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A terra é redonda e dá voltas | Hoje aliado de Bolsonaro, Roberto Jefferson já apoiou Lula e foi perdoado por Barroso

O mundo dá voltas. O ultrarreacionário Roberto Jefferson é figurinha carimbada de Brasília, já apoiou FHC, Lula e Temer, foi condenado a 7 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, ficou famoso por ter jogado tudo do mensalão no ventilador, foi perdoado por induto presidencial pela Dilma em 2015 e, pasmem, quem o soltou na época foi o ministro do STF, Luis Roberto Barroso, desafeto de Jair Bolsonaro.

sexta-feira 13 de agosto de 2021 | Edição do dia

A trajetória de Roberto Jefferson, preso na manhã dessa sexta-feira 13, parece o poema de Drummond, Quadrilha. De fato, o nosso poeta de Itabira conseguiu proezas no que toca à capacidade de sintetizar aspectos sinistros da vida nacional.

Ex-aliado de FHC, de Lula e de Temer, o gangster de Petrópolis aderiu ao que há de mais podre no reino da política nacional e internacional nos últimos anos, uma extrema-direita digna de um proto-fascismo abjeto. Mas antes disso ele fazia parte do fisiologismo básico dos porões de Brasília, do centrão. Em 2002 Jefferson apoiou Ciro Gomes para a presidência, na época do PPS, e no segundo turno chamou voto em Lula.

Levou à frente o velho toma lá, dá cá com o PT até 2005, quando explodiu o escândalo do mensalão, do qual ele era operador central. Saiu como delator de uma operação de corrupção da qual era peça-chave. Foi preso em 2007 e liberado em 2015 graças a induto feito por Dilma Rousseff e autorizado pelo ministro do STF, Luiz Roberto Barroso. Santa ironia ou pitoresca coincidência de uma sexta-feira 13 no mês do cachorro louco. Hoje, portando armas, repetindo Olavo de Carvalho e fazendo vídeos como se fosse um caçador de povos nativos do faroeste norte-americano, Bob Jeff foi preso após atacar o STF.

A Terra dá voltas, de fato, apesar da turma de Bob achar que é plana. Bolsonaro e o ex-deputado vêm atacando Barroso com severa insistência nos últimos tempos. Com a derrota de Trump, a ofensiva cresceu. Hoje Barroso é presidente do TSE e vem erguendo campanha contra o voto impresso de Jair Bolsonaro, a desculpa antecipada da possível derrota em 2022.

Barroso, em 2015, disse apenas ter cumprido decisão da presidenta Dilma Roussef, que ordenou induto para várias pessoas no período natalino. Mas Barroso poderia ter negado, como o fez com os de Temer em 2018. A ironia disso tudo está no fato de Bob estar preso por ter atacado justamente o STF, aquele que permitiu sua soltura.

No vai e vem do regime golpista brasileiro, o STF também já foi peça-chave para a eleição de Bolsonaro, como quando negou o habeas corpus de Lula em 2018. Hoje a Corte foi para cima de importante aliado de Bolsonaro, e presidente nacional do PTB, mas ontem estava avalizando as privatizações que o Congresso aprovou e que Paulo Guedes mandou, as reformas neoliberais e o conjunto dos ataques contra os trabalhadores e a população mais pobre do país que Bolsonaro tanto quer.

Em meio a tudo isso, temos que fortalecer uma alternativa independente dos trabalhadores, contra essa extrema-direita grotesca de Bolsonaro e Roberto Jefferson e que se enfrente com o conjunto dos atores golpistas desse regime apodrecido. Leia mais sobre em nosso Editorial MRT: Qual resposta nossa classe precisa dar?




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