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COLÔMBIA | Histórico acordo "de paz" entre o Governo da Colômbia e as FARC

Em Cuba, após 52 anos de enfrentamento armado, chegaram a um acordo definitivo, que deverá ser referendado em plebiscito no dia 2 de outubro.

quinta-feira 25 de agosto de 2016 | Edição do dia

As negociações entre o governo da Colômbia e as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) duraram 4 anos, até que na tarde de quarta-feira, finalmente, o presidente colombiano Juan Manuel Santos, anunciou o "acordo de paz" em Havana.

"O dia chegou. Hoje podemos dizer - finalmente - que tudo está acordado". Essas foram as palavras com as quais Santos anunciou o tão planejado acordo de paz, sintetizado em um texto de mais de 200 páginas. E agregou que "terminada a negociação e concluído o acordo, fica nas mãos de vocês - de todos os colombianos - decidir com seu voto se apoiam esse acordo histórico que põe fim a esse grande conflito entre filhos de uma mesma nação", já que o acordo será submetido a um plebiscito convocado pelo presidente para o domingo, 2 de outubro.

As FARC, a guerrilha mais antiga do continente, ainda contam com cerca de 7 mil combatentes que, segundo afirmou Humberto de la Calle, chefe da equipe negociadora do governo, passarão a fazer política legalmente, e concluiu "hoje chegamos a meta. A assinatura de um acordo final com a guerrilha das FARC é o fim do conflito armado. A guerra terminou".

De sua parte, o chefe negociador das FARC, Iván Marquez afirmou em seu discurso que "podemos proclamar que termina a guerra com as armas e começa o debate das ideias. Concluímos a mais bonita de todas as batalhas: a de assentar as bases para a paz e a convivência". Ainda que também se lamentou, "todos quisemos algo mais", deixando evidenciado o fracasso da estratégia guerrilheira em um país como a Colômbia.

As FARC submeterão o acordo a um debate interno, no que se conhece como "décima conferência", um congresso onde as altas e medias lideranças proclamarão "o fim combate armado".

O acordo inclui temas complexos como o acesso à terra para os camponeses, o narcotráfico, garantia de participação política para os membros das FARC e a retirada das minas terrestres.

No entanto, o anúncio dos acordos pode complicar-se com o chamado ao plebiscito, que tem o desafio de um enfrentamento políticos entre Santos e o ex-presidente Uribe (que rechaça os acordos). Segundo as primeiras pesquisas de opinião a maioria dos colombianos votaria pelo "Não" no próximo 2 de outubro, em um rechaço aos acordos. Sendo assim, se abriria uma situação de complexidade ainda maior da que caracterizou esses quatro anos de avanços e retrocessos na negociação.

Não podemos deixar de ver os interesses econômicos por trás do "acordo de paz", recuperando as zonas hoje controladas pelas FARC para os investimentos capitalistas. Um sinal nesse sentido foi o rápido chamado do presidente dos EUA, Barack Obama, que falou por telefone com Santos e o felicitou pela conclusão da negociação. Todo um símbolo.




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