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CORONAVÍRUS | Frente ao coronavírus, nacionalizar as grandes farmacêuticas sob controle dos trabalhadores

A crise do coronavírus está mostrando como os capitalistas põem em perigo nossas vidas para seguir aumentando seus lucros. Isso se observa, também, em um dos grandes setores que negocia com nossa saúde: as farmacêuticas.

quarta-feira 18 de março de 2020 | Edição do dia

O surto da crise do coronavírus fez com que as ações das empresas farmacêuticas disparassem. Para ter uma ideia, a Novacyt multiplicou seu valor por 6 desde janeiro e a Aytu BioScience dobrou. Compondo 2,4% do PIB do Estado espanhol, esse setor recebe mais de 20% dos auxílios estatais de pesquisa para empresas privadas.

Enquanto a polícia patrulha as ruas, impondo restrições de movimento, milhões de trabalhadores continuam sendo forçados a pegar o transporte público e a trabalhar nas grandes empresas e indústrias, uma vez que os empregadores não querem perder um dia de produção, algo que permite contágio exponencial.

O Estado garante que os lucros capitalistas não sejam interrompidos, mesmo à custa da saúde de milhões de pessoas. Essa é também a razão pela qual uma das principais responsáveis, a indústria farmacêutica, esteja em grande parte fora das primeiras páginas da imprensa. Somente no Estado espanhol, ela obtém benefícios anuais de 15.000 milhões de euros, 80% dos quais estão concentrados em 10 empresas.

Globalmente, os números são muito mais altos, com a OMS sendo mais de 80% financiada por grandes empresas farmacêuticas. De acordo com um ranking das principais empresas do mundo em 2015, entre as 50 principais estão as 3 principais empresas farmacêuticas:

1 - A Pfizer Inc (EUA), possui um capital de mercado de 183 bilhões de euros.

2 - Merk (EUA), possui um capital de mercado de 147 bilhões de euros.

3 - Gilead Sciences (EUA), registra um capital de mercado de 139 bilhões de euros.

Essas empresas gigantescas são quase sempre sediadas em paraísos fiscais e produzem em países onde os custos de mão-de-obra são muito mais baixos. Eles extorquem e chantageiam governos que, por coerção ou pura corrupção, acabam cedendo, com as dolorosas consequências para milhões de seres humanos. Em muitos casos, eles financiam campanhas eleitorais, literalmente comprando os governantes, para obter leis criadas conforme os seus interesses.

Por outro lado, a pesquisa privada é projetada exclusivamente com base nos mercados de vendas e na maximização do lucro. Critérios como prevalência de doenças não são usados ​​simplesmente porque, em muitos Estados, nem governos nem indivíduos teriam dinheiro para comprar seus produtos.

Nesta situação de emergência devido ao coronavírus, a necessidade de nacionalizar empresas farmacêuticas sem remuneração e colocar todas as linhas de pesquisa médica sob o controle de profissionais e técnicos está mais presente do que nunca.

Na mesma linha, é urgente a expropriação dos estabelecimentos de saúde privados, sob gestão pública e controle de trabalhadores e especialistas e todas as instalações necessárias para receber os eventuais infectados que necessitem de hospitalização: confiscando todos os quartos ausentes (hotéis etc.) e fornecendo respiradores (através de produção de emergência, importação, etc.)

Todos os recursos devem ser implementados e o pessoal necessário deve ser contratado imediatamente, especialmente nas UTI e respiradores artificiais, como apontam os próprios profissionais. Para isso, todos os leitos fechados teriam que ser reabertos e novos adquiridos; a contratação de todos os diplomados, graduados e graduados em saúde desempregados; a ativação em tempo integral de todos aqueles que são contratados pelas horas que desejem; e o fornecimento de todos os meios necessários de diagnóstico, proteção e atenção. A médio prazo, é preciso aumentar os fundos dedicados ao sistema nacional de saúde para pelo menos 9% do PIB - a média da UE.

Como afirma o sociólogo Mike Davis, o acesso a medicamentos vitais, incluindo vacinas, antibióticos e antivirais, deve ser um direito humano, universalmente disponível sem nenhum custo. Se os mercados não puderem oferecer incentivos para produzir esses medicamentos a baixo custo, os governos e as organizações sem fins lucrativos deverão assumir a responsabilidade por sua fabricação e distribuição. A sobrevivência dos pobres deve sempre ser considerada uma prioridade mais alta que os ganhos da Big Pharma.

A crise de saúde causada pelo coronavírus, que levou ao colapso do sistema de saúde na Itália e ameaça fazê-lo em outros países do sul da Europa, destaca as conseqüências devastadoras das políticas neoliberais que são impostas há décadas, com cortes nos orçamentos em saúde ou educação e que tiveram um salto após a crise econômica capitalista aberta em 2008. Políticas que, no caso da saúde, beneficiaram os planos de saúde e demais hospitais e clínicas privadas, os grandes laboratórios e as empresas farmacêuticas, que continuam a tirar proveito de cada crise para fazer negócios.

Tradução para o Esquerda Diário: Caio Reis




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