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Mesmo com pesquisas que apontam perigo para o uso do medicamento e com pesquisas inconclusivas sobre o efeito do COVID-19 em mulheres grávidas e seus bebês, o governo quer ampliar o uso do medicamento. Isso em um momento em que o comando do Exército está sendo investigado por superfaturamento na compra de matéria-prima e produção em grande escala deste medicamento que já foi abandonado em muitos países devido pesquisas que apontam os riscos de sua utilização.

sábado 20 de junho de 2020 | Edição do dia

"Foto: Reprodução/Facebook"

O Ministério da Saúde vem colecionando uma série de polêmicas sobre a sua péssima atuação nesse momento de crise sanitária iniciada com a pandemia do COVID-19, além de interferir no levantamento das estatísticas de mortes causadas pelo coronavírus, agora decidiu ampliar o uso da cloroquina em crianças e mulheres grávidas, mesmo quando pesquisas apontam os riscos que o medicamento pode ocasionar na vida de pacientes.

Muitas foram as pesquisas sobre o uso da hidroxicloroquina (mais conhecida como cloroquina). Alguns estudos apontam que o medicamento não pode ser descartado como um dos aliados ao tratamento do COVID-19, mas outros estudos apontam para um aumento do risco de paradas cardíacas, cegueira e agravamento de problemas respiratórios em pacientes que a utilizam.

O governo Bolsonaro vem divulgando amplamente que o medicamento seria um santo milagreiro para o combate à pandemia. Coisa que por si só não é verdade, já que os próprios estudos realizados sempre levaram em consideração o medicamento como apenas um possível aliado dentre outras medidas para um tratamento efetivo, mas sem garantias. E ainda, muitas pesquisas chegaram à conclusão de que em muitos pacientes a hidroxicloroquina pode acabar sendo o grande veneno para o organismo quando receitada erroneamente.

Diante disso, como um Ministério da Saúde – que vêm dando respostas nada efetivas ao combate à essa pandemia, que se demonstra cada vez mais aliado ao lucro da burguesia, que defende que a economia é mais importante que a vida dos brasileiros – pode anunciar uma ampliação do uso da hidroxicloroquina para o tratamento de COVID-19, ainda mais para mulheres grávidas e crianças? Apesar da prescrição do medicamento ficar à critério médico, como se pode liberar a ampliação do uso do medicamento já que estudos apontam grande risco de vida para parte dos pacientes que podem utilizar o medicamento?

Os estudos sobre o que o COVID-19 pode causar em mulheres grávidas e seus bebês ainda são bastante inconclusivos, enquanto os estudos da hidroxicloroquina vêm apontando possíveis riscos de piora do quadro de saúde de pacientes, somando a isso, o fato de que a grande maioria esmagadora da população não tem acesso a possibilidade de realizar uma bateria de exames para um diagnóstico mais efetivo do quadro. Ou seja, uma ação irresponsável e genocida por parte do governo Bolsonaro e dos militares contra nossas vidas.

Inclusive, o Ministério Público solicitou ao Tribunal de Contas da União (TCU) a abertura de uma investigação sobre o possível superfaturamento na compra sem licitação de matéria-prima para medicamentos à base de cloroquina e também investigar o aumento da produção desses produtos em até 84 vezes pelo o Comando do Exército.

Fica cada vez mais claro que o que realmente querem é lucrar com a morte da população, principalmente da população negra, que é a que tem menos acesso a hospitais particulares, a exames que fechem diagnósticos caso a caso com efetividade. A pandemia deve ser combatida com testes massivos para toda a população. Todo o sistema de saúde, público e privado, deve ser centralizado e estar sob o comando dos trabalhadores da saúde, pois são estes os que estão de fato defendendo a vida da população, mesmo nos Estados onde nem se quer estão recebendo seus salários e EPIs para trabalhar. O nosso país é onde mais agentes de saúde morreram em decorrência do COVID-19, sendo grande parte mulheres que hoje estão na linha de frente dessa luta.

A indústria nacional deve ter sua produção voltada para a produção de todos os insumos necessários para essa guerra pandêmica que enfrentamos, onde mais de 1 milhão de brasileiros já foram infectados e quase 50 mil morreram pela doença. Números esses que carregam uma enorme subnotificação de casos. O Brasil é um dos países que menos testam sua população. Se quase sem testes, já chegamos em 50 mil mortes, quanto seria esse número na realidade?

As Universidade, centros de pesquisas e indústria farmacêutica devem girar para o estudo sobre o vírus e todos os meios possíveis que temos para acabar com essa pandemia que se alastra ainda mais agora com a abertura irresponsável do comércio por todo o país. As patentes da indústria devem ser derrubadas para que a produção de todos os insumos químicos e biológicos, mais as pesquisas e produção de medicamentos, seja controlada e gerida pelas trabalhadoras e trabalhadores dos setores industriais envolvidos.

As demissões devem ser proibidas e a população de baixa renda e a sem renda deve receber um auxilio emergencial que não permita que ninguém enfrente essa pandemia com menos de 2 mil reais por mês, sendo que mães solteiras devem receber o dobro para poder sustentar também suas filhas e filhos.

O governo se prova cada vez mais incapaz de controlar a pandemia, além de demonstrar diariamente que não é nem mesmo sua prioridade. É fundamental exigir fora Bolsonaro, Mourão e militares! E lutarmos por uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana que questione todas as instituições e medidas desse sistema desumano. Que a população decida como gerir o país.




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