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CORONAVÍRUS | Governo continua a anunciar milhões de testes que não existem

Dos outros 5,6 milhões de testes rápidos, prometidos para ontem (30/03) pelo ministro da Saúde, somente 500 mil chegaram no Brasil. A Fiocruz desconfirmou os chutes do governo sobre a disponibilização de 6 milhões de testes; não foram 5,6 milhões mas 40 mil, 0,67% do prometido. E que, depois disso, entregaria apenas 1,5 milhão de testes por mês.

terça-feira 31 de março de 2020 | Edição do dia

Na coletiva de imprensa de ontem, Mandetta voltou a confirmar a aquisição de 22,9 milhões de testes para a Covid-19. Contudo, 15 milhões destes ainda sequer possuem data de entrega. Do total, 10 milhões não têm indicação de prazo e nem mesmo o fornecedor; os 5 milhões prometidos pela Vale também não têm data. O governo continua a fazer descaso com a vida de milhões de trabalhadores e nega o direito da população trabalhadora e pobre ter acesso à testes massivos.

O governo chegou a tecer comentários sobre os contratos firmados com as indústrias chinesas para insumos básicos, como máscaras e outros, tão necessários para, por exemplo, manter condições mínimas de proteção dos profissionais da saúde. Contudo, foi afirmado que os contratos deixavam em aberto a entrega para ser feita em semanas ou até um mês inteiro. Não há certeza nem da garantia de equipamentos básicos e adequados numa situação que o tempo vale a vida de milhares.

Dos outros 5,6 milhões de testes rápidos, prometidos para ontem (30/03) pelo ministro da Saúde, somente 500 mil chegaram no Brasil. Os que chegaram e os que ainda estão por vir ainda devem ser validados e não é garantido a utilização de todos, alerta a FioCruz. O mesmo instituto desconfirmou os chutes do governo sobre a disponibilização de 6 milhões de testes; não foram 5,6 milhões mas 40 mil, 0,67% do prometido. E que, depois disso, entregaria apenas 1,5 milhão de testes por mês.

Mas além dos atrasos, a Fiocruz já havia informado na semana passada que só tem capacidade instalada para produzir 7500 testes por dia, portanto 225 mil por mês, quase sete vezes menos do que o anunciado. O restante dependeria de importações que a Fiocruz afirma que ainda está buscando e negociando no mercado da saúde, que lucra com doenças e pandemias.

As declarações do governo Bolsonaro ainda limitam-se à promessas que brincam com a saúde e a vida da população. Essa incerteza em prazos, fornecedores e quantidades de testes, organizadas centralmente pelo considerado “super ministro” da vez, Luiz Mandetta, passam a mesma mensagem de fundo que Bolsonaro, rechaçado mundialmente e em atrito com o próprio ministro e suas medidas.

Essa negação de garantir testes massivos vem de um governo que prepara a gestão paliativa de vítimas e mortes da pandemia. De um lado, o ministro que tenta conciliar as posições bolsonaristas em defesa dos lucros dos capitalistas com medidas de isolamento social dos governadores, sem garantir as condições para estas num país que possui mais de 31 milhões de pessoas não têm acesso à água potável. Por outro lado, não garante a criação dos números necessários de UTIs e nem a contratação de profissionais da saúde, desempregados ou estudantes em reta final de cursos; menos ainda procura organizar o sistema de saúde nacional centralizando e tornando pública a rede privada junto com o SUS. Também não o fazem os governadores, inclusive Doria, cujo ritmo de testes prometido em SP ainda levaria 56 anos para testar o mínimo de infectados previsto pelo governo.

Os governos afirmam que o Brasil não tem condições de produzir testes na quantidade necessária, tentam usar a posição internacional de dependência econômica e produtiva como justificativa para a ausência da testagem massiva, que já deveria estar sendo feita faz tempo. Mas escondem que essa “inevitabilidade” da falta de informação e prazos de chegada nos contratos, tanto na importação como no mercado interno, se dá pela irracionalidade da economia capitalista, cuja produção se dá pela necessidade constante de proprietários gerarem crescentes taxas de lucros, mesmo que isso prejudique o acesso à equipamentos básicos para o combate ao coronavírus e a preservação das vidas.

O Brasil foi considerado o sexto maior mercado farmacêutico do mundo em 2019, atrás somente de potências imperialistas como Estados Unidos, China, Japão, Alemanha e da França, por pesquisa da IQVIA. Em 2016, ano de intensa crise econômica no Brasil, quando a classe trabalhadora sofreu a reforma trabalhista e a imposição do Teto de Gastos (que hoje tem como resultado a maior precarização do SUS), a indústria farmacêutica brasileira lucrou R$ 63,5 bilhões.

Há plenas condições de que essa indústria gigantesca se volte para a produção massiva de testes rápidos para a Covid-19, assim como que os institutos e laboratórios de pesquisa tanto privados e públicos se voltem para o desenvolvimento nacional de testes. É possível que todos tenham direito ao acesso dos testes, contudo, as vidas devem vir primeiro e não os lucros dos capitalistas, por isso é necessário defender o controle operários da indústria farmacêutica brasileira para que ela se volte para a produção massiva de testes e deixar de obedecer aos interesses capitalistas do mercado.

Leia mais: O direito à testes massivos pode salvar milhares de vidas

Os testes massivos fornecem os dados e as amostras necessárias para, como muitos especialistas falam, “o achatamento da curva” de infectados e mortos pelo Covid-19. É necessário e possível garantir testes suficientes para conter a pandemia, do mesmo modo que recupera e garantir a máxima estrutura do SUS para combater a pandemia. Mas não serão os capitalistas e seus governos que vão garantir estas medidas essenciais.

Com estes testes e agora não mais cegos frente ao alcance da pandemia, com toda população podendo ter acesso dos locais com maiores índices de caso e até mesmo se apenas quiserem ter certeza que estão seguros; é preciso garantir a produção em massa de respiradores para os milhares leitos de UTI que faltam, para fabricar estas máquinas, o mesmo é preciso fazer que em relação aos testes: nacionalização das empresas capazes de produzir estes equipamentos fundamentais, voltando sua produção para a fabricação rápida e urgente de respiradores. É necessária ainda a construção imediata de hospitais com a contratação de trabalhadores da saúde, garantindo condições de trabalho e proteção.




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