro
Fonte: Empresas e Sinaval
Foto: Estaleiro Eisa Petro Um (Marcus Almeida /Somafoto)