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REFUGIADOS | Grécia começa a expulsar centenas de refugiados para Turquia

Centenas de refugiados foram expulsos nesta segunda, desde a Grécia até a Turquia, transferidos em três embarcações com forte presença policial.

quarta-feira 6 de abril de 2016 | Edição do dia

Foto: EFE/Tolga Bozoglu

Uma manhã fria e escura nas costas do Egeo. Dois barcos com bandeira turca zarparam, desde a ilha de Lesbos, na Grécia, com destino ao porto de Dikili, na Turquia. A primeira embarcação escoltada por dois barcos da guarda costeira turca e um helicóptero, transportando 131 imigrantes, em sua maioria paquistaneses. Um pouco mais tarde, somou-se outra com 66 refugiados expulsos da ilha grega de Chios. O operativo contou com uma forte presença dos policiais europeus: um para cada imigrante deportado.

Esta segunda começou a ser implementado o pacto entre a União Europeia e Turquia, com a expulsão massiva de refugiados. No total são 132 cidadãos do Paquistão, 42 afegãos, 10 do Irã e de outros sete países, entre esses estão dois sírios que "por razões pessoais" supostamente pediram para voltar para Turquia, segundo autoridades gregas.

"Só vamos provar a nossa sorte. De toda forma, já estamos mortos"

Nas ilhas do Egeo acampam mais de 6.000 pessoas, enquanto no campo de detenção em Moria, na ilha de Lesbos, já se encontram mais de 3350 pessoas, e diversas ONGs têm denunciado as condições insalubres nas quais têm que viver juntos homens, mulheres e crianças.

A situação é parecida com a da ilha de Quíos, em cujo centro de detenção seguem trancados mais de 1800 migrantes aos quais se somam os 600 que escaparam derrubando uma vala na sexta e que logo foram reprimidos pela polícia.

Ao redor de 300 destes imigrantes se instalaram em um campo aberto de propriedade do Ajuntamento, e outros 300 estão no porto da capital da ilha esperando para tomar um barco até Atenas.

Ao porto ateniense de Pireo, onde já se acumulam mais de 4.800 pessoas que o governo grego espera transferir para outros campos organizados durante esta semana, chegaram no domingo à noite 73 refugiados, procedentes da ilha de Samos, e na segunda pela manhã 25 adicionais de Lesbos.

Apesar do acordo da UE com a Turquia reforçar o controle nas fronteiras, as chegadas à Grécia não têm diminuído: mais de 300 pessoas chegaram em 24 horas entre domingo e segunda, somadas às 1.400 que chegaram no fim de semana. Os refugiados seguem buscando uma maneira de fugir da guerra na Síria e não se resignam a ficar na Turquia.

Umas poucas horas depois de zarpar o primeiro barco da ilha de Lesbos, a guarda costeira grega resgatou ao menos duas lanchas que levavam mais de 50 migrantes e refugiados que tentavam chegar à ilha.

Também na segunda a guarda costeira turca resgatou e levou a um centro de detenção de Dikili um grupo de 47 pessoas, em sua maioria paquistaneses, informou uma testemunha à Reuters. "Só vamos provar nossa sorte. De toda forma já estamos mortos", disse Firaz, 31 anos, Sírio curdo que viajava com seu primo.

Durante o fim de semana, tanto nos centros de registro das ilhas, como nos campos de Idomeni e no porto de Pireo, aumentou ostensivamente a tensão. Já houve numerosos protestos e choques com a polícia.

Um vídeo mostra um desses momentos de tensão e desespero entre os refugiados, que terminam gritando "shame" (vergonha) aos policiais gregos que os ameaçam.

O governo grego disse no domingo que estava "preparado para possíveis surtos de violência por parte dos refugiados" quando começaram as devoluções, segundo admitiu o porta-voz do centro da gestão de refugiados, Yorkos Kyritsis. A UE prometeu 1500 policiais de diversos estados membros para reforçar as forças de segurança da Grécia.

Expulsões, xenofobia e repressão são a resposta da União Europeia aos refugiados que fogem da guerra.




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