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DEMISSÕES | Indústria paulista fechou 14,5 mil postos de trabalho em janeiro: organizar um movimento contra os ajustes

sexta-feira 19 de fevereiro de 2016 | 01:10

A indústria paulista fechou 14,5 mil postos de trabalho em janeiro de 2016, comparado a dezembro de 2015. Na passagem de um mês para outro, isso representa uma queda de 0,36% no nível de emprego. Mas se o dado for comparado progressivamente, desde janeiro do ano passado foram 253 mil postos de trabalho fechados, uma queda 7,89% no total. O dado foi informado pela Federação de Indústrias de São Paulo (Fiesp), e num mês que normalmente há crescimento de emprego, representam a resposta que os patrões estão dando para a crise econômica: demissão e ataque aos direitos dos trabalhadores.

Dos 22 setores pesquisados, 14 tiveram saldo negativo de vagas. Em apenas cinco deles houve mais contratações que demissões, e três ficaram estáveis. Entre os positivos, destacaram-se os setores de Couro e Calçados, com saldo de 1.424 vagas. Empresas de Açúcar e Álcool foram responsáveis por dois terços da redução no emprego (4.820 vagas a menos). Isso contribuiu para que o setor de Produtos Alimentícios fosse o que mais demitiu (6.079 vagas eliminadas). Metalurgia (corte de 2.223 postos) vem a seguir, com demissões concentradas em Cubatão, dando a essa região o pior desempenho no mês, com variação negativa de 8,85% no nível de emprego. Jacareí, com queda de 6,7%, fica em segundo.

Segundo Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp e do Ciesp (Depecon), "Começamos 2016 com os dois pés esquerdos". "O Brasil", diz Francini, "vai ter que se acostumar em 2016 a ouvir ’o pior da história’". Na realidade, esta realidade é o que a patronal e os governos querem que os trabalhadores aceitem. O “melhor da história”, os donos das indústrias viveram no último período de crescimento econômico, acumulando um lucro recorde à custa do suor dos trabalhadores. Agora em recessão econômica, para manter a mesma taxa de lucro que antes, arrocham os salários para que sejam os trabalhadores que tenham que apertar os cintos, ou diminuem a produção demitindo em massa em várias fábricas. A “história” em tempos de crise econômica é um cabo de guerra e não pode ficar ao lado do patrão e dos trabalhadores ao mesmo tempo.

Assim está sendo na Mecano Fabril em Osasco (SP), onde todos operários da fábrica estão há três meses sem receber, e completaram 15 dias de greve hoje, lutando pelo direito mais básico e constitucional de receber pelo trabalho prestado. Na Mecano, a patronal lucrou milhões vendendo peças para montadoras como Fiat, Ford e Volkswagen e agora alega que não tem dinheiro nem para pagar os operários nem para comprar matéria-prima. Mas os livros de contabilidade a patronal não mostra. Já na General Motors de São José (SP), a patronal decidiu, depois de sucessivos PDVs, demitir diretamente 517 operários para manter seus lucros.

Na MABE, em Campinas e Hortolândia (SP), a patronal decretou falência. Isto é uma manobra na justiça, para poder colocar na rua 2 mil trabalhadores e sair impune. Esta jogada esconde interesses maiores como uma das acionistas da Mabe, a concorrente Electrolux, e desta forma a patronal se livra de arcar com os direitos dos trabalhadores e continua sua atividade em outra vizinhança, um calote “VIP”. Na MABE, os operários se precaveram e ocuparam a fábrica, para que o maquinário não saia de lá de dentro.

O Esquerda Diário vem acompanhando as demissões na indústria desde o ano passado e chama a apoiar os trabalhadores contra as demissões e os ataques dos governos e da patronal. Na MABE, assim como [na Mecano - > http://www.esquerdadiario.com.br/Todo-apoio-a-greve-na-Mecano-Fabril ], ou na GM, a luta é uma só, em defesa dos postos de trabalho.

A ocupação da MABE, a longa greve da Mecano Fabril, entre outras lutas operárias mostram como uma resistência operária mais forte está se iniciando. É preciso um grande movimento de solidariedade que fortaleça estas lutas e contribua para sua vitória.




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