×

FARSA SINDICAL | Força Sindical anuncia nova greve só para negociar. Nossa luta é para derrubar as reformas e Temer

Ítalo GimenesMestre em Ciências Sociais e militante da Faísca na UFRN

quarta-feira 3 de maio de 2017 | Edição do dia

No dia 28A a classe trabalhadora entrou definitivamente em cena, suas direções que passaram anos sem organizar nada tiveram que se mexer. Entre um discurso reacionário da burguesia contra os sindicatos, e direções que por anos atuaram de forma burocrática, permitindo passar ataques como a própria privatização, e com uma estratégia que não leva a derrotar Temer e suas reformas, os trabalhadores mostraram sua força. Aqui queremos debater com a política da Força Sindical, e como os trabalhadores tem toda força para tomar a luta em suas próprias mãos e combater até o final toda tentativa reacionária do capitalismo em impor mais exploração e ataques, ao mesmo tempo sem permitir desvios.

A Força Sindical, antes mesmo do dia 28, já falava em “aliviar a luta” caso o governo Temer negociasse de tirar o fim do imposto sindical, incluso na reforma trabalhista. Mostrando que no seu discurso contrário a reforma há também interesses que não são de derrotar por completo os ajustes. A força, da qual seus principais dirigentes fazem parte do partido Solidariedade, foi apoiadora do golpe que aprofundou as reformas reacionárias no Brasil. A aparente contradição entre falar contra as reformas de Temer e seu “golpismo” anterior, se explica pelo atrelamento do sindicato ao Estado, que tem pelo imposto sindical uma dependência financeira, que ao mesmo tempo faz com que forme sindicatos de carreiristas e burocratas que querem defender seus privilégios a revelia do interesse dos trabalhadores. Essa é mais uma forma do Estado capitalista impedir a organização dos trabalhadores, atrelando essas direções aos seus interesses de exploração dos trabalhadores.

Contudo esse tipo de estrutura sindical esta se esbarrando em duas novidades: primeira, a pressão dos empresários e patrões nacionais e internacionais de buscar mais lucros no Brasil em crise, tentando responder a essa crise aprovando medidas que devem explorar mais os trabalhadores, acabar com direitos conquistados e também atacar a estrutura sindical. Jornais como Estadão repercutem debates sobre como o peso sindical no Brasil é grande em comparação a outros países sendo necessário enfraquecer, na medida em que acabam sendo um entrave para a aprovação completa dos ataques.

Em segundo lugar, desde o dia 15 de março, mas principalmente no dia 28 a classe trabalhadora mostrou sua força de paralisar a economia, e sua vontade de lutar, isso já tem sido uma pressão para os sindicatos se movimentarem, e deve seguir em maiores experiência com essas direções burocráticas. Antes mesmo do golpe institucional, o movimento operário brasileiro já havia realizado suas primeiras experiências com a burocracia sindical, como nos campos de obras de Jirau e Santo Antonio, também em rodoviários do Rio Grande do Sul, e na maior expressão anti burocrática pós 2013, que foram os Garis do Rio de Janeiro, que passaram por cima do sindicato pelego e conquistaram suas demandas com amplo apoio popular.

Assim, se dia 28 mostrou força para levar essa vontade de luta adiante, é necessário questionar essa direções. A Força sindical esta ameaçando uma nova greve, se apropriando da força demonstrada pelos trabalhadores na greve do dia 28, mas meramente como uma moeda de troca com Temer e os patrões pela manutenção do imposto sindical e alguma módica mudança nas reformas trabalhista e da previdência. Para nós, a força da greve geral é um ponto de apoio para preparar uma greve geral até a derrubada de todas as reformas e de Temer

O conjunto das reformas precisa ser derrubado, foi por isso que paramos o país no dia 28 e é para isso que devemos organizar as próximas ações.

A Força Sindical, central sindical apoiada desde sua fundação pela FIESP, popularmente reconhecida na figura do deputado golpista Paulinho da Força (do Solidariedade), desde antes da histórica greve geral do dia 28 vinha utilizando esse dia como uma ameaça para que Temer e seu governo “abrandasse” o projeto da Reforma Trabalhista, mas que para essa central significaria quase que exclusivamente a manutenção do imposto sindical.

Pressionado pela sua base de trabalhadores, essa central, assim como a CUT e a CTB, não puderam negar que a Greve Geral acontecesse, de forma que atuaram para que ela existisse de forma controlada e que servisse meramente como pressão parlamentar para atingir seus interesses particulares e que não dizem respeito às demandas dos trabalhadores.

A mídia e o governo tentam aproveitar esse tipo de declaração para desqualificar a greve geral do dia 28 como se esta estivesse motivada pelo imposto sindical, e não pelo profundo rechaço e adesão recorde dos trabalhadores para tentar se opor às reformas trabalhista, a terceirização irrestrita e sobretudo a reforma da previdência. A greve só ocorreu graças a pressão dos trabalhadores, do contrário nunca que centrais e sindicatos tais como a Força Sindical teriam algum dia se movimentado.

Como se na greve geral do dia 28 não tivesse sido provado para os próprios trabalhadores a sua força e capacidade impor uma grande derrota às reformas e a Temer, Paulinho da Força discursou na noite desse histórico chamando o Temer novamente para negociar uma Reforma Trabalhista “moderada”, provando que não importa a magnitude da luta dos trabalhadores, a Força Sindical estará lá para tentar desviar essa força, vendendo-a por alguma pequena ou insignificante concessão como alguma modificação dos ataques e principalmente a manutenção do imposto sindical.

No 1º de maio, Paulinho reafirma seu chamado a negociar sob a forma de uma ameaça de nova greve, se aproveitando do medo instaurado no governo pelos trabalhadores que pararam o país na última sexta-feira, para reduzir o combate às reformas. Pintam a manutenção desse imposto como uma defesa dos interesses dos trabalhadores e do sindicalismo.

A mídia, o governo e os empresários querem o fim do imposto sindical como parte de uma série de medidas para enfraquecer os sindicatos, condição necessária para que a reforma trabalhista tenha sucesso. O coração da reforma é permitir absurdos como jornadas semanais de até 48 horas desde que acordadas com os sindicatos, para isso é preciso desmantelar sua força, uma força que vem da classe trabalhadora e não de direções burocráticas e vendidas. Somos contrários a toda a reforma trabalhista, queremos sua completa derrubada e nos opomos ao confisco de um dia de salário dos trabalhadores sem o consentimento. A filiação e contribuição sindical devem ser voluntárias e livre de toda e qualquer ingerência do Estado.

O imposto sindical é parte constitutiva do modelo sindical brasileiro desde a sua implementação nos anos 30 por Getúlio Vargas, cujo objetivo central é fazer com que o Estado, e os governos possam ingerir sobre os sindicatos, instrumento primário de organização dos trabalhadores. Isso acontece pelo fato de que todo trabalhador, sindicalizado ou não, é obrigado contribuir com o sindicato que representa a sua categoria, de modo que a direção dos sindicatos pode se sustentar sem prestar contas à base.

O imposto sindical é responsável, inclusive, para a existência de uma "indústria de sindicatos" fantasmas e patronais que sugam o salário dos trabalhadores e atuam para mediar com os patrões a precarização e perda de direitos dos trabalhadores. Qualquer forma de ingerência por parte do governo e do Estado à organização dos trabalhadores, tal como é o imposto sindical, deve ser veementemente repudiada. Mas a reforma é também uma renovada intervenção do Estado e do governo à a organização dos trabalhadores como parte de um ataque em regra a todos direitos dos trabalhadores e sua organização.

Por isso, não podemos permitir que a Força Sindical venda todo potencial dos trabalhadores de derrotar a Reforma Trabalhista e a Reforma da Previdência em toda a sua letra por pequenas alterações e manutenção do imposto sindical que deturpa a organização dos trabalhadores mantendo figuras, como o próprio Paulinho da Força, muito bem pagas para frear a luta dos trabalhadores e defender o interesse dos patrões. Para isso é urgente que os trabalhadores se auto-organizem em cada local de trabalho, formando de comitês de mobilização que reúnam milhares de trabalhadores, e não só os dirigentes sindicais e representantes da esquerda, e coloque em suas mãos a continuidade da luta, coordenando as ações com outros comitês e para impor às centrais um Encontro Nacional de Delegados que prepare uma greve geral até a derrubada completa de todas as reformas e Temer!




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias