×

Tutela militar | General, ex-ministro de Bolsonaro, será diretor-geral do TSE, aumentando tutela militar nas eleições

O general da reserva do Exército, Fernando Azevedo, assumirá em fevereiro do ano que vem o posto de novo diretor-geral do TSE. Um enorme gesto de conciliação do Judiciário com o bolsonarismo, após todas as tentativas de Bolsonaro de desacreditar as eleições, e o crescimento do poder de árbitro das Forças Armadas no regime brasileiro.

quarta-feira 15 de dezembro de 2021 | Edição do dia

O general da reserva do Exército Fernando Azevedo, que comandou o Ministério da Defesa de Bolsonaro até março deste ano, vai assumir em fevereiro do ano que vem o posto de novo diretor-geral do TSE, após ser convidado para a função. Ele já aceitou o convite, segundo informações da revista Veja.

O convite tem o evidente objetivo de acabar com os ataques de Bolsonaro ao processo eleitoral, colocando um aliado seu de primeira ordem numa função estratégica das eleições. O cargo é uma espécie de “gerente” da Corte Eleitoral, com a missão de cuidar de licitações e lidar com questões administrativas, além de ter sob o seu guarda-chuva a secretaria de tecnologia, responsável por desenvolver softwares utilizados pelo próprio tribunal.

Os permanentes ataques do presidente às eleições já produziram o efeito de aumentar o papel de árbitro das Forças Armadas em todo o processo. Antes do cargo para Azevedo, também havia sido criada uma Comissão de Transparência pelo TSE, na qual foi destinado um cargo a um militar. Os seus integrantes serão responsáveis por examinar o plano do TSE para ampliar a transparência do processo eleitoral e fiscalizar cada etapa da rotina de desenvolvimento dos sistemas eleitorais e de auditoria do processo eleitoral.

À época, como justificativa para nomeação de um militar, o presidente da Corte Eleitoral, Luís Roberto Barroso, fez questão de frisar que as Forças Armadas são parceiras históricas do tribunal, tanto na criação da urna eletrônica, como no auxílio logístico no dia das eleições.

O próprio Bolsonaro vem adotando o discurso de que a participação dos militares em todo o processo inviabiliza a ocorrência de fraudes. “Vamos participar da primeira fase lá no código-fonte até a sala secreta. Então não vai ter problema. O ideal é o voto no papel, impresso, mas agora fica quase impossível uma fraude. Partamos do princípio que não haverá cooptação de militar nessa questão”, declarou em conversa com apoiadores em novembro. Justamente, pelo contrário, basta conhecer a tradição de desprezo dos militares pela democracia no país para ficar preocupado pelos seus poderes crescentes nessa área.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias