×

CORONAVÍRUS | Falta de testes podem distorcer número de favelas com casos de coronavírus no Rio

Já são 4 favelas que contam com casos confirmados do coronavírus no Rio de Janeiro, número pode estar distorcido pela ausência de testes para amplas camadas da população.

sábado 28 de março de 2020 | Edição do dia

Imagem: Pixabay / Reprodução

Vidigal, na Zona Sul, e Parada de Lucas, na Zona Norte, registraram os primeiros pacientes. Há casos em 62 bairros da cidade e já são 4 favelas que contam com casos confirmados do coronavírus. Abaixo a relação divulgada pelo O Globo:

Manguinhos - 2
Cidade de Deus 1
Vidigal - 1
Parada de Lucas - 1

Margareth Dalcolmo, pneumologista da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) da Fiocruz, alerta que “estão ocorrendo mortes por Covid-19 sem diagnóstico na rede pública” devido à falta de testagem na população, inclusive na parcela que está nos hospitais sob suspeita da doença, o que expressa que o número de infectados e de mortos pelo vírus pode ser muito maior do que os dados informam.

Segundo Dalcolmo, se o coronavírus cruzar com a tuberculose, o número de mortes pode aumentar exponencialmente, pois mudaria o perfil dessa doença. O povo pobre, em sua maioria, seria a vítima, já que a tuberculose tem alta incidência em lugares periféricos e sem saneamento básico, como a favela da Rocinha, por exemplo, em que há 372 casos para cada cem mil habitantes.

Leia Mais: Suspeitas de coronavírus são registradas como gripe na Cidade de Deus

Na Cidade de Deus, relatos de médicos que atuam na UPA relatam não haver testes à disposição dos pacientes com suspeita de contaminação pelo Covid-19 e são orientados a sub diagnosticar os mesmos com síndrome gripal. Os testes só são feitos em pacientes classificados com síndrome respiratória aguda grave, em caso de internação. Porém, avisar sobre esses casos não mudou a rotina, pelo contrário, pacientes em caso grave foram retirados do sistema.

Estamos falando aqui das áreas da cidade que já sofrem com a falta de saneamento, os territórios nas favelas no Rio são submetidos a condições precárias de vida e ausência do sistema de saneamento básico, como coleta de lixo ou tratamento para esgotos e rios a céu abertos. A falta recorrente de água escancara o descaso total desses governos que garantem repressão policial nas favelas, mas não garantem água para os trabalhadores lavarem suas mãos, a água é a medida de prevenção mínima estabelecida pelo governo para evitar a propagação do coronavírus.

Leia Mais: 8 medidas de urgência para combater o coronavírus nas favelas e periferias

Famílias inteiras vivem de um salário mínimo que não garante uma alimentação saudável na grande maioria dos casos. Portanto, grande parcela da população carioca não consegue respeitar a quarentena voluntária, sem que isso afete sua subsistência.

É necessário imediatamente o acesso massivo a testes nas favelas e comunidades, para todos aqueles que tenham sintomas, ou queiram fazer o teste, sabemos que hoje os profissionais da saúde estão sendo orientados a só fazer os testes nos casos já internados, isso nas unidades que tem acesso ao teste. Contudo, mais da 80% dos casos são assintomáticos, ou seja não apresentam sintomas, mas podem contaminar outras pessoas.

O governo afirma que não existem recursos para aplicar os testes massivamente, contudo, gastou R$ 4,8 milhões de reais recentemente com sua campanha negacionista e obscurantista “O Brasil Não Pode Parar", o que mostra, na verdade, que não se trata sobre a falta de recursos, mas sim sobre as prioridades que o governo Bolsonaro tem, e a vida das pessoas definitivamente não é uma delas. Para além disso, saiu uma pesquisa de entidades que diz que se o governo taxasse as grandes fortunas, a verba que se poderia arrecadar é de 272 bilhões, o que seria suficiente para fazer testes para todos, ampliar os leitos de UTI e investir em respiradores.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias