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PETROLEIROS | Graças a burocracia governista, greve petroleira começa dividida

quinta-feira 29 de outubro de 2015 | 14:17

Começou hoje em 6 estados a paralisação dos petroleiros. Abrangendo o litoral paulista, a capital fluminense, São José dos Campos, Alagoas e Sergipe, e algumas unidades do norte do país começou a luta dos petroleiros.

Esta greve iniciada por 5 dos 17 sindicatos da categoria acontece em meio a já anunciados pacotes de privatização de empresas do sistema Petrobrás, como a venda a preço de banana de 49% da subsidiária Gaspetro à japonesa Mitsui, em meio à dezenas de milhares de demissões de terceirizados e tentativa de arrocho salarial e perda de direitos para os efetivos.

Os outros 12 sindicatos liderados pela governista Federação Única dos Petroleiros (FUP- ligada à CUT e CTB) estão há meses postergando o ínicio de uma greve com variados argumentos, desde esgotar as negociações com Dilma e o ministro Jacques Wagner a uma nebulosa negociação com o ministério público para "regrar" uma greve que eles nunca iniciam. Os petroleiros votaram já inúmeras vezes em assembléias em todo o país, de forma quase unânime, seu desejo de entrar em greve por tempo indeterminado. Porém a FUP não marca a data de início de uma greve votada.

O motivo de fundo para a falta de ação da FUP é seu desejo de blindar o governo Dilma do enfrentamento com esta poderosa categoria que tem que se enfrentar com um projeto de privatização de 1/3 do sistema Petrobrás, demissões em massa de terceirizados, e ainda uma tentativa de arrocho salarial aos petroleiros, oferecendo um aumento salarial abaixo da inflação. Agora, que outras categorias que tem como patrão o governo federal já saíram da greve, e está esgotado o risco de confluência com bancários e correios aumenta a possibilidade da FUP chamar alguma mobilização controlada.

Visando esta "blindagem" do governo, a FUP argumenta estar negociando uma pauta contra a privatização e se recusa a discutir o acordo coletivo, criando uma falsa dicotomia entre fazer greve contra a privatização ou fazer greve por salário, quando todos petroleiros acham justo e necessário garantir tanto seus salários como o futuro da empresa.

Enquanto isto a FUP garante que nem uma coisa nem outra aconteça.

A greve iniciada pelos 5 sindicatos da minoritária FNP visa pressionar a FUP aderir a uma greve unificada.

A mobilização desta poderosa categoria precisa passar por cima dos freios impostos pela FUP, garantindo assembléias e organização na base em cada local de trabalho, mas também precisa avançar em hierarquizar a luta em defesa dos terceirizados e seus empregos para colocar em movimento toda a força da categoria e não somente os chamados "crachá verde". Esta pauta, que consta formalmente nas reivindicações da FNP precisa virar força real em cada unidade, a partir de assembléias e ações que unifiquem terceriziados e efetivos.

Unificar as lutas dos estaleiros, dos demitidos do COMPERJ, Suape, entre várias outras áreas afetadas pela crise da Petrobrás é o que poderia colocar em xeque o plano privatista que tanto Dilma e o PT como os tucanos tem para a empresa. Podem divergir nos métodos de privatização mas tucanos e petistas se unem neste objetivo.

A luta desta categoria em meio a continuidade das denúncias da Lava Jato exige também dos petroleiros avançar em um questionamento mais profundo ao funcionamento da empresa. Sob comando de empresários ou políticos indicados por empresários ou usados para corrupção das empresas e partidos do regime (PT, PSDB, PMDB, etc) só pode redundar em exploração, acidentes e corrupção. Os trabalhadores controlarem democraticamente a empresa é a única resposta de fundo à corrupção para solidificar uma aliança entre os petroleiros e o conjunto da população. Somente sob controle dos trabalhadores os vastos recursos da Petrobras poderiam atender aos interesses de todo povo brasileiro e não só a uma casta de gerentes, políticos e empresários.

Siga a cobertura e opiniões no Esquerda Diário sobre o andamento desta greve.




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