quinta-feira 22 de setembro de 2016 | Edição do dia
Em sua turnê de caixeiro viajante por Nova York, estudada a fim de vender o país e não participar de qualquer debate da Assembléia da ONU, Temer "deixou escapar" que o golpe institucional foi realizado porque "não se aceitou implementar" o programa Ponte para o Futuro, sugerindo que Dilma e o PT, que atacaram os direitos dos trabalhadores duramente, não tinham condições de fazer ajustes na velocidade necessária para os patrões.
“E há muitíssimos meses atrás, eu ainda vice-presidente, lançamos um documento chamado ‘Uma Ponte Para o Futuro’, porque nós verificávamos que seria impossível o governo continuar naquele rumo. E até sugerimos ao governo que adotasse as teses que nós apontávamos naquele documento chamado ‘Ponte para o futuro’. E, como isso não deu certo, não houve adoção, instaurou-se um processo que culminou agora com a minha efetivação como presidência da república.”
“Venho aqui convidá-los a participar dessa nova fase de crescimento do país,” concluiu Temer, em tom de leilão.
Veja o vídeo feito pelo The Intercept:
Como denunciamos no Esquerda Diário, a “Ponte para o futuro” prescreve a desvinculação dos recursos da saúde e da educação, desindexação dos benefícios e do salário mínimo, mudança de idade para a aposentadoria, parcerias com o setor privado e abertura comercial. Essas ideias estavam claramente refletidas na fala de Temer na AS/COA, que visava dar seguimento à incansável empreitada de privatizações e facilitação da entrada do capital estrangeiro no país, listando as vantagens e garantias que seu governo planeja implementar para assegurar o lucro dos membros da plateia, que o ouviam (não tão atentamente) enquanto desfrutavam de suas refeições.
Um golpe institucional nunca foi tão documentado antes, com a finura e desfaçatez do próprio golpista.
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