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MABE | Frente à ameaça de repressão, trabalhadores desocupam Mabe Campinas

Nessa quinta feira, 14 de Abril, reunidos em assembléia, os trabalhadores da Mabe desocuparam a planta de Campinas. A planta havia sido ocupada contra o processo fraudulento de falência, pela manutenção de seus empregos e pagamento de seus direitos. Os trabalhadores permaneceram 60 dias ocupados. A decisão de desocupar foi tomada devido à ameaça da reintegração de posse com repressão policial.

terça-feira 19 de abril de 2016 | Edição do dia

A planta da Mabe de Hortolândia, que também havia sido ocupada, no dia 3 de abril, sofreu uma dura reintegração de posse, na qual foi utilizado um grande aparato da polícia militar. Durante a operação, foram utilizados helicópteros, viaturas, cães e um ônibus lotado de policiais. Os trabalhadores foram reprimidos com spray de pimenta e bomba de gás.

A planta de Campinas permaneceu ocupada e chegou a preparar planos defensivos para resistir à reintegração. Mas após 5 meses sem salário e décimo terceiro, em mobilização há mais de 100 dias, os trabalhadores avaliaram que não teriam forças para seguir a ocupação e resistir a uma repressão durante a reintegração de posse, que pelo exemplo da planta de Hortolândia poderia ser muito dura.

A empresa e a justiça não concederam absolutamente nenhuma garantia de emprego ou pagamento dos salários e direitos, exceto cinco salários mínimos previstos na lei em caso de falência. Nenhuma das reivindicações foram atendidas, mas o sindicato dos metalúrgicos de Campinas e região promete permanecer com o processo na justiça para que sejam atendidas.

A Mabe, que é uma multinacional da linha branca já recebeu muitos incentivos do governo brasileiro para produzir com baixos custos e aumentar seus lucros. Com o tempo, passaram a adotar mão de obra terceirizada e a precarizar as condições de trabalhos. Não é exagero dizer que muitos trabalhadores deixaram o sangue e até a vida na linha de produção. Um grande número de trabalhadores tiveram membros e pedaços do corpo amputados, outros sofrem de doenças crônicas adquiridas pelo esforço repetitivo. A empresa, após dezenas de anos lucrando fortunas, agora deixa cerca de duas mil famílias nas ruas sem salários e direitos. A falência é claramente insustentável, as plantas estão prontas para produzir sob a gestão de uma nova empresa que irá contratar novos trabalhadores por um salário muito menor e com menos direitos. Novas linhas de montagem já foram instaladas e estão prontas para rodar a pleno vapor.

A mídia local da rede Globo, EPTV, divulgou no dia da desocupação uma matéria expondo a triste situação dos trabalhadores abandonados, sem empregos e salários, enquanto a planta estava cheia de máquinas e matérias-primas prontas para produzir. Mas ao final da matéria se utilizam dessa comoção para pressionar o governo a oferecer mais estímulos e redução de impostos à burguesia industrial, para que sigam aumentando seus lucros frente à crise.

A ocupação da Mabe pelos trabalhadores contra as demissões e sua falência fraudulenta sem dúvidas chamou a atenção dos trabalhadores da região. Tornou-se um fato político que marcou a região de Campinas e do Estado de São Paulo devido às inúmeras demonstrações de apoio e solidariedade que recebeu, além de ter conseguido furar o cerco da mídia e chamar a atenção de todos os grandes meios de comunicação local.

Infelizmente, a iniciativa desses trabalhadores não se alastrou pelas outras fábricas que são base do sindicato dos metalúrgicos e acabou se desgastando com o tempo sem conquistar suas demandas. Mas se trata de uma primeira grande luta em meio a um cenário de desemprego e demissões massivas, com as quais a burguesia industrial brasileira pretende reconstituir seus lucros em detrimento dos trabalhadores. Para que não pague a conta dessa crise, resta à classe trabalhadora exigir de suas direções um forte plano de mobilização e greves para reivindicar a imediata proibição das demissões.




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