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SENADO COMPLETANDO A OBRA GOLPISTA | Golpe está se consolidando em votação no Senado

Em longa votação que entrou madrugada adentro, os senadores votavam em ampla maioria pelo afastamento de Dilma.

Leandro LanfrediRio de Janeiro | @leandrolanfrdi

quarta-feira 11 de maio de 2016 | Edição do dia

O Senado hoje está consolidando o golpe institucional. Com a vontade de algumas centenas de deputados, algumas dezenas de senadores, ajuda do Supremo, da mídia, investimento da FIESP e vários setores patronais o voto de 54milhões de brasileiros está sendo sequestrado. Este ato, em si deve ser combatido, mas é agravado por ser feito por ajustadores, políticos notoriamente corruptos, centenas deles imputados em causas de corrupção ou até mesmo crimes de homicídio, por deputados que votavam em nome de seus familiares, igrejas e até mesmo torturadores.

Com métodos autoritários já praticados em morros e favelas, como escutas ilegais, prisões sem julgamento consolidou-se com a operação Lava Jato uma correlação de forças favorável a destituição golpista do governo de Dilma para dar lugar a um governo de mais duros ataques.

Chegamos a esta correlação de forças em última instância devido ao PT adotar as práticas corruptas de governo no capitalismo brasileiro, por promover agressivos ataques aos direitos dos trabalhadores e pela paralisa que a CUT e sindicatos promoveram tanto na resistência aos ajustes como do próprio golpe, tendo feito um fiasco de “paralisação nacional” no dia de ontem. Uma paralisação que não foi construída ativamente em nenhum lugar, escancarando como a CUT teme mais a radicalização operária que o golpe.

Todo o PT (Dilma, Lula, e agora mesmo no Senado) está brandindo como uma espada a tese de que serão "oposição responsável" a Temer, fruto de terem aceitado o golpe institucional da direita e um alerta aos trabalhadores de que não tem nenhuma intenção de atrapalhar os ajustes de Temer com os métodos da luta de classes e assim se preparem para se oferecer como alternativa ajustadora no próximo período, seja em próximas eleições ou no julgamento de Dilma em até 180 dias.

No momento de fechamento desta declaração já haviam declarado voto favorável ao afastamento de Dilma 30 senadores, enquanto somente 09 tinham se pronunciado contrariamente. Estes votos angariados em defesa do golpe surpreenderam os analistas por atestar uma maioria suficiente, caso se mantenha, para aprovar o afastamento definitivo no julgamento em até 180 dias.

As declarações dos senadores tentaram evitar o show de horrores que se viu na Câmara dos Deputados. Todos tentam justificar seu voto com “fundamentos” e, mais que isto, com intensa demagogia de defesa do emprego e dos interesses populares. Notórios ajustadores, hoje vestidos de golpistas como Aécio Neves, tomaram a palavra para defender o emprego. Seguem o script da grande mídia que no dia de votação do impeachment na Câmara defendiam o mesmo em nome dos trabalhadores, para no dia seguinte defender duros ajustes, a “canetadas” para salvar os lucros e tirar o país de sua maior recessão desde os anos 1930 às custas dos trabalhadores.

Este discurso de seriedade e “em nome dos trabalhadores” é parte da operação em curso para “limpar o golpe” para tentar ganhar maior legitimidade popular, onde se insere também o afastamento de Cunha e Delcídio do Amaral para parecer que não é algo “seletivo” contra Dilma. Mas não nos enganemos.

Nosso ódio em relação ao Cunha e toda essa corja de políticos não poderá ser satisfeito pelas mãos da Lava Jato, de Sérgio Moro, do STF e destes parlamentares. A resistência em relação aos ataques não virá das mãos das direções da CUT, CTB e outras entidades que mostraram novamente que não estão dispostas a nenhum plano de luta sério, justamente porque são dirigidos pelos partidos que governaram alimentando essa direita que agora os golpeia. Será com a resistência aos ataques no governo golpista de Temer, e em cada governo nos estados e municípios que ajusta e ataca os trabalhadores. O exemplo para enfrentar os ajustes e o iminente governo golpista de Temer está nas ocupações de Escolas promovidos por estudantes secundaristas em São Paulo, no Rio, no Ceará e agora no Rio Grande do Sul. Está também na greve das universidades estaduais paulistas, nas ocupações de faculdade e reitoria que ocorrem na USP e Unicamp. O MRT é parte ativa destas lutas. Acreditamos que com a força da juventude pode se avançar a exigir que a CUT, CTB, UNE e sindicatos rompam com o imobilismo que impõem à classe trabalhadora e a juventude para dar uma resposta independente na crise

Esta resposta contra a direita reacionária que mostrou suas caras na Câmara, contra os mil e um políticos profissionais buscando cargos e privilégios no novo governo golpista. Contra um judiciário que rasga e interpreta a Constituição como quer para fortalecer os golpistas ou a si mesmos. Contra todo este regime podre de uma democracia da bala e do suborno defendemos que a mobilização independente contra o iminente governo golpista e ajustador de Temer impulsione a luta por uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana respondendo a todas questões de fundo do país, do combate à corrupção, aos privilégios dos políticos, os direitos dos negros, mulheres e setores LGBT e que a crise seja paga pelos empresários e não por nós trabalhadores.




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