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UNESP Araraquara | Há mais de 250 dias sem bandejão, estudantes da UNESP fazem ato contra o descaso da permanência estudantil

quarta-feira 9 de setembro de 2015 | 14:29

Desde o início deste ano, os estudantes foram “convidados” a buscar seus próprios meios para se alimentar. Se antes pagavam R$2,75 por suas refeições, agora têm que buscar suas próprias saídas, encontrando um novo desafio para permanecerem na universidade, e sendo obrigados a restringir ainda mais seus gastos. A única opção de alimentação no campus são as cantinas, cujo prato sai a um valor em média sete vezes maior do que o do bandejão. A direção não se mostra disposta a oferecer qualquer alternativa, escancarando seu completo descaso com a permanência estudantil. Abstém-se até mesmo de subsidiar uma alimentação durante o período de construção do bandejão, respaldada na crise orçamentária que a universidade atravessa e colocando o peso da crise financeira nas costas dos estudantes mais pobres. Conheça mais sobre a crise da UNESP e sobre campanha impulsionada pelo bandejão.

Ao mesmo tempo, a REItoria da UNESP mantém salários acima do teto de R$ 21.631,00, determinado pelo STF (Supremo Tribunal Federal), que vêm sendo chamados de “supersalários”, e alguns deles de “megasalários” , que em alguns casos passam de 60 mil reais, uma vez haja enorme disparidade entre estes e os salários da maioria dos trabalhadores das universidades, sobretudo se contarmos os serviços terceirizados, que cada vez mais tem sido a estratégia das reitorias para ocupação de diversas funções fundamentais ao funcionamento das universidades paulistas.

Nesse contexto, os estudantes deixam de permanecer na universidade em período integral, especialmente os mais pobres que dependiam do bandejão para manterem sua rotina de estudos e participação nos espaços. O resultado tem sido um forte esvaziamento do campus, de seus espaços de convivência e de organização estudantil, materializando a lógica reiterada de um “campus tranquilo”.

Os estudantes da UNESP Araraquara mostram novamente seu potencial de luta

A assembleia geral dos estudantes desta última quinta relembrou que os estudantes estão de pé e prontos a defender seu direito à universidade. Cansados da política de negociação dos Centros Acadêmicos, especialmente do CAFF (Centro Acadêmico de Ciências Sociais), – que apostaram no “diálogo” com a direção, durante todo o semestre passado – organizaram um ato “fúnebre” pelo bandejão, com velas, cruzes e palavras de ordem, gritando ao diretor e declarando sua responsabilidade pelas “obras paradas e barrigas vazias”. Desvencilhando-se finalmente do diálogo pacífico e de gabinete, mostramos que estamos dispostos a retomar a luta por nossas pautas, por meio de nossa organização independente. E que não deixaremos que a crise da universidade seja descarregada sobre os trabalhadores e estudantes.

Esse ato, que contou com cerca de 70 estudantes, poderia ter sido bem maior já que o contexto de crise e cortes feitos, a postura da UNESP em relação ao bandejão, as questões de permanência em geral e aos “super salários” escancaram o papel dos governos e das REItorias frente a crise: manter privilégios e cortar na carne de trabalhadores e da juventude, especialmente dos setores mais oprimidos. Mais do que nunca, é necessário que os CAs, que são ferramentas de luta dos estudantes, usem sua estrutura para envolver mais estudantes na construção de espaços de socialização e debate, denunciando os Governos e as reitorias (e não “dialogando” com aqueles que são responsáveis diretos pelos ataques), e discutindo as pautas que mais nos afligem, como falta de professores, as festas de conteúdo opressor, os trotes, os casos de racismo, entre outras. Mesmo com essa importante debilidade, o ato tem potencial de abrir um período de maior agitação política no campus. Pensando nisso a assembleia deliberou na semana do dia 18, que ocorrerão lutas nacionais contra os cortes, uma semana de atividades culturais e debates para que os estudantes discutam como podem ser parte da construção de uma alternativa à crise.

A luta das mulheres e dos LGBTTs marcou a assembléia

A assembleia também remarcou a importância de se discutir a terceirização diante da pauta do bandejão. No contexto de crise econômica, implementada pelo PT em aliança com os setores mais conservadores da política nacional, os primeiros direitos a serem rifados são das mulheres, dos LGBTTs e dos negros, de dentro e fora da universidade. Foram várias falas, principalmente, de mulheres e LGBTTs, questionando não só a diretoria e as pautas estudantis, mas chamando os estudantes a se somarem aos trabalhadores, especialmente aos mais precarizados, na luta pelos seus direitos, como o direito à maternidade e condições dignas de estudo e trabalho. Nesse sentido, militantes da Juventude Às Ruas e Pão e Rosas tiveram a iniciativa de impulsionar uma campanha de fotos contra o desmonte do CCI (Centro de Convivência Infantil) da UNESP .




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