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ELEIÇÕES ARGENTINAS | FIT: histórico resultado em Mendoza

Uma primeira leitura da eleição da Frente de Esquerda e dos Trabalhadores em Mendoza, em base aos primeiros dados do Ministério Público que confirmam a boca de urna, e quando estão chegando os primeiros dados da contagem oficial.

segunda-feira 20 de abril de 2015 | Edição do dia

A Frente de Esquerda e dos Trabalhadores (FIT) está ratificando sua consolidação como terceira força política no estado de Mendoza. Segundo os resultados dos primeiros dados fornecidos tanto pela boca de urna, quanto pelo próprio Ministério Público, a FIT estaria obtendo mais de 7% dos votos a governador. Desta vez, participando na batalha com uma figura emergente, a jovem senadora estadual, Noelia Barbeito, e não com quem era até agora sua principal figura, o deputado federal Nicolás del Caño. Ambos são integrantes do Partido dos Trabalhadores Socialistas (PTS).

Estas eleições foram, além disso, de caráter executivo. Nesse marco o resultado é verdadeiramente histórico se se compara com os recentes comícios, tanto os legislativos de 2013 como os executivos de 2011.

Nas prévias para a legislativa nacional de 2013, a FIT encabeçada por Del Caño obteve 7,61% dos votos (quase a mesma quantidade que hoje estaria conquistando Barbeito) e pouco depois, em outubro, o atual deputado nacional obteve 14,01% dos sufrágios.

Mais impactantes são estes resultados se comparados com as últimas eleições executivas de 2011. A FIT obteve nos comícios de outubro daquele ano (sem as prévias), 1,64% dos votos.

Somente três das oito listas que competiram neste primeiro turno participarão das eleições gerais que se realizarão no próximo 21 de junho: Alfredo Cornejo (Frente Mudança Mendoza) que obteria entre 40 a 45% dos votos, Adolfo Bermejo que conseguiria entre 23 e 26% (o conjunto da FpV, partido de Cristina Kirchner, somava cerca de uns 40%) e Noelia Barbeito que obteria por volta de 7%.

Temos que lembrar que nas prévias para a prefeitura da capital de Mendoza, realizadas no último 22 de fevereiro, Nicolás del Caño obteve os 14% dos votos.
Com 1.349.718 votantes, Mendoza represnta o quinto distrito eleitoral da Argentina e é um dos dois bastiões consolidados da Frente de Esquerda e dos Trabalhadores. O outro é Salta, onde se realizaram eleições de primeiro turno no último domingo e o PO-FIT obteve resultados muito bons.

Tudo para crescer

Como sucede com as eleições à prefeitura da capital de Mendoza – que se realizarão em 3 de maio-, o resultado destas eleições estaduais abrem a possibilidade de que a FIT cresça qualitativamente para as gerais de junho. Se ocorrer o mesmo que em 2013, onde a FIT duplicou os votos entre as prévias e as gerais, poderia aumentar substancialmente a grande bancada de vereadores, deputados e senadores estaduais que já tem esta força em Mendoza.

Esta perspectiva é altamente provável. Em primeiro lugar, porque das oito listas que competiam, somente três superaram o piso e participarão da eleição pelo governo, uma delas é a FIT.

Em segundo lugar, porque como sucedeu nas municipais da capital, nas disputas da Frente para a Vitória (FpV) se impôs o candidato claramente identificado com o sciolismo (peronismo de direita, com Bermejo). Guillermo Carmona, postulado e apoiado pelo "kirchnerismo puro" e La Cámpora foi um dos derrotados nestas disputas internas ao peronismo. Matías Roby, ex ministro da saúde do estado de Mendoza, que tentou apresentar um discurso demagógico de rechaço à política tradicional, também perdeu na disputa da FpV.

É muito possível que muitos dos que apoiaram a Carmona com aspirações progressistas, e daqueles que em rechaço à "casta política" apoiaram Roby, nas eleições gerais de junho se inclinem pela FIT, ante o elenco que restou na competição: um peronismo de direita e um radicalismo apoiado por Macri e Massa (políticos patronais ligados à direita argentina).

Em terceiro lugar, porque a lista do cada vez menos esquerdista MST (Movimento Socialista dos Trabalhadores, argentino) volta a somar outro fracasso: ficou fora das prévias e deixou a FIT como a única lista de esquerda, apoiada em sua consistência e desenvolvimento político.

Estes resultados (somados aos de Salta) são um grande alento para as disputas que estão a caminho: em Neuquén e na Cidade de Buenos Aires, na semana que vem.
No "grande primeiro turno" que significam todas as eleições estaduais e municipais adiantadas, até agora a FIT vem consolidando seu espaço político em seus distritos fortes. Um respaldo qualitativo para as batalhas de agosto e outubro.




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