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NOVOS ALVOS DO JUDICIÁRIO | Fundos de pensão de Correios e Petrobrás são suspeitos de desviar fundos através de compra de ações

PF e MPF deflagraram operação para apurar desvios na compra de ações de universidades privadas; Fundos de pensão das estatais podem ser próximo alvo da justiça seletiva do governo ilegítimo de Temer.

sábado 25 de junho de 2016 | Edição do dia

Foi deflagrada nessa sexta-feira pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal (MPF) a Operação Recomeço, que tem como alvos os fundos de pensão Petros e Postalis, responsáveis pela previdência dos funcionários da Petrobrás e dos Correios, respectivamente.

Os fundos são suspeitos de desviar recursos através do investimento realizado na empresa Galileo Educacional, que graças a isso pode assumir a falida Universidade Gama Filho e a UniverCidade, ambas na cidade do Rio de Janeiro.

Segundo a PF, o investimento foi feito em 2014, quando o grupo Galileo criou um fundo de investimentos para captar recursos que supostamente seriam utilizados na recuperação da Universidade Gama Filho, que encerrou atividades no mesmo ano de 2014. O grupo Galileo conseguiu captar pouco mais de R$ 100 milhões com a emissão de ações, das quais cerca de R$ 80 milhões foram adquiridos pelo Postalis e mais R$ 25 milhões pela Petros, quase a totalidade do dinheiro arrecadado pela Galileo.

Entretanto, o grupo Galileo decretou falência em maio sem nunca ter investido na recuperação da UGF, que permanece sem funcionar desde que perdeu sua certificação do MEC em 2014. Dos mais de R$ 100 milhões que os fundos investiram, R$90 milhões foram perdidos, em sua maioria desviadas para sócios e pessoas ligadas a Galileo e a UFG. Quem vai pagar a conta, como sempre, é o trabalhador dessas empresas, que não tem controle nenhum desses investimentos. Nessa mesma semana o Petros anunciou um rombo R$22,6 bilhões, dos quais R$16,1 bilhões vão ser divididos entre Petrobrás e os empregados da ativa e os aposentados.

Os negócios escusos dos fundos de pensão das estatais não são nenhuma novidade, já que Petros, Postalis e outros fundos de pensão como o Previ, do Banco do Brasil, e o Funcef, da Caixa Econômica Federal, cumpriram papel-chave no projeto petista implantando nos últimos 15 anos, financiando o surgimento de diversas empresas nacionais gigantes, as chamadas “global players” que o petismo utilizou como base da sua paródia de projeto nacional-desenvolvimetista.

Um exemplo dessa relação simbiótica e que ocupa as manchetes dos jornais hoje é a Oi, gigante da telecomunicação surgida dos escombros da estatal Telebrás, que possui mais de 20% de suas ações nas mãos da Petros e Funcef. Resta saber se a recuperação judicial decretada pela Oi afetará esses fundos da mesma forma que o Galileo afetou.

A novidade é o súbito interesse da PF e do MPF em desbaratar os esquemas de corrupção dos fundos de pensão. Assim como na Lava-Jato, existem razões para acreditar que por trás do discurso ético de combate a corrupção encontra-se apenas o mais rasteiro desejo de descarregar os custos da crise econômica nas costas dos trabalhadores, diminuindo seus direitos e sua condição de vida.

Um dos projetos do governo golpista de Temer que tramita no congresso em regime de urgência, em conjunto com a PLS 555, a famigerada lei das estatais, tem como objetivo proibir que hajam representantes dos trabalhadores no conselho de administração dos fundos de pensão, suprimindo até mesmo a burocrática representação existente hoje, dominada pelos burocratas sindicais do PT, PCdoB e outros partidos governistas e que já serviu para muitos desses enriquecerem de forma fabulosa.

Assim como na Lava-Jato, essa nova operação judiciária não tem como objetivo combater a corrupção, mas sim criar condições mais vantajosas para os empresários e capitalistas, que desejam um conselho administrativo totalmente regido pelas leis do mercado, sem qualquer interferência dos trabalhadores, ainda que a “interferência” petista só tenha auxiliado-os nos últimos 15 anos. Um verdadeiro combate a corrupção só poderá ser feito pelos trabalhadores, livres tanto das amarras da burocracia petista corrupta quanto dos ditames de um punhado de parasitas de toga que apenas buscam satisfazer os seus interesses e o de seus patrões capitalistas.




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