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JUVENTUDE MG | FAÍSCA: MG tem uma nova juventude revolucionária contra o golpe, os cortes e ajustes dos governos

No sábado passado (7) foi realizado o lançamento da Faísca – Anticapitalista e Revolucionária com a presença de estudantes da UFMG e da PUC, estudantes de cursinhos comunitários e trans, juventude trabalhadora e estudantes secundaristas. As mulheres, os negros e xs LGBT na linha de frente dessa juventude rosa choque. BH, Betim, Contagem e Ribeirão das Neves estiveram representadas.

Francisco MarquesProfessor da rede estadual de Minas Gerais

sexta-feira 13 de maio de 2016 | Edição do dia

Na mesa de abertura estiveram Iaci Maria, estudante de Pedagogia da UFMG; Clarissa Ramos, estudante de Educação Física da PUC; Artemis Lyrae, estudante em greve de Midialogia da UNICAMP; e Rodrigo Leon, estudante de Ciências Sociais da UFRJ e participante das ocupações das escolas secundaristas no RJ.

As angústias da juventude, a precarização da vida, sua luta pelo direito à diversidade sexual e contra o machismo e toda forma de opressão, a luta contra o racismo profundo do capitalismo brasileiro, a luta pela educação pública e de qualidade pra todos, o repúdio ao golpismo institucional... em uma só frase: a luta pelo futuro que o capitalismo, seus empresários e políticos querem tomar de nós. A juventude Faísca nasce em MG no calor da luta contra o golpe da direita e disposta a não deixar os reacionários avançarem nem um só passo, como nas mobilizações na UFMG que movimentaram centenas de estudantes nas últimas semanas.

Nasce apoiando a greve da educação em Contagem que enfrentou a repressão e o arrocho salarial do prefeito do PCdoB com a valentia de centenas de mulheres lutadoras à frente. Nasce com uma maioria de mulheres, protagonistas; com negros, gays, lésbicas, bissexuais e transexuais na linha de frente pra lutar cotidianamente, e com o objetivo de acabar com toda opressão que o sistema capitalista se apropria e aprofunda. Nasce com a juventude trabalhadora dizendo “basta de deixar nossas vidas nos telemarketings e no trabalho precário”, “basta de desemprego”.

Nasce se inspirando nos secundaristas de São Paulo que derrotaram Alckmin em 2015 e continuam em luta, nos secundaristas do Rio de Janeiro que fazem o mesmo. Já são mais de 120 escolas ocupadas em todo país e os convidados do RJ e de Campinas contaram de suas experiências junto a esses milhares de secundaristas que vêm se levantando para serem sujeitos políticos em defesa da educação e pela transformação da sociedade, assim como nas greves que estão à frente na educação do Rio e na Unicamp.

Foi desde junho de 2013 que a juventude do Brasil e de Minas Gerais acordou aos milhares: “podemos fazer política, ser sujeitos e mudar a realidade”. Mas nas últimas semanas a crise política colocou isso novamente à flor da pele, com a direita e seu impeachment na ofensiva. No dia 17 de abril vimos a cara mais reacionária, golpista, conservadora e inimiga da juventude, do nosso futuro e da nossa liberdade: Bolsonaro fez homenagem impune a um torturador da Ditadura e foram dezenas daqueles deputados votando sim “por Deus e pela família”, o que sabemos que atenta contra o Estado Laico e fortalece a ideologia machista e LGBTfóbica que naturaliza a opressão; além disso foram também várias homenagens à polícia, que assassina a juventude negra nas periferias e favelas. Vimos a pouca democracia que nos sobra pisoteada pelos 367 golpistas da Câmara, com as justificativas mais absurdas, citando das netas às avós, e agora pelos 55 golpistas do Senado que desprezaram o voto de 54 milhões de pessoas.

O nosso estado não fica de fora da barbárie, e foi palco do maior crime ambiental da história do país em Mariana, causada pela ganância e irresponsabilidade das mineradoras. Aqui é onde a classe operária sofre com baixos salários e com as demissões em massa. Enquanto o governador Fernando Pimentel (PT) foi recentemente indiciado por corrupção e com suspeita de propina de até 2 milhões de reais, a maioria da população, especialmente a maioria negra do estado, vive uma vida precária e de falta de direitos.

Para a Faísca o exemplo de combatividade dos secundaristas deve ser tomado, assim como sua forma de organização pela base (com métodos históricos de luta como as ocupações de escolas), pra radicalizar as lutas e fazer frente aos ataques que Temer quer implementar. É preciso unificar com as lutas de trabalhadores e exigir junto deles que a CUT, a CTB e a UNE convoquem uma greve geral pela base. Ao mesmo tempo denunciando que estas direções deixaram o golpe passar confiando em showmícios e nas negociatas com a direita por medo de que a mobilização de milhões contra o golpe questionasse os interesses de dirigentes sindicais e estudantis que no fundo se preocupam mais com seus cargos e privilégios do que com o futuro da juventude e da classe trabalhadora. Além do medo de que esta luta atrapalhasse os planos de ajuste fiscal dos governadores e prefeitos do PT e PCdoB, como Pimentel em todo o Estado e como Carlin em Contagem.

Não podemos deixar que a bandeira da luta contra o golpe fique nas mãos das direções governistas tradicionais ou do Levante Popular da Juventude, como uma parte da esquerda infelizmente faz. Diferente da juventude do PSTU, do Vamos à Luta-PSOL e do Juntos-PSOL, que não lutam contra o golpe e fazem coro com o golpismo da direita, a Faísca se pretende ser a primeira linha na luta contra o golpe sem nunca apoiar os governos petistas, porque lutamos contra todos os cortes e ataques a direitos vindos de quaisquer governos.

A história também nos pertence! Vamos recuperar as lições deixadas por tantas pessoas, mulheres, negras e negros, LGBT e toda a classe trabalhadora, que fizeram história com suas lutas. Por isso iremos fazer um grupo de estudos desde esta perspectiva anticapitalista e revolucionária, para nos formarmos teoricamente, tirarmos lições do passado para entender o presente e construir nosso futuro.

Votamos participar nas mobilizações que forem chamadas contra o golpe da direita, assim como fazer intervenções políticas e artísticas em nossos locais de estudo. Como primeiro fruto deste lançamento, a Faísca esteve presente no dia 10 de maio no ato político organizado pela Frente Brasil Popular contra o golpe, na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte. Veja o que diziam nossas projeções e qual é nossa opinião sobre o que foi o ato abaixo:

Ao final do lançamento, também foi feito um vídeo de apoio à todas lutas pela educação em curso:

Essa juventude acaba de nascer, mas já nasce fazendo história! Somos a juventude que vê que se nossas angústias não são individuais, são angustias criadas pelo capitalismo que castra nossas vontades e direitos, nossa luta também não pode ser individual, deve ser organizada coletivamente. Somos jovens que sabem que para lutar pelo que é nosso por direito, não há limites, nem mesmo geográficos. Lutaremos ao lado de cada jovem que se levanta no Brasil, mas também da França, no Chile, na Argentina, pois as barreiras geográficas construídas artificialmente não podem nos separar dos jovens que se levantam em todo o mundo.

Chamamos todos a conhecer, participar e se juntar à luta organizada, a única forma de construir hoje um mundo diferente e completamente livre de todo mal e opressão!




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