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FRANÇA | Grevistas franceses arrecadam 1 milhão de euros em doações para continuar na luta

Na quarta semana de greve por tempo indeterminado do transporte e intermitente em outros setores, os trabalhadores realizaram uma campanha por um fundo de greve que demonstrou ter um importante apoio popular.

sábado 28 de dezembro de 2019 | Edição do dia

A greve na França entra em sua quarta semana. Os ferroviários (SNCF) e o transporte metropolitano de Paris (RATP) estão em greve por tempo indeterminado, enquanto outros setores, como professores, advogados, trabalhadores portuários, trabalhadores da cultura, refinarias e empresa de eletricidade, mantêm uma paralisação intermitente.

O governo de Macron, cuja reforma previdenciária é contestada pelos trabalhadores, joga suas fichas em desgastar o movimento. Para isso, apelou à negociação com as direções sindicais, várias das quais decidiram dar uma trégua ao governo (fazendo a luta recuar), mesmo contra a decisão das bases, e ainda impondo a falta de pagamento para que isso obrigue os grevistas a acabar com a luta.

Os trabalhadores também estão cientes desse problema e, por esse motivo, nas últimas semanas, desenvolveram uma atividade intensa para garantir um fundo de greve que permite, por meio de doações, arrecadar dinheiro para suprir parte dos mais de 100 euros por dia que cada grevista perde.

A atividade foi um verdadeiro sucesso, e a CGT (apenas um dos sindicatos) anunciou que havia levantado um milhão de euros em doações.

O dinheiro foi recolhido através de caixas com a legenda "solidariedade aos grevistas" em diferentes partes do país. Nas praças e ruas do centro, até nos próprios terminais, pedágios ou rotas. A tecnologia também foi usada para permitir doações on-line, além da plataforma Twitch, dos fãs de videogame, onde arrecadaram mais de 100.000 euros.

E ainda atividade não serviu apenas para arrecadar dinheiro, mas também para explicar as razões da greve a milhares de pessoas e, acima de tudo, para ter um termômetro de apoio social à luta.

Após o anúncio da CGT, Marianne Ravaud, vice-secretária geral do sindicato, disse "Essa é uma evidência concreta do apoio de uma grande parte da população". Recebemos cheques de toda a França, de funcionários do setor privado, professores e aposentados".

Uma parte da receita já foi doada desde o início desta semana: 250.000 euros para os grevistas da RATP, 40.000 euros para os ferroviários de Versalhes, 25.000 euros para os de Le Bourget ou 30.000 euros para os grevistas de Hendaye e Bayonne

Apesar das tentativas do governo de desprestigiar os grevistas e dos grandes meios de comunicação que o que os postulam como setor "privilegiado" dos trabalhadores, o apoio social permanece alto desde o início da greve, em 5 de dezembro

Antes do início das ações, cerca de 60% das pessoas disseram apoiar os grevistas. Depois de duas semanas, o apoio ainda era alto e chegava a 54%, e no meio dos feriados, com toda a campanha do governo contra e com a situação caótica pela falta de transporte, a greve ainda chegava a 51% de apoio social.

Nesta quinta-feira, os trabalhadores de base (sem consultar as direções sindicais) planejaram e realizaram uma marcha bem-sucedida em Paris, liderada pelos trabalhadores da SNCF e RATP. Sem dar a "trégua de Natal" solicitada pelo governo, os trabalhadores reaqueceram a atmosfera na manifestação anterior convocada pelos sindicatos para este sábado, 28 de dezembro.

Enquanto os manifestantes cantam: "Sem se retirar da reforma, não há trégua", a luta contra a reforma de Macron, pelo menos por enquanto, está em boa saúde.




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