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TRABALHO ESCRAVO | Executiva da Avon mantém empregada doméstica idosa em situação análoga à escravidão em SP

Em condições desumanas, idosa que foi contratada como empregada doméstica e não recebia salário desde 2011, não tinha direito a férias e nem à 13º. Trancada em um depósito de móveis nos fundos do terreno, a idosa vivia dormindo em um sofá velho e não tinha nem mesmo acesso a banheiro, pois a casa principal estava trancada e a patroa havia se mudado. Idosa só soube que Mariah Corazza Üstündag havia se mudado após ser resgatada, quando foi informada por vizinhos.

sexta-feira 26 de junho de 2020 | Edição do dia

Uma idosa de 61 anos foi resgatada em condições análogas à escravidão em um residência em Alto Pinheiros, zona oeste de são paulo, após denúncias de vizinhos. A idosa foi encontrada em um situação deplorável, sob cárcere, vivendo em um cômodo utilizado de depósito de cadeiras e móveis nos fundos do terreno, dormindo em um sofá velho, sem acesso nem mesmo à um banheiro, pois a casa principal estava trancada e a dona havia se mudado. A idosa, que foi contratada em 1998 como empregada doméstica, não tinha direitos trabalhistas como férias e 13º e não recebia salário desde o ano de 2011. Se recusando a sair sem receber seus salários atrasados, a empregada foi trancafiada e abandonada na residência, que já tinha até anúncios de venda, sem mesmo saber que a dona havia se mudado, sendo avisada somente por vizinhos após seu resgate. A patroa, Mariah, mudou-se de madrugada, dias antes do resgate. Para que se tivesse acesso à empregada, a porta precisou ser arrombada pela polícia.

A executiva Mariah Corazza Üstündag, de 29 anos, é gerente global do setor de fragrâncias da marca Avon, e filha da conhecida cosmetóloga consultora, Sônia Corazza. Após cometer tal crime contra a vida da trabalhadora que escravizou, foi presa no dia 18, mas liberada logo em seguida após pagar fiança. Quase um deboche com a vida das trabalhadoras, hoje, a patroa está liberada após pagar um pífio valor de R$ 2100,00.

O caso demonstra mais uma vez como a elite trata os trabalhadores como lixo e saem praticamente impunes por isso, jogando a vida de seres humanos na mais profunda miséria e até mesmo em situações de escravidão sem o menor pudor. Demonstra, também a desfaçatez e o mal caratismo das altas cúpulas das empresas que se apoiam em causas como o empoderamento feminino, como é o caso da Avon, mas uma de seus principais quadros simplesmente encarcera e abandona uma mulher idosa em condições sub-humanas. Mais uma vez, a máscara progressista das grandes empresas capitalistas cai por terra e mostra que as campanhas voltadas às demandas das minorias, na verdade, são propagandas marketeiras com finalidade exclusiva de vender produtos e manter seus lucros em cima de trabalhadores precarizados, em especial, da Avon que se utiliza de trabalhadoras informais, em sua maioria mulheres, sem quaisquer direitos trabalhistas e nem mesmo um salário fixo. Além disso, ainda fica claro que seus altos quadros na verdade não estão nem aí para a emancipação das mulheres, em especial das mulheres pobres, precarizadas e trabalhadoras nem mesmo em suas relações “trabalhistas” fora da empresa, tratando seus empregados como lixo.

Que as mulheres, em especial negras, pobres e periféricas, mas em um geral, as minorias, não se enganem com o falso acolhimento das empresas capitalistas, pois estes não seguem nenhuma ética social ou sentem na pele as necessidades de nossas demandas. Representantes do próprio capital que precariza, esmaga e ceifa a vida de milhões de trabalhadores no mundo todo, o empresariado trata a nossa revolta como estratégia de propaganda e distorce seus fatores sociais para que isso se traduz em consumo, mais lucro e mais precarização dos trabalhadores.




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