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SERGIO MORO | Folha de Sp faz as pazes com Sérgio Moro e entrevista chapa branca não menciona a Vaza Jato

A Folha de São Paulo entrevistou Sérgio Moro, dando novamente passe livre ao paladino da direita.

domingo 7 de junho de 2020 | Edição do dia

Os jornalistas evitaram evitaram temas polêmicos e “florearam” a entrevista com supostas críticas à estadia de Moro no Ministério da Justiça – críticas estas feitas do ponto de vista da classe média rica e conservadora de São Paulo que é o público assíduo do jornal. Sem mencionar que Moro quebrou todos os protocolos da própria justiça burguesa na Lava Jato, e que isso está tudo documentado inclusive em matérias publicadas na Folha há bem pouco tempo atrás, as “pseudocríticas” expressas em perguntas pela Folha testam a paciência do leitor mais bem informado... Assim é o jornalismo vendido comandado por Luiz Frias (dono do jornal), a entrevista pode ser lida aqui.

“A quem você é leal, Sérgio Moro. À extrema direita bolsonarista ou a nós, conglomerados da imprensa?” Esta pergunta caberia perfeitamente na entrevista da Folha e pouparia o leitor do trabalho de interpretar o viés editorial da Folha. Ao invés disso, perguntaram a Moro o que ele achava do negacionismo do presidente. Moro responde que sempre esteve do lado de Mandetta, mas que, além disso, igual ao “negacionismo do PT” frente às acusações da Lava Jato, mencionando a corrupção na Petrobrás. (Moro é personificação em carne e osso do meme “Mas e o PT, hein? E o Lula?”).

Em seguida a Folha lança a cartada, perguntando a Moro se ele faz parte dos 70%, citando os movimentos Basta, Somos70%, Estamos Juntos (note a falta de representatividade de movimentos liderados pela esquerda sem nenhum apoio empresarial). Moro aproveita para fazer a maior demagogia: “Sempre apoiei a democracia e o Estado de Direito. Minha saída do governo se insere nessa defesa.” (?!) “Democracia e Estado de Direito tem muito mais que 70%, quase 100%” disse o filósofo de Curitiba. Moro diz então que vê estes manifestos com naturalidade, em oposição ao que ele mesmo chama de “arroubos autoritários” de Bolsonaro.

O circo está montado com ajuda da Folha, e Sérgio Moro, quem lançou escutas telefônicas ilegais contra uma presidente eleita e atuou para que ela, Dilma Rousef, sofresse o impeachment... Escutas que depois foram parar na mídia (essa mesma Folha inclusive), sem contar o fato de ter prendido Lula sem provas para, daí então, virar nada mais nada menos eu Ministro com possível vaga (negada recentemente) no Supremo. Um grande defensor da democracia este Sérgio Moro, o mesmo que tirou da cabeça o papel de juiz e de investigador e de acusador, tudo junto e munido de medidas autoritárias como a delação premiada e outras.

Na metade da entrevista, perguntado sobre os atos contra Bolsonaro em defesa da democracia, Moro repete a tática usada pela imprensa em 2013, falando contra supostos vandalismos e violência nas manifestações – é claro que nada fala sobre a repressão policial pois sempre foi grande defensor desta, através do fortalecimento do autoritarismo judiciário que criminalizou manifestações e serviu de base para a repressão do direito democrático de manifestação.

O resto da entrevista chapa branca merece ser lida só por quem tem estômago para aturar a ladainha da Folha. Moro vai de escusas sobre a nomeação da superintendência da PF ao caso Tacla Duran, que acusa ter sido ameaçado pela Lava Janto em uma tentativa de lucrar com as delações premiadas. São mais de três páginas em que a Folha de SP, suposta aliada do Intercept a publicação do material da Vaza Jato, não faz nenhuma menção ao caso, não menciona Dalagnol, nada.

A Folha tem a cara deslavada de se apresentar como oposição a Bolsonaro hoje, mas ela mesma preferiu Bolsonaro ao PT, e agora tenta colocar seu conteúdo nos atos contra Bolsonaro que ocorrem em todo o país. Exatamente o mesmo jornal que estava lado a lado de Bolsonaro na aprovação da reforma da previdência, que estava lado a lado de Temer na aprovação da reforma trabalhista. Não merecem nenhum crédito, não falam em nome das manifestações e não falam em nome da democracia, pois atuaram contra os poucos direitos democráticos existentes nesta ditadura do capital mascarada Nova República.

Leia também: Como encarar a luta antirracista e antifascista no Brasil?




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