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Alemanha | Governo de Olaf Scholz dará continuidade ataques a imigrantes e classe trabalhadora alemã

A Alemanha terá um governo de "centro" com Olaf Scholz do Partido Social Democrata da Alemanha (SPD) como chanceler, em coalizão com os Verdes e o Partido Democrático Livre (FDP) neoliberal. O governo prevê a realização de reformas bastante tímidas, ao mesmo tempo que continuará o legado neoliberal de Angela Merkel, seguindo os ataques contra imigrantes, aposentados, trabalhadores, aumentando a militarização e mantendo intactos a destruição ambiental realizada pela indústria alemã.

quarta-feira 8 de dezembro de 2021 | Edição do dia

Os três principais membros da coalizão "Semáforo": Annalena Baerbock (Partido Verde), Olaf Scholtz (novo chanceler alemão. Partido Social Democrata da Alemanha) e Christian Lindner (Partido Democrático Livre)

Dois meses após as eleições federais, o Partido Social Democrata da Alemanha, os Verdes e o Partido Democrático Livre neoliberal concordaram em formar um novo governo. Prevê reformas individuais, mas também novas medidas neoliberais e mais militarismo.

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Ao final das negociações para uma nova coalizão, apresentaram um documento de 178 páginas que, no entanto, mostra que muitas coisas permanecerão iguais: nada mudará no que diz respeito à falta de pessoal de saúde, à pobreza dos idosos, a precariedade, o aumento dos aluguéis e gastos com energia e o rearmamento dos militares. O ministro da Economia, Christian Lindner, do FDP, será quem vai controlar o rumo neoliberal estrito. Em consonância com as cores vermelho-amarelo-verde dos três partidos que compõem a coalizão, a mesma já recebeu o apelido de "semáforo".

O novo governo faz algumas promessas de transformações no que toca a questões sociopolíticas e democráticas: por exemplo,propõe a abolição do artigo 219a do código penal, que até agora impedia os médicos informarem que praticavam abortos. No entanto, o artigo 218 permanece. E de acordo com esse artigo, o aborto só está isento de punição se ocorrer até a décima segunda semana ou por motivos médicos importantes, caso contrário, ainda haverá a pena de prisão.

A coalizão também propõe que a lei da transexualidade, que estigmatiza as pessoas afetadas, seja substituída pela lei da autodeterminação. A proibição de doar sangue para homens que fazem sexo com outros homens e para pessoas trans será suspensa. A idade de voto deve ser reduzida para 16 anos. Os "semáforos" também querem legalizar a maconha, mas não fala em descriminalizar outras substâncias, mas apenas em medidas de "redução de danos".

Todas essas reformas não são apenas concessões dos membros da coalizão, muitas pessoas militaram e se mobilizaram muitas vezes, por muito tempo por essas medidas. O que também mostra como os governos de Merkel eram bastante conservadores.

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E, na realidade, analisando o aspecto geral do programa da coalizão, vemos que ele seguirá sendo um governo de continuidade dos ajustes, dos cortes, da austeridade contra a classe trabalhadora, contra os idosos, da repressão contra os imigrantes, assim como da destruição ambiental, como já era nos governos de Angela Merkel.

Em relação aos imigrantes, o programa conjunto anuncia uma "ofensiva de repatriação", porque: "Nem todas as pessoas que nos procuram podem ficar". Eles querem "reduzir efetivamente a imigração irregular" e desenvolver ainda mais a força de proteção das fronteiras da União Europeia (UE), a Frontex, para transformá-la em uma verdadeira agência de proteção das fronteiras da UE.

A coalizão, na qual o Partido Verde compõe, mostra também a demagogia desse partido e de Schulz no campo da questão ambiental, já que o fim da energia a carvão será no início de 2038 a 2030, mas apenas "idealmente". Os verdes terão efetivamente um "super ministério" de economia e proteção climática. Mas o ministério dos transportes, muito importante para os objetivos climáticos, ficará para o FDP.

Vale lembrar que a Alemanha hospeda em seu território 10 das 30 Usinas Termelétricas mais poluentes da União Europeia, além disso, é também bastante conhecido na Alemanha o "dieselgate": um escândalo das emissões poluentes causadas pelos veículos Volkswagen, quando em setembro de 2015 veio à tona que esta montadora havia instalado ilegalmente software para alterar os resultados dos controles técnicos de emissão de poluentes em 11 milhões de carros com motor diesel, comercializados entre 2009 e 2015.

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Portanto, qualquer medida de proteção climática com boa relação custo-benefício também terá que ultrapassar Christian Lindner, do FDP, como o novo ministro das finanças. Assim, as propostas de combate à destruição do meio ambiente pelo Partido Verde e por Scholz é puro greenwashing burguês, pois fecha os olhos aos problemas estruturais da indústria alemã, que lucra bilhões com a destruição ambiental.

O novo governo também anunciou quais serão os primeiros ataques contra a classe trabalhadora: com base em acordos coletivos ou acordos de empresas, o tempo máximo de trabalho diário pode ser estendido. Os empregos de meio período subsidiados por impostos estaduais também serão ampliados, substituindo os contratos de trabalho regulares.

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Em relação à previdência, a pedido do FDP, parte da pensão será financiada, o que é um passo no sentido de uma maior privatização da segurança social para os idosos. Em vez de o Estado cuidar dos idosos, eles querem que o mercado faça esse serviço.

Além disso, na Alemanha o freio da dívida entrará em vigor novamente a partir de 2023. No entanto, grandes investimentos podem ser terceirizados fora do orçamento federal (e, portanto, fora do controle parlamentar). Instituições como o banco estadual KfW também serão utilizadas. No entanto, afirmam que onde o Estado é limitado, o mercado deve ajudar: “Queremos ativar mais capital privado para projetos de transformação”.

Sobre a política externa e a militarização do estado imperialista alemão, a nova coalizão está planejando adquirir drones armados para uso militar. A natureza da política externa prevista também pode ser medida pela reação da futura oposição de direita: o vice-chefe do grupo parlamentar dos "Partidos da União" (NdR: a união dos dois principais partidos conservadores CDU / CSU), Johann Wadephul ficou surpreso com a "abordagem realista das questões de política de segurança e defesa".

Também se encaixa no fato de que a coalizão quer manter a participação nuclear da Alemanha. Em geral, há sinais de uma retomada da reaproximação com os Estados Unidos, com uma postura mais dura em relação à Rússia e a designação da relação com a China como uma "rivalidade sistêmica".

Assim, vemos não devemos ter ilusões quanto ao futuro governo, supostamente "progressista". Em grande parte, representa uma "continuação" dos anos de Merkel e tem em mente alguns ataques tangíveis às condições de trabalho. Isso não pode ser motivo de alegria, mas sim de organização para repelir esses ataques.




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