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28A X TEMER | Hoje Temer e os empresários comemoram. Faremos de tudo para que sua vitória seja de Pirro

Leandro LanfrediRio de Janeiro | @leandrolanfrdi

quinta-feira 27 de abril de 2017 | Edição do dia

Temer cumpriu mais uma de suas promessas aos capitalistas nacionais e estrangeiros (para quem tem dúvida sobre os estrangeiros veja como foi a visita do primeiro ministro espanhol Rajoy). Conseguiram aprovar, à toque de caixa a reforma trabalhista. Por 296 a 177 votos. Agora o mesmo projeto vai ao Senado. Daqui a 24 horas o país verá a maior paralisação nacional em décadas. Temer comemorará essa noite, mas está assustado. Doria está assustado. A justiça está assustada, até seus ventríloquos como um Merval Pereira estão assustados.

Minutos depois da votação a Globo News colocava Merval Pereira para comentar o resultado. Ele rapidamente opinou que talvez seja melhor adiar a votação da Reforma da Previdência. O número alcançado não garante a aprovação do ataque às aposentadorias. Outros comentaristas argumentavam como o governo conta com uma margem muito estreita, porque inclusive parte daqueles que votaram a favor da reforma trabalhista já se declaram contra a reforma da previdência.

Temer está ciente da dificuldade. Hipotecou seu governo em garantir esses ataques. Chama diariamente algum deputado ou senador para um café da manhã, pago com recursos públicos para tentar seduzir com canapés (ou cargos) para que apoie o ataque. Procurou Silvio Santos e diversos meios de comunicação para que apoiem. Rodrigo Maia, presidente da Câmara, procurou empresários pedindo apoio. Estão assustados.

E frente a força que o dia 28 está mostrando, estão tomando medidas repressivas para tentar criar medo, mas com isso não escondem o próprio medo. Temer prometeu cortar o ponto dos grevistas federais. Doria daqueles da cidade de São Paulo, Alckmin acionou a justiça paulista para proibir a greve.

Suas ameaças não estão surtindo efeito. Cada hora descobrimos mais uma categoria que vai parar. Até mesmo nas páginas coxinhas da Veja vemos uma enquete online dando apoio à greve geral.

As hostes golpistas estão sofrendo deserções, ou no mínimo ameaças de deserção em troca de cargos. O PSB anunciou fechar posição contra a reforma trabalhista e previdenciária e hoje votou em maioria contra a reforma trabalhista (16 a 14). O Solidariedade do Paulinho da Força também orientou voto contrário e também votou em maioria contra (9 a 5). Temer está de cabelos em pés com outros importantes partidos de sua base como o PR e PSD com mais votos e maiores riscos caso rompam.

A vacilação desses deputados se explica única e exclusivamente pela raiva que os trabalhadores estão expressando em cada local de trabalho e o receio que eles tem que essa raiva se expresse, mesmo que distorcidamente nas próximas eleições. Seguramente essa raiva vai aumentar com a votação dessa noite. Deputados delatados, milionários, acabaram com boa parte da CLT. Isso deve se expressar com um fortalecimento da ação de sexta-feira. A vitória de hoje pode custar caro.

Os capitalistas perderam o medo da classe trabalhadora. Depois de anos de conciliação de classes pela influência do lulismo, depois da não resistência da CUT e CTB ao golpe acharam que poderiam ir por tudo. Começaram a tocar esse plano. Mas ele provocou a classe trabalhadora. E mesmo quem não se movia como as centrais sindicais teve que mover-se devido a pressão da base.

Temer está pressionado pela Lava Jato por um lado, pela exigência patronal de aprovar as reformas custe o que custar e pela ação da classe trabalhadora, marcada pelo dia 15 de março e pela promessa contundente desse dia 28. Os índices de aprovação do golpista em pesquisas de opinião mostram como fora os donos de empresas quase ninguém o aprova, goza de ínfimos 4% de avaliação “boa/ótima” segundo a IPSOS.

O governo Temer não é um governo normal. Chegou ao poder com um golpe. Ignora a opinião pública porque sua sustentação não está aí, está na redação dos grandes jornais, está na FIESP, está no FMI. Mas uma forte ação da classe trabalhadora pode derrubá-lo, pode fazer derreter cada uma das medidas votadas recentemente.

Sua vitória de hoje, pode ter sido como daquele general romano, Pirro, que ganhou uma batalha mas quase arriscou Roma ao comprometer tantas tropas para alcançar tal êxito. Não está dado que a vitória de hoje será de Pirro. Mas faremos de tudo para que seja. O governo está debilitado. Com a força do dia 28 batalharemos para não dar mais nenhuma trégua aos ataques e a Temer, precisamos preparar uma greve geral até derrubar Temer e as reformas e com isso abrir caminho a um questionamento maior a todo esse podre regime. Está inscrito nas possibilidades da realidade partir da defensiva para o contra-ataque. Trabalhemos por isso. Façamos eles se arrependerem, mortalmente, de sua comemoração de hoje. Nossa vingança não será servida fria. Será quente: ao batuque de atos e na garantia dos piquetes.




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